Chapter 92: Azul

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"Que tipo de azul?"

 

Don't let me down,

Don't let me down,

Don't let me down...

- "Don't Let Me Down" The Beatles, 1969


Sheila era amada. Remus sempre soube disso. Ela procurava os problemáticos, as causas perdidas, e os aceitava mesmo quando gritavam obscenidades bem na cara dela. Ela era gentil, muitas vezes gentil demais... paciente demais. Mas ela era amada. E por mais que a odiasse pelo que ela tinha feito, Remus não conseguia deixar de amá-la também.

Você acha que ela poderia me amar, mesmo depois de todo esse tempo?

"Você não precisa ir," Sirius disse a ele. "Não se isso vai te deixar triste."

Estou triste. Estou sempre triste. Estou triste há dezoito anos.

E de quem é a culpa?

O pensamento veio violentamente; intrusivo e punitivo. Ele não tinha um há tanto tempo — influência de Sirius, provavelmente. Remus idiota... E aqui ele pensou que isso devia significar que ele estava melhorando.

Você não se importa! Soou, como uma canção infantil doentia. Você não se importa, você não se importa, você não se importa!

"Aluado?"

A culpa é sua, a culpa é sua!

"Vou vê-la, Sirius."

"... Tudo bem então."

Remus nunca tinha ido aos aposentos dos professores antes. Considerado fora dos limites para todos os alunos, o prédio de tijolos e argamassa ficava logo atrás do Castle Hall e ostentava o maior estacionamento do campus, exceto o depósito de bondes. Eles tiveram que escalar o portão principal para entrar, mas foi fácil o suficiente para os dois brincalhões experientes.

Sem surpresa, James foi atrás de Peter. Remus não tinha ideia se isso ajudaria ou o que James planejava dizer a ele, mas ele não tinha energia para discutir. Se Peter quisesse ficar bravo com eles, então ele poderia ficar bravo, mas Remus só conseguia tolerar um relacionamento implodindo de uma vez. Talvez fosse egoísmo, mas se Sheila realmente estivesse de volta, então ele não iria esperar. Não até que ele tivesse suas respostas.

"Merda... Porra!"

Remus jogou as mãos para baixo, ouvindo o ting agudo quando os grampos desapareceram no escuro. Ele estava trabalhando na fechadura da porta da frente há eras, mas era pesada e do tipo errado — mais difícil de arrombar do que as habituais de alfinetes e acrobatas espalhadas pelo campus.

"E se a gente bater na janela dela?", sugeriu Sirius, parando atrás de Remus e parecendo ansioso.

"Não sabemos qual janela é dela."

"Eh, talvez tenhamos sorte."

Remus suspirou, abatido. Mesmo que conseguissem entrar de alguma forma, não havia garantia de que conseguiriam descobrir qual porta pertencia a ela. Um movimento errado e eles poderiam ficar detidos pelo próximo mês.

"Poderíamos esperar até segunda-feira", Sirius disse, pressionando uma mão em seu ombro. "Pelo menos assim você sabe que ela estará—"

"Não quero esperar até segunda-feira, Sirius!"

O grito saiu dele por acidente, e Remus imediatamente se arrependeu. "Sinto muito", ele murmurou, levantando-se sob a luz amarela de entrada. "Desculpe..."

The Cadence of Part-time Poets [tradução]Onde histórias criam vida. Descubra agora