Capítulo 48 - É preciso calma para saborear

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Pela primeira vez Tee e Yuki conversam abertamente sem Yuki se esconder atrás do seu humor ácido e Tee atrás de sua agressividade. Agora de fato começam a se conhecer.

- Eu perdi meus pais já a algum tempo. Tenho tios e primos, mas não moram aqui na cidade e com a faculdade e depois a residência, acabei ficando por aqui mesmo. Sam e Heng são minha família - diz Yuki acariciando levemente a mão de Tee.

- Bem, você conhece minha história e não preciso repetir o quanto sofri, mas acho que meu erro foi destilar o ódio que sentia em pessoas que nada tinham a ver com o que passei. Passou a ser quase um vício ser arrogante e não vou mentir, o poder destrói uma pessoa. O poder que o dinheiro me deu só piorou tudo porque o que eu não conseguisse com arrogância, comprava. Pessoas principalmente.

- Sim, o Raja teve sorte de ser acolhido, então não sentia tanta raiva e sim muita tristeza - disse Yuki que sentiu a mão de Tee tensionar levemente.

- Me desculpe, mas eu... enfim, eu... entenda, eu gostei do Raja, mas você ele. Isso me incomoda - diz Tee.

- Isso se chama ciúme e garanto que não precisa se preocupar com isso. Sabe Tee, eu sempre tinha com quem sair. Raja, o casal de noivos, outros ficantes. Mas depois que te conheci recusei todos os convites, não tinha interesse. O meu interesse era te ver, saber como você estava, demorei a perceber isso - diz Yuki.

- Yuki, eu quero estar com você, mas eu não sei se sei namorar, essa é a verdade. Nunca tive alguém para beijar, ir para cama sem que eu pagasse. Isso me dava mais raiva ainda e no sexo ficava mais agressiva, violenta, ofendia as pessoas porque elas não me queriam - disse Tee se controlando para não perder a calma com as lembranças.

- Tee, olha pra mim, calma.Você não vai me machucar.

- E como você pode ter certeza? Hein? E se eu ficar fora de controle e fizer tudo de novo?

- Eu sei porque você está segurando a minha mão e não fugiu até agora e também por isso - Yuki se aproximou e beijou os lábios de Tee com carinho, sem pressa. Acariciou seus cabelos e sentou em seu colo.

- Ah, como você beija bem - diz Yuki suspirando.

Tee a puxou e recomeçou o beijo, porém com ferocidade, brutalidade e rispidez. Yuki se levantou e disse:

- Não assim. Me leve até o seu quarto que vou te mostrar. Vamos levar os sorvetes também - disse com um sorriso.

Apesar de quase ter perdido o controle de novo e estar excitada ao extremo, Tee foi na cozinha, pegou a bolsa térmica com os sorvetes e chamou Yuki para subir.

- Desculpe, eu falei que ia acontecer, me desculpe Yuki - disse Tee.

- Está tudo bem, nós vamos fazer isso juntas. Mas preciso de sinceridade e entrega. Eu te darei o mesmo. Não precisamos ter pudor aqui, somos só nós nesse quarto e o que fazemos aqui é problema nosso, ok? - diz Yuki.

- Tudo bem, mas eu estou nervosa e excitada, isso é confuso! - diz Tee.

- Vamos lá, primeiro confie em mim. Tire sua roupa. Pode ficar de cueca e com as faixas. Eu vou ficar com a minha roupa íntima também. Vamos nos mostrar, certo? - Yuki tirou os brincos e o vestido. Tee estava hipnotizada.

- Minha nossa, que corpo lindo - disse Tee dando um passo em direção a Yuki que na mesma hora falou:

- Não, temos um acordo, sua vez. Se mostre para mim Tee. Não tem nada que eu veja em você que vá fazer eu não te desejar.

Tee, mesmo receosa e um pouco envergonhada, tirou a roupa, mas não conseguia olhar para Yuki.

- Tudo bem, agora vamos sentar na cama, só sentar, sem tocar - falou Yuki pegando a bolsinha com os sorvetes.

O vôo das borboletasOnde histórias criam vida. Descubra agora