O primeiro passo

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Voltamos para Seul em outubro de 1973, e a excitação estava no ar. Já se passava um ano desde que começamos a tocar em clubes noturnos, mas essa apresentação era diferente. Estávamos prestes a mostrar nossa música para Kim Hanseo, o dono de uma das gravadoras mais respeitadas da Coreia do Sul. A pressão era palpável, mas, ao mesmo tempo, havia uma eletricidade que me deixava ansioso.

Naquele dia, decidimos adotar um visual mais casual. Eu estava com os cabelos loiros soltos, sentindo a leveza do vento enquanto me movia pelo estúdio. Os outros também pareciam relaxados, mas focados. Hyunjin estava ali, fumando um cigarro e dedilhando sua guitarra com aquele jeito descontraído que sempre me fascinou. A maneira como seus dedos se moviam pelas cordas tinha uma fluidez que combinava perfeitamente com o clima da sala.

Jisung batucava com as baquetas, produzindo ritmos contagiantes que reverberavam pelo ambiente. Seungmin estava concentrado no teclado, tocando algumas notas enquanto Jeongin afinava sua guitarra, murmurando para si mesmo. Minho, com seu habitual jeito tranquilo, estava por perto, tocando um grave no baixo que parecia fazer a própria sala vibrar.

No canto, Chan e Changbin estavam trocando instruções, seus rostos sérios enquanto discutiam os últimos detalhes antes da chegada de Kim. Eu me aproximei deles, tentando captar o que estava acontecendo.

— Tudo pronto? — perguntei, com um sorriso nervoso.

Chan olhou para mim, seu semblante sério se suavizando.

— Quase. Só precisamos que todos estejam na mesma sintonia. Lembrem-se de que essa é a nossa chance — disse ele, com um brilho de determinação nos olhos.

Changbin acenou em concordância.

— E não se esqueçam de aproveitar. A música é nossa paixão, então, acima de tudo, divirtam-se.

Respirei fundo, tentando absorver o encorajamento deles. As palavras de Chan ressoaram em mim; essa era nossa oportunidade de mostrar o que realmente éramos. Olhei ao redor e vi cada membro da banda focado, mas todos também compartilhando um sorriso nervoso.

— E quanto a você? — perguntei a Hyunjin, com um toque de brincadeira. — Ainda está fumando ou vai se concentrar na guitarra?

Hyunjin ergueu os olhos e sorriu, deixando escapar uma risada.

— Estou sempre concentrado, Felix. Você sabe disso quando estamos cantando juntos.

Ele tinha razão, eu sabia. Hyunjin e eu éramos harmônicos sempre.

O clima estava leve, mas a adrenalina só aumentava. Assim que o relógio marcou a hora, Chan deu um passo à frente.

— Pessoal, é hora de mostrarmos ao senhor Kim o que podemos fazer. Vamos dar tudo de nós e mostrar a verdadeira essência do Stray Kids. Lembrem-se de que estamos juntos nisso.

Concordamos em uníssono, a confiança crescendo entre nós. Sabíamos que essa apresentação poderia mudar nossas vidas. Então, quando finalmente ouvimos os passos de Kim Hanseo se aproximando, todos nós nos posicionamos. A música estava prestes a começar, e eu me sentia mais vivo do que nunca.

Jisung deu a contagem, e quando o primeiro acorde da guitarra de Hyunjin ressoou, eu senti que estávamos prontos. A energia fluiu através de nós, e, naquele instante, éramos apenas nós e a música, prontos para conquistar o mundo.

Quando a música começou, senti cada nota pulsar dentro de mim. Eu me entreguei completamente, a voz fluindo com intensidade. Hyunjin e eu estávamos perfeitamente alinhados, nossas vozes se entrelaçando como sempre que cantávamos juntos. Cada olhar trocado, cada sorriso compartilhado me fazia sentir que estávamos conectados de uma maneira especial, algo que ia além da música.

Sacudi meus cabelos loiros ao ritmo, a sensação de liberdade me envolvendo. Hyunjin, com o cigarro pendurado nos lábios, tocava a guitarra com uma habilidade que sempre me deixava impressionado. A imagem dele, intenso e relaxado ao mesmo tempo, enquanto cantava junto comigo, era um charme único. Eu não conseguia evitar de me perder na sua presença, na sua energia.

À medida que a música avançava, notei Kim Hanseo observando atentamente, seus olhos intrigados. Ele estava sentado ali, em silêncio, mas o jeito como inclinou a cabeça e se concentrou em nós dizia que ele estava prestando atenção. Isso me deixou nervoso, mas, ao mesmo tempo, me motivou a dar ainda mais de mim.

Quando finalmente terminamos a apresentação, o silêncio tomou conta da sala. Chan e Changbin se viraram para Kim, suas expressões misturando expectativa e nervosismo. Eu sabia que aquele momento era crucial. Enquanto esperávamos a reação dele, o clima parecia denso, quase elétrico.

Kim Hanseo pegou seu copo de uísque e, em um movimento lento, tomou um gole. Seus olhos permaneciam fixos em nós, e a tensão aumentava a cada segundo. Eu podia sentir meu coração acelerando, a adrenalina ainda fervendo em minhas veias.

Finalmente, após um momento que pareceu uma eternidade, Kim soltou um sorriso que iluminou seu rosto.

— Vocês são bons pra caralho — disse, quase sem acreditar. — O som é otimo. A química entre os dois vocalistas é incrível. A forma como se movem e cantam juntos... Isso é o que eu chamo de espetáculo.

Senti uma onda de alívio e alegria me invadir. O sorriso em meu rosto não conseguia se conter, e eu troquei olhares com Hyunjin, ambos radiantes.

Chan não perdeu tempo.

— Então, o que você acha, senhor Kim? Está interessado em trabalhar conosco?

Ele ponderou por um momento, ainda segurando seu copo, e depois acenou com a cabeça.

— Sim, estou. Mas não se enganem, isso é só o começo. Precisamos de um plano, uma direção clara. Mas eu vejo potencial em vocês.

As palavras dele ressoaram em mim como uma música harmoniosa. O alívio se transformou em entusiasmo, e eu mal podia acreditar que finalmente estávamos prestes a dar o passo que tanto desejávamos.

— Obrigado, senhor — eu disse, não conseguindo conter a empolgação. — Nós não vamos desapontá-lo.

A sala estava cheia de uma energia vibrante, e assim que Kim começou a falar sobre ideias e planos, todos nós nos unimos. O futuro parecia promissor.

You're my morning sun Onde histórias criam vida. Descubra agora