Chapter 66: Per Aspera Ad Astra

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How can I try to explain?
When I do he turns away again,
It's always been the same, same old story;
From the moment I could talk,
I was ordered to listen;
Now there's a way,
And I know that I have to go away...

- "Father and Son" Cat Stevens, 1970

Quando Sirius ligou e pediu sua ajuda, Remus tomou a decisão em uma fração de segundo de que iria até os confins da Terra para alcançá-lo. Por sorte, ele só precisou ir até Dover.

A pequena cidade portuária ficava a pouco mais de uma hora de Londres, o que significava que ele poderia sair e encontrá-lo antes mesmo de escurecer. Só havia um problema.

Ele não tinha como chegar lá.

Sirius não havia divulgado muito, mas admitiu ter roubado a passagem de outro passageiro para embarcar na balsa que cruzava o Canal, sem poder pagar a taxa da passagem sozinho. Remus percebeu que ele se sentia mal, mas sua atual falta de fundos significava que pegar um trem para a cidade não era uma opção sozinho. Os atendentes o pegariam e, como ele não era legalmente um adulto, ficaria detido até que seus pais viessem buscá-lo. Sirius não precisava extrapolar mais. Remus considerou pegar a linha sozinho com passagem suficiente para pagar as duas idas de volta, mas levaria o dobro do tempo, e algo na voz de Sirius o deixou extremamente nervoso — como se ele não o alcançasse o mais rápido possível, nunca mais o veria.

Doeu mais tarde, principalmente quando gritavam com ele, mas ele nem parou para pensar em pedir ajuda a Giles. Levaria muito tempo — significaria muitas perguntas. Sirius precisava dele e ele precisava dele agora. Sair do telefone, ir para o quarto, para o carro, levou menos tempo do que Giles levou para terminar seu conhaque da noite. Remus nem se lembrava de ter roubado as chaves da mesa da sala — era tudo um borrão. O banco da frente do Roll parecia muito maior sem o velho motorista sentado lá com ele, mas ele não hesitou em ligar o carro e começar a empurrá-lo pela entrada rochosa. Piscando os faróis altos para que o porteiro não o reconhecesse, Remus fez o possível para parecer volumoso sob a jaqueta e o boné de Giles, que ele havia roubado de um dos cabides perto da porta da cozinha. Ele sempre manteve a opinião de que não era um ladrão, mas para Sirius ele seria qualquer coisa.

O nervosismo só começou a aparecer quando ele estava dirigindo pela rodovia M20, apertando o volante com força e tentando não sair da faixa. Por mais ansioso que estivesse por Sirius, ele não conseguia dirigir mais rápido do que o limite de velocidade. Ser parado não ajudaria Sirius de qualquer maneira. A maioria dos carros simplesmente passava em alta velocidade, sem dar a mínima para o Rolls, e Remus quase conseguiu relaxar até que um caminhão com o triplo do seu tamanho veio por trás e deu uma buzina tão estridente que ele quase se jogou no teto do sedã.

O que você está fazendo, disse uma voz, você nem tem carteira de motorista!

Sem espaço para argumentar, ele retrucou: Eu também não tenho dezoito anos, mas isso não impediu o sujeito no bar de servir aquelas cervejas para Pete, James e eu duas semanas atrás.

Um Ford passou por ele na faixa ao lado, tão perto que eles poderiam ter beijado os espelhos, e Remus lutou para não bater na barreira.

Você vai morrer, seu idiota estúpido!

"Ah, cale a boca", Remus resmungou, ligando o rádio.

A música ajudou um pouco — pelo menos o acalmou — mas mesmo que ele fosse um motorista experiente, ele ainda estaria distraído. A curta conversa telefônica de Sirius se repetia repetidamente em sua cabeça, tornando-se mais assustadora a cada iteração. Remus lutou para manter a calma. Sirius não estava morrendo, ele só precisava de ajuda, e agora a ajuda estava chegando. Ele também estava calmo — soando cansado, principalmente — mas ainda assustadoramente calmo.

The Cadence of Part-time Poets [tradução]Onde histórias criam vida. Descubra agora