Capítulo 41 - O preço de ser

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Mon

Depois de beber um copo de água e se recuperar de tudo que ouviu, Mon se despede do senhor David e vai para casa. Sua cabeça meio que flutuava relembrando tudo que ouviu.

- Por isso os arrepios quando ela me tocava, por isso as palpitações quando nada tinha acontecido ainda, por isso a conexão, por isso... tudo entre nós é tão forte. Ah, Sam, meu amor.

Enquanto Mon se afasta, o senhor David pensa: "Quem dera se eu pudesse te contar tudo querida, quem me dera."

Mon chega em casa e antes de falar com sua mãe, vai ver a senhorita Ka contando tudo que ouviu. Precisa falar sem que perguntassem nada, pois ela não teria respostas. Depois desceu e chamou a mãe para conversar.

- Mãe, fui falar com o senhor David. Ele me explicou, quer dizer, me disse o que foi permitido dizer.

- Ah, me conte. Eu fiquei pensando nisso o tempo todo - diz a senhora Dang.

- Mãe, eu e Sam somos almas gêmeas. Já vivemos outras vidas terrenas e viveremos outras ainda, juntas - disse Mon contando toda a conversa que teve com o senhor David.

- Ah filha, isso é tão lindo! Eu suspeitava pela forma com que tudo aconteceu e pela forma com que vocês se olham, se dedicam uma à outra. Vocês se reencontraram!

- Agora algumas coisas se encaixam, minha profissão, a dela. Mas confesso que saber que eu fui capaz de chicotear, agredir... - diz Mon.

- Filha, isso foi outra vida, esqueça isso. Leia os livros que o David te recomendou e não comente com a Sam. Ela não vai saber lidar com isso - diz a senhora Dang.

- Sim, eu vou ler. Bem, vou tomar uma ducha e depois trabalhar um pouco. Nessa vida ainda tenho muito a fazer - sorri Mon.

Tee

Desde que falou com Yuki e marcaram o almoço, Tee sentia algo que a muitos anos não sentia, na verdade, nunca sentiu: esperança. Se pegava imaginando como seria sua vida com o corpo certo, podendo mudar seu nome, seus documentos e ser tratada pelo pronome que lhe pertencia. Foi até a cozinha e disse:

- Para esse almoço, nenhuma fritura. Quero ensopado, salada, menos fritura. Certo?

- Sim, doutora Tee, pode ficar tranquila.

Tee subiu e foi tomar um banho, trocar de roupa para receber seus convidados. Era tão estranho isso. Receber alguém na sua casa e mais estranho ainda é que ela não estava pagando por isso.

Um pouco depois do meio-dia Yuki chega com um rapaz.

- Tee, faz favor de manter aquelas coisinhas longe dos meus dedos, tô traumatizada - diz Yuki olhando para V e B.

- Fica tranquila, eu tenho controle sobre todos os quatro. Só deixei eles irem até você naquele dia porque não te conhecia e bem... Mas relaxe - diz Tee.

- Ok. Tee esse é o Raja. Raja essa é a doutora Tee.

- Muito prazer Tee - diz Raja e Tee não pode deixar de notar o tom de voz grave do rapaz.

- Vamos entrar, o almoço será servido daqui a pouco. Bebem alguma coisa? - pergunta Tee.

- Cerveja - dizem Yuki e Raja ao mesmo tempo sorrindo.

- Certo, vou buscar.

- Tee, sua casa é linda. Você mesma decorou? - pergunta Yuki.

- Sim, gosto de fazer as minhas coisas sozinha, costume.

Tee volta com um carrinho de bebidas e um balde com várias garrafinhas de cerveja.

- Então Tee, Raja é trans e fez a cirurgia. Tem quanto tempo Raja?

O vôo das borboletasOnde histórias criam vida. Descubra agora