Chapter 42: Dores de Inverno

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Have pity on the young man,
They ain't got nothin' in the world these days, I said;
They ain't got nothin'!
They got sweet fuck-all!

- "Young Man Blues" The Who, 1970

Não havia como negar: ele havia desperdiçado novembro completamente. A pegadinha com os meninos era prova disso. O tempo que Remus passara bravo com Sirius poderia ter sido usado para colocar alguns merdas como Snape e Barty em seus devidos lugares. Poderia ter sido gasto com música, ou realmente estudando para suas provas, como ele pretendia. Na realidade, Remus havia passado mais tempo na biblioteca do que nunca e ainda, entre sua preocupação e mau-humor constantes, nada disso havia sido absorvido. Foi o maior desperdício de seus dezesseis anos de vida.

E assim, conforme o frio de novembro dava lugar às nevascas fofas de dezembro, Remus disse a si mesmo que faria melhor. Ele estudaria de verdade e sairia com seus amigos como deveria, não só porque estava evitando um deles. Exceto que o último mês do semestre veio com alguns imprevistos, uma delas sendo a revelação de que enquanto ele estava afastado, sendo amargo e ranzinza, James Potter havia se provado um guitarrista mais do que capaz. Na verdade, a primeira sessão real de treinos deles no dormitório deixara Remus de boca aberta.

"Pois é?!" Sirius disse, praticamente vibrando de alegria.

Remus mal podia acreditar. Onde a forma de tocar de Sirius variava de delicada e encantadora a furiosa e errática, James havia encontrado um lar bem no meio. Ele era charmoso e humilde e, ainda, seus dedos cuidadosos dançavam para cima e para baixo das cordas tão graciosamente quanto uma bailarina. Seria cativante até mesmo sem som nenhum.

"Wow," Remus havia dito quando James terminou sua música. "Isso foi... incrível."

"Obrigado, Moony," James sorriu timidamente.

Remus olhou para o seu colo, onde a Fender estava abandonada entre suas pernas. Ele de repente sentiu a necessidade de ocupar seus dedos com qualquer coisa que não fosse tocar.

"Mas eu acho que sua corda MI tá um pouco desafinada," ele disse, apontando para a guitarra, "e se eu—"

"Ah, não, tudo bem, deixa comigo," James disse, abaixando a cabeça e mexendo nas teclas de afinação.

"Ele aprendeu isso rápido também," Sirius disse. "Parece que teremos uma banda de verdade em breve!"

Ele se odiava por isso, mas na próxima vez que um deles o convidou para tocar, Remus inventou uma desculpa e fugiu para a sala comunal.

Era isso que você queria. Se você tá de fora, é culpa sua, uma vozinha desagradável gritava. Culpa sua! Culpa sua! La-la! La-la!

Mas ele já havia ficado de fora. Quando a guitarra da Andy chegou no correio e James concordou em aprender alguns acordes, ele estivera tão animado quanto Sirius; eles haviam encontrado mais uma adição ao culto desafiador que era o rock and roll. Ele não fazia ideia, na época, do quanto a dinâmica deles mudaria. Agora por que isso iria incomodá-lo tanto, Remus ainda não tinha certeza. O que ele tinha certeza, era do momento exato em que ficou aparente que ele não precisava mais da ajuda extra de Sirius com o baixo.

Depois do incidente com a bomba fedorenta, o estoque da escola de suco de tomate, pasta, torta — qualquer coisa que conseguisse tirar o cheiro — havia esgotado e os únicos alunos não-Salazar que fediam a lixo fumegante haviam sido culpados pela pegadinha. Infelizmente para aqueles como Snape, que oravam por uma queda mais pública, o estatuto de limitações de Hawkings havia jogado a favor deles. Invés de serem pendurados pelo dedão no Castle Hall, cada um deles serviu uma detenção leve de duas semanas com seus professores de forms antes de serem libertos, para garantir que ainda tivessem tempo suficiente para estudar para suas provas.

The Cadence of Part-time Poets [tradução]Onde histórias criam vida. Descubra agora