Ainda sob o impacto da reação de Tee, todos saíram da sala. Do lado de fora, Nop, Sam e senhora Dang aguardavam ansiosos.
- E aí, como foi Mon? pergunta Nop.
- Fala filha!
- Ganhamos tudo, as senhoras agora poderão ter um futuro decente.
- É verdade. Posso até montar uma lojinha de doces, quem sabe? - diz senhora Intarika.
- E eu e Ratana podemos fazer roupas pro nosso povo, sabe? diz senhora Kanthimae.
- Isso vai ser ótimo, nada melhor do que trabalhar por conta própria. Dá trabalho, mas vale muito a pena, acreditem - diz Mon. Sam não fala nada, mas observa que nem Mon e nem as senhoras tinham no rosto a felicidade de quem acabava de ganhar um processo contra uma grande e famosa empresa.
Chegando do lado de fora muitos repórteres, microfones, gravadores e uma infinidade de flashs. Mon esqueceu completamente da proporção que tudo aquilo tomou. Todos falando ao mesmo tempo, uma confusão sem fim. Nop toma a frente, aumenta o tom de voz e diz:
- Calma gente. A doutora Kornkamon vai dar um breve pronunciamento, então todos calmos por favor.
- Obrigada amigo - diz Mon baixinho para Nop. Ela não estava acostumada com tudo aquilo.
Os repórteres começam a falar ao mesmo tempo de novo e Mon levanta a mão pedindo calma e diz:
- Foi um julgamento complexo, mas no fim prevaleceu a justiça como deve ser. As senhoras serão ressarcidas com juros a tudo que elas tem direito. Eu não vou dar entrevista para cada um de vocês, mas vou deixar minhas impressões sobre o caso.
Todo esse processo é mais profundo e enraizado do que uma simples luta de direitos trabalhistas. O maior culpado de tudo isso é o preconceito. Foi ele quem criou pessoas como os pais de Tee, fazendo ela crescer achando que ela era um erro. Achando que precisava se esconder. "Cada um é exatamente como Deus criou, não somos nós que temos o poder de julgar e AMAR nunca será um crime, independente de gênero". Obrigada.
- Você foi ótima amiga, direta e reta, um arraso - diz Nop.
- É mesmo amor, achei sua fala muito assertiva e sem dar chance de ficarem te perturbando, você ditou o tom - diz Sam ainda observando Mon.
- Muito orgulhosa de você filha, realmente ganhar um processo contra uma empresa poderosa como a da doutora Tee é um grande feito.
- É, pode ser. Mas por que será que não me sinto bem com isso? Não sinto orgulho do que fiz - diz Mon.
- Como não amiga? Você não fez nada além do que justiça pelas senhoras - diz Nop.
- Não, eu me vinguei da Tee. Já entrei lá com raiva no coração. Vocês não tem ideia do que as minhas perguntas e a minha postura fez com ela, ela ficou destruída - Mon contou o que houve dentro da sala e do estado lastimável que Tee foi retirada de lá depois de ficar seminua mostrando os seios que tentou esconder a vida inteira.
- Mas amiga, você nem ninguém tinha como prever isso, ainda mais do jeito que ela tratava as pessoas.
- Pode até ser Nop, mas eu estava com raiva e deixei isso tomar conta de mim. Eu poderia ter ganho o processo sem precisar deixá-la no estado que ela ficou - diz Mon pensativa.
- Mãe, lembra quando na época da Charlotte, quando papai tentou me bater e você me disse que ele queria bater no passado? Pode ser que a Tee seja fruto de tudo que ela passou e toda a arrogância, prepotência e maldade, teria sido a forma dela "bater no passado dela" - diz Mon.
- Hum, entendi - fala senhora Dang.
- Sam, você vai voltar para o hospital hoje? - pergunta Mon.
- Não, só amanhã de manhã, por que?
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O vôo das borboletas
FanfictionKhun Sam Anuntrakul, 27, anos fez toda sua residência em neurologia no Hospital Phyathai 2 e dedica seu tempo à profissão e mais nada. Apenas raras saídas com amigos, alguns flertes e relações relâmpagos para aliviar a tensão do dia a dia, mas nada...