O hiatus

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Hyunjin foi levado às pressas ao hospital, e eu fiquei ao lado dele o tempo todo. Cada segundo parecia um século. Tudo ao meu redor era um borrão, as vozes misturadas com o som constante dos meus soluços. Eu me sentia impotente, aterrorizado, com medo de que aquele fosse o fim.

Na sala de espera, eu não conseguia parar de chorar. Jisung, Chan e os outros membros estavam lá, tentando me acalmar, mas era inútil. Minhas mãos tremiam tanto que eu mal conseguia segurá-las juntas. Sentia um vazio horrível no peito, como se parte de mim estivesse quebrada.

— Felix, ele vai ficar bem… — Chan sussurrou, colocando a mão no meu ombro. Mas eu mal podia ouvir as palavras dele. Tudo o que eu queria era que Hyunjin abrisse os olhos e dissesse que estava tudo bem, que voltaria pra mim.

A espera foi interminável. Finalmente, um dos médicos apareceu, e por um momento eu quase não consegui respirar. Eles fizeram uma lavagem estomacal, eliminaram as drogas do corpo dele, e disseram que o estado de Hyunjin era estável agora. Mas todos nós sabíamos que isso não era o suficiente. O problema era maior, muito maior.

A decisão foi inevitável. A turnê foi cancelada, faltando apenas um mês para acabar. As datas restantes foram todas adiadas, e o anúncio oficial explicava que a banda entraria em hiato.

Hyunjin foi levado para uma clínica de reabilitação logo depois de deixar o hospital. Ninguém sabia quanto tempo ele ficaria lá. Podia ser semanas, meses… anos, talvez. Tudo estava suspenso até ele se recuperar completamente. E até então, a banda também estava em pausa. Não havia mais shows. Não havia mais turnê.

Eu voltei para o nosso dormitório sozinho quando voltamos para Seul. O silêncio era ensurdecedor. As camas vazias, o cheiro de cigarro e perfume dele ainda impregnado nas roupas que estavam jogadas por ali. Eu me sentei na cama, incapaz de segurar as lágrimas por mais um segundo.

Peguei o caderno de Hyunjin, aquele onde ele escrevia suas músicas, onde ele havia rabiscado tantos momentos nossos. Abri na página de Aurora.

As palavras estavam ali, imortais, rasgadas de dentro dele e jogadas no papel. A letra era crua, cheia de emoção, e eu sabia, naquele instante, que aquilo era a prova do amor dele por mim. Hyunjin amava, mesmo que não soubesse como lidar com isso. Mesmo que estivesse perdido.

Mas, porra, como doía.

Enquanto eu lia, as lágrimas caíam sem parar. Meu peito doía tanto que eu me dobrava sobre o caderno, tentando sufocar o choro. Cada linha de Aurora era um lembrete do que tínhamos, do que poderíamos ter perdido naquela noite, e da luta que ainda estava por vir.

— Eu só queria você de volta, Hyunjin… — sussurrei para o vazio. — Eu só quero que você fique bem.

E naquele momento, ali, sozinho no nosso dormitório, segurando o caderno dele como se fosse a última coisa que me ligava a ele, eu chorei. Chorei até não restar mais nada em mim. Chorei por tudo o que tínhamos passado, pelo medo de perdê-lo, e pela esperança de que um dia, talvez, ele voltasse para mim.

Aurora brilhava nas páginas, mas o céu parecia tão distante.

You're my morning sun Onde histórias criam vida. Descubra agora