Chapter 71: no final, sempre foram garotos

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Though I know I'll never lose affection,
For people and things that went before;
I know I'll often stop and think about them,
In my life, I love you more... 

- "In My Life" The Beatles, 1965

Acordar sempre era mais chato quando você não conseguia se lembrar de ter adormecido, exceto no caso de Remus, ele nem conseguia se lembrar de ter voltado para a casa dos Potters. Ele soube mais tarde que Sirius tinha de fato encontrado Simeon — inocentemente bebendo entre um grupo de amigos — e que Simeon tinha chamado um táxi para eles. Só os dois tinham saído primeiro; Peter ainda estava espancado e não havia como eles o levarem de volta para casa, para seus pais, naquele estado. Ele e James ficaram para trás com Simeon e o seguiram mais tarde, mas foi Sirius quem arrastou Remus pela soleira da casa dos Potters, reclamando de ter bebido demais, e então o arrastou até o banheiro, onde ele prontamente vomitou suas tripas.

"Você é louco," Sirius disse enquanto Remus abraçava o vaso sanitário. "Meu louco Moony." Então Remus poderia jurar que tinha ouvido as palavras, te amo.

Poderia ter sido parte dos sonhos. Ou das drogas. Ou ambos, na verdade. Ficar chapado era a única maneira de os sonhos saírem; as noites eram incolores, enquanto os dias continuavam muito exaustivos. Era como se ele estivesse ao contrário. Errado em todos os lugares certos.

Quando ele conseguiu abrir os olhos, ele viu que as cortinas do seu quarto ainda estavam fechadas, mas a Sra. Potter tinha deixado seu café da manhã na mesa lateral. Junto com a bandeja, havia um bilhete de Giles que dizia para chamá-lo no momento em que Remus estivesse se sentindo humano novamente, para que ele pudesse buscá-lo a tempo para a escola.

Argh, escola...

Remus supôs que tinha que ser grato. Nem o Sr. nem a Sra. Potter mencionaram o que havia acontecido durante o telefonema com os pais de Sirius, mas estava claro que eles não permitiriam que Sirius não voltasse para Hawkings. Sirius também não estava prestes a reclamar; não era como se ele não quisesse voltar para a escola, ele só queria que alguém se importasse se ele voltaria ou não.

Incapaz de engolir a ideia de comer, Remus bebeu avidamente da garrafa de água que Effie havia deixado e se virou na cama. Ele ficou sozinho por mais um tempo, o olhar perdido no guarda-roupa intrincadamente esculpido de penas de pavão. Ele esperava que Sirius viesse bater à porta eventualmente, mas surpreendentemente, foi James quem veio até ele primeiro.

"Moony?" Espiando a cabeça para dentro, James bateu gentilmente na porta aberta. "Você está se sentindo bem, cara?"

Remus grunhiu para ele. Sua boca tinha um gosto horrível e seu hálito provavelmente estava pior, mas ele não se sentia de ressaca de uma forma doentia, apenas mentalmente drenado. O LSD fazia isso com você, deixava você se sentindo carnal e benigno, como um tumor consciente. Havia uma razão para as pessoas se perderem nele, até mesmo Remus se sentia tentado às vezes. Mas a viagem tinha sido ruim, ele sabia disso agora. Pelo menos a maior parte da energia e nervosismo da noite anterior tinham se dissipado, e as alucinações tinham parado. Felizmente.

"Não está com fome?", perguntou James, entrando e examinando seu café da manhã intocado.

Remus sentou-se, segurando a cabeça. "Não... me sinto uma merda. E você?"

James deu de ombros. "Parece meio estranho, como se eu ainda estivesse me movendo em câmera lenta, mas mamãe e papai não notaram. Mas eu acordei completamente faminto." Sentando-se na beirada da cama, James ilustrou isso pegando um pedaço de bacon frio do prato de Remus e devorando-o. "Você chegou a ler ou não?" Ele perguntou com a boca cheia.

Remus assentiu, pegando o bilhete da cabeceira e rasgando-o em pedacinhos para manter as mãos ocupadas. "Quão bravo estava Giles?"

"Nãi sei." James engoliu em seco. "Mas mamãe disse que ele era perfeitamente agradável. Acho que veremos quando ele vier te buscar. Se eu fosse você, eu daria a campainha logo."

The Cadence of Part-time Poets [tradução]Onde histórias criam vida. Descubra agora