Capítulo 38 - Dores necessárias

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Sam

Sam continuava cada dia mais a sobressair no laboratório. Ela era atenta, extremamente inteligente e observadora. Memorizava tudo facilmente e acima de tudo, estava adorando estar num lugar onde ela não somente tratava de pessoas já adoecidas, mas estudava possibilidades de amenizar o sofrimento das pessoas com doenças incuráveis. A única coisa ruim é que o tempo com Mon diminuiu e só se viam a noite das folgas de Sam, pois Mon também tinha muito trabalho no escritório.

- Sam, a mãe da Mon é uma figura né? Tão simpática. Todos nos sentimos a vontade - diz Yuki.

- Sim, eu também achei e olha que eu sou todo retraído, mas me senti muito bem lá - diz Heng.

- Heng, o motivo de você se sentir bem não tem nada a ver com a mãe da Mon, deixa de ser cínico. Todo mundo percebeu você o e Nop flertando a noite toda - diz Sam.

- É verdade e amigo, ele parece um cara muito legal. Só por ser amigo da Mon, da senhora Dang ter acolhido ele em casa e trabalhar bem como Mon comenta, já são ótimas referências - diz Yuki.

- Ah, bem... Sim trocamos telefone e ficamos de nos ver ainda essa semana, ir ao cinema, jantar. Confesso que ele mexeu comigo e isso não acontecia a tempos. Ele é educado, inteligente, carinhoso e cuidadoso - diz Heng corando um pouco.

- Amigo, esquece tudo de ruim que você já passou na vida e viva isso. Não perde a oportunidade. Não foge, tenta. Só assim você vai saber - diz Yuki.

- Tá, você tá certa. Não vou viver no passado. Quero saber se tudo de bom que senti perto dele vai durar ou foi só coisa de momento.

- Isso meu amigo. Você sabe que eu e Yuki sempre estaremos ao seu lado, pro que der e vier - diz Sam.

- Vocês dois estão com mais sorte que eu. Meu casal de namorados vão se casar e quando tem casamento eu tô fora. Mas já marquei com o Raja para sairmos na minha folga - diz Yuki.

- Carne nova amiga, quem é? - pergunta Sam.

- Bem, ele nasceu Malinee, mas fez a cirurgia de redesignação e hoje é o Raja, um homem lindo - explica Yuki.

- Ah, trans. Perfeito amiga, queremos conhecer hein? - diz Heng.

- Vamos marcar um dia e saímos todos para beber algo, com a Mon, claro - diz Yuki rindo.

- Óbvio. Sem possibilidade de não aproveitar cada segundo que temos chance de ficar juntas. Eu agora no laboratório estou com menos tempo e ela está trabalhando muito, mas damos um jeito - diz Sam.

De repente os paramédicos chegaram com duas macas. A correria de sempre e os médicos logo se aproximam para saber dos detalhes. Um dos paramédicos diz:

- Mulher, 35 anos, tiro na cabeça, perdeu muita massa encefálica. Não sei se poderão fazer muita coisa por ela. Na outra maca, uma menina de 7 anos, tiro na perna, perdeu muito sangue, inconsciente.

- Vamos, Heng leve a criança para a cirurgia agora, eu cuido da mulher, rápido! - diz o chefe chamando o neurocirurgião para segui-lo.

- Meu Deus, essa mulher não vai sobreviver... - diz Yuki.

Entra correndo um homem alucinado com a roupa coberta de sangue querendo notícias da mulher e da menina. Sam vai até ele.

- Meu senhor, sente e se acalme. As duas estão em cirurgia agora. O senhor é parente?

- Sou doutora, ela é minha irmã e a menina minha sobrinha. Ah, meu Deus, meu Deus... - diz o homem em prantos segurando a cabeça com as mãos.

A polícia chega e Sam escuta o interrogatório. O autor dos disparos foi o ex-marido da mulher. Ele não aceitava a separação e invadiu a casa, ameaçando atirar na própria filha caso não houvesse reconciliação. A mãe, agarrou a filha no colo a protegendo com seu próprio corpo, sendo assim atingida na cabeça e o segundo tiro pegou na perna da menina. O homem fugiu, mas os vizinhos chamaram a ambulância e o irmão da vítima que chegou em minutos. Segurou a irmã e a sobrinha no colo sem saber o que fazer até chegar o socorro.

O vôo das borboletasOnde histórias criam vida. Descubra agora