Capítulo 63 - Cega pelo luto

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Pov Kath

Eu jamais pensei em conhecer tanta gente legal ao mesmo tempo e tão rápido! Ainda não sei como a senhora Dang tem tantos filhos porque hoje conheci a Yuki, o Heng e o Tee. Mas pera... Tee não pode ser marido da Yuki se são irmãos! Deus, que confusão! A senhora Dang é uma fofa. me trata com tanto cuidado e carinho. Confesso que me surpreendi que ela tenha oferecido o quarto da filha que faleceu, pensei que ela pudesse ter apego às coisas da filha, mas ela até ficou feliz.

Preciso ir na faculdade semana que vem para iniciar as aulas, não posso perder mais tempo e procurar um emprego que não atrapalhe meus estudos. Bem, vou curtir a festa, amanhã penso nisso.

- Kath meu amor, você pode trazer o microfone do karaokê? Esqueci em cima da mesinha da sala. Hoje vamos todos cantar e deixar os vizinhos loucos!

- Pode deixar, eu pego.

Assim que cheguei na sala, a campainha tocou e fui ver quem era. Abri a porta e vi uma mulher de cabelos negros, roupa preta e estava de perfil. De repente a mulher vira e eu vi os mais lindos olhos castanhos de toda minha vida. Eram intensos, levemente puxados com um tom amendoado, da cor das flores de outono quando já caídas, contrastam com a grama verde. Prendi o ar e só conseguia ver a eles, aqueles olhos...

Pov Sam

Escolhi uma calça preta e um blusão da mesma cor. Tênis, hidratante nas mãos, uma escovada rápida nos cabelos e estava pronta com minha animação na sola do pé. Será que eles nunca iriam desistir de se meter na minha vida? Inferno! Tudo o que eu quero é NADA, não quero nada. Não quero ver as pessoas, elas me irritam. Não quero falar ao telefone, não quero festinha. Só quero chegar do trabalho e ficar com meu cachorro. Nosso filho... abri a gaveta da cômoda e peguei uma foto dela. Não tinha porta retrato nenhum pela casa, eu não suportaria, mas guardei em gavetas de vários cômodos da casa algumas delas. Eu nunca mais disse seu nome, exceto quando estava bêbada e conversava com Dog, fora isso eu não conseguia.

Eu tentei beber veneno e me matar. Nunca contei a ninguém e nem contaria. Eu lembro da dor dilacerando meu corpo inteiro por ter perdido o amor da minha vida, mas fui covarde e não consegui, porém eu chamava a morte sempre que podia com os esportes radicais, dirigindo sempre acima de 100km sem cinto de segurança. Mas a maldita me ignorava e eu ainda estava aqui.

Queria ter argumentos contra a senhora Dang, mas quem tinha? E ela me recebeu tão bem, sempre nos ajudou e me acolheu. Sim, por ela eu teria que ir e ainda levar o neto. Parei em uma floricultura e escolhi um vaso de orquídea brancas e rosas. Ela vai gostar porque vai poder ver florescer, como a senhorita Ka...

- Merda! Tudo me lembra, não importa o que eu faça, onde eu vá, no trabalho, nas escaladas, não importa. Eu a sinto em tudo. Vamos para a casa da vovó filho.

Não acelerava muito quando Dog estava no carro, ele não tinha culpa de nada, mesmo assim cheguei rápido. Estacionei e vi que os carros de todos já estavam lá, saco. Coloquei Dog no chão com a guia, peguei o vaso de plantas e depois de subir os degraus da varanda, toquei a campainha. Desde que ela se foi, nunca mais me senti à vontade de entrar sem avisar. Dog estava agitado e choramingava sem parar.

- O que você tem hoje, rapaz? - eu disse olhando para baixo. De repente a porta se abre e uma jovem aparece à minha frente com os olhos azuis mais lindos que já vi na vida. Não era um azul cor de céu e sim da cor do mar e como ele, eram profundos, fortes. Por alguns segundos fiquei presa naqueles olhos e senti que também prendi sem querer a respiração.

- Oi, você deve ser a Sam, muito prazer sou Kath.

- Ah, sim... Pera, Dog! O que você tem, sossega - Dog dá um puxão na guia e corre para falar com Kath, fazendo a mesma coisa que ele só fazia com "ela", ficando em pé nas duas patinhas traseiras pedindo colo e latindo.

O vôo das borboletasOnde histórias criam vida. Descubra agora