Mon
Depois de beber um copo de água e se recuperar de tudo que ouviu, Mon se despede do senhor David e vai para casa. Sua cabeça meio que flutuava relembrando tudo que ouviu.
- Por isso os arrepios quando ela me tocava, por isso as palpitações quando nada tinha acontecido ainda, por isso a conexão, por isso... tudo entre nós é tão forte. Ah, Sam, meu amor.
Enquanto Mon se afasta, o senhor David pensa: "Quem dera se eu pudesse te contar tudo querida, quem me dera."
Mon chega em casa e antes de falar com sua mãe, vai ver a senhorita Ka contando tudo que ouviu. Precisa falar sem que perguntassem nada, pois ela não teria respostas. Depois desceu e chamou a mãe para conversar.
- Mãe, fui falar com o senhor David. Ele me explicou, quer dizer, me disse o que foi permitido dizer.
- Ah, me conte. Eu fiquei pensando nisso o tempo todo - diz a senhora Dang.
- Mãe, eu e Sam somos almas gêmeas. Já vivemos outras vidas terrenas e viveremos outras ainda, juntas - disse Mon contando toda a conversa que teve com o senhor David.
- Ah filha, isso é tão lindo! Eu suspeitava pela forma com que tudo aconteceu e pela forma com que vocês se olham, se dedicam uma à outra. Vocês se reencontraram!
- Agora algumas coisas se encaixam, minha profissão, a dela. Mas confesso que saber que eu fui capaz de chicotear, agredir... - diz Mon.
- Filha, isso foi outra vida, esqueça isso. Leia os livros que o David te recomendou e não comente com a Sam. Ela não vai saber lidar com isso - diz a senhora Dang.
- Sim, eu vou ler. Bem, vou tomar uma ducha e depois trabalhar um pouco. Nessa vida ainda tenho muito a fazer - sorri Mon.
Tee
Desde que falou com Yuki e marcaram o almoço, Tee sentia algo que a muitos anos não sentia, na verdade, nunca sentiu: esperança. Se pegava imaginando como seria sua vida com o corpo certo, podendo mudar seu nome, seus documentos e ser tratada pelo pronome que lhe pertencia. Foi até a cozinha e disse:
- Para esse almoço, nenhuma fritura. Quero ensopado, salada, menos fritura. Certo?
- Sim, doutora Tee, pode ficar tranquila.
Tee subiu e foi tomar um banho, trocar de roupa para receber seus convidados. Era tão estranho isso. Receber alguém na sua casa e mais estranho ainda é que ela não estava pagando por isso.
Um pouco depois do meio-dia Yuki chega com um rapaz.
- Tee, faz favor de manter aquelas coisinhas longe dos meus dedos, tô traumatizada - diz Yuki olhando para V e B.
- Fica tranquila, eu tenho controle sobre todos os quatro. Só deixei eles irem até você naquele dia porque não te conhecia e bem... Mas relaxe - diz Tee.
- Ok. Tee esse é o Raja. Raja essa é a doutora Tee.
- Muito prazer Tee - diz Raja e Tee não pode deixar de notar o tom de voz grave do rapaz.
- Vamos entrar, o almoço será servido daqui a pouco. Bebem alguma coisa? - pergunta Tee.
- Cerveja - dizem Yuki e Raja ao mesmo tempo sorrindo.
- Certo, vou buscar.
- Tee, sua casa é linda. Você mesma decorou? - pergunta Yuki.
- Sim, gosto de fazer as minhas coisas sozinha, costume.
Tee volta com um carrinho de bebidas e um balde com várias garrafinhas de cerveja.
- Então Tee, Raja é trans e fez a cirurgia. Tem quanto tempo Raja?
VOCÊ ESTÁ LENDO
O vôo das borboletas
FanfictionKhun Sam Anuntrakul, 27, anos fez toda sua residência em neurologia no Hospital Phyathai 2 e dedica seu tempo à profissão e mais nada. Apenas raras saídas com amigos, alguns flertes e relações relâmpagos para aliviar a tensão do dia a dia, mas nada...