Chapter 36: Halloween, 1976

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Don't go into the woods tonight,
'Cause underneath the sticks and stones;
Are lots of little demons enslaved by Annabella,
Waiting just to carry you home...

- "Wicked Annabella" The Kinks, 1968

Domingo, 31 de outubro de 1976

Como sempre, o Halloween em Hawkings tornou-se um assunto por toda a escola. Todo o corpo estudantil se reuniu para planejar vários eventos — tudo, desde o concurso anual de escultura em abóboras até casas mal assombradas montadas pelo clube de teatro e pesca de maçã com a boca, organizado do lado de fora do Salão Principal. Havia até um baile temático acontecendo em um dos celeiros de Agricultura, incluindo uma fantasia, para completar. Havia tantas coisas acontecendo ao mesmo tempo que Remus e seus amigos mal conseguiam decidir o que deviam fazer primeiro, um fato do qual Sirius se aproveitou enquanto tentava convencer as garotas que seria muito mais divertido fazer uma coisa só eles.

"É uma fogueira!" ele argumentou. "Só nos escutem, sem criancinhas barulhentas do sétimo ano, sem fantasias de fantasma idiotas ou bailezinhos tocando nada além dos desprezíveis LPs de David Cassidy."

"Para a sua informação, eu já marquei um encontro com Mickey naquele 'bailezinho'," reclamou Lottie. Ela estava vestida do Leão Covarde com seu nariz pintado de preto e seus enormes cachos loiros presos como uma juba fofa em volta da cabeça. Todas as meninas haviam decidido ficar em um tema aquele ano, que havia convergido em torno da fantasia de Dorothy que Lily havia usado no Halloween passado. O papel de Bruxa Boa estava sendo feito por Mary, toda vestida de rosa com uma pequena tiara e tanto brilho em seu cabelo que Remus quase espirrou quando ela deu uma voltinha em sua frente. Marlene era sua antagonista, o rosto pintado de um verde limo para a Bruxa Má, além de chapéu pontudo e uma vassoura que ela pegara emprestado do armário do seu dormitório.

"Mickey vai estar lá, na verdade. Ele vai ir depois que terminar de arrumar o cabelo — ou algo assim," Sirius disse para Lottie, mentindo sem tremer nem o seu rosto real nem o que Mary havia pintado àquela tarde para sua fantasia de esqueleto.

"Temos coisas para fazer s'mores também," James cantou enquanto estendia a mão para puxar uma das tranças ruivas de Lily. Ela fingiu não notar, a princípio, mas então deu um tapinha na mão dele e escondeu a bochecha em seu ombro para desfarçar um sorriso.

"Isso tudo é ótimo," Mary começou, balançando sua varinha mágica pelo ar, "mas vocês tem álcool?"

"Claro," Sirius riu, "que tipo de fogueira seria essa, se não tivesse a chance de cair nela enquanto estiver pra lá de alterado? Moony, tá com as coisas?"

De dentro da capa escura que lhe foi fornecida, Remus puxou uma garrafa grande de gin. Até então ele estivera relativamente quieto, principalmente porque ele tinha certeza de que era um ator de merda e não queria estragar a pegadinha, mas também porque falar com os dentes de vampiro de plástico que Lily havia lhe dado o fazia cuspir como um irrigador de gramado.

"Então eu estou dentro," Mary disse, e Marlene ficou boquiaberta com ela, verrugas falsas e tudo. "Ah, não me olhe assim, Marls. Você acha que eles estão pescando maçãs em tequila? É Halloween, eu quero ficar louca."

E você vai , Remus pensou sarcasticamente, só não do jeito que você pensa.

"Uma a bordo!"

"Se o Mickey vai, por que não?" Lottie disse dando de ombros. "Eu gosto de s'mores."

Peter olhou para a irmã através da máscara de palhaço, virando a lanterna para ela. "Você não tinha dito que estava de dieta?"

"É Halloween, seu idiota, as calorias não contam. Agora para de apontar essa coisa para a minha cara!"

The Cadence of Part-time Poets [tradução]Onde histórias criam vida. Descubra agora