Prólogo - O documentário

309 30 3
                                    

Nova Iorque, 1984

O som de uma fita cassete girando pode ser ouvido ao fundo. Um leve chiado ecoa pela sala, trazendo um clima nostálgico. A câmera ajusta o foco e revela a figura de um rapaz jovem, seus cabelos loiros ainda compridos. Ele se senta em uma cadeira de madeira, cruzando os braços, um leve sorriso nos lábios. O nome "Felix" aparece na tela em letras brancas.

Felix dá um longo suspiro antes de falar, olhando para baixo, como se estivesse organizando os pensamentos.

- Ninguém sabia o que realmente acontecia... Nem os fãs, nem a mídia. O que as pessoas viam no palco era só uma parte de nós. A química, os sorrisos, a energia... era tudo real, claro. Mas fora do palco? Cara, era complicado. - Ele olha diretamente para a câmera agora, mais sério. - Eu acho que ninguém estava realmente pronto para o que aconteceu naquela noite.

Corte rápido para outro homem. Seu cabelo agora um pouco mais curto, mas ainda com as pontas tingidas de vermelho, os olhos intensos. É Hyunjin. Ele se inclina para frente, os cotovelos nos joelhos, as mãos entrelaçadas. O nome "Hyunjin" aparece na tela.

Hyunjin ri, mas o riso é amargo.

- Todo mundo sempre achava que eu e Felix éramos... algo mais, sabe? A verdade é que, dentro da banda, tínhamos uma conexão que ninguém conseguia entender. Mas essa conexão também nos afastou de algumas pessoas, acho. - Ele faz uma pausa, pensando - O que aconteceu em 1979 foi um choque, até pra mim. Ninguém esperava que aquilo fosse o fim. Não daquela forma.

Corte para uma imagem de todos os oito integrantes em preto e branco, em uma sessão de fotos dos anos 70. Eles estão rindo, suas roupas são chamativas e estilosas. O clima é leve. A imagem desbota, retornando para a sala de entrevistas. Agora, Chan, o líder da banda, está sentado. Ele parece mais calmo, mas há um peso em suas palavras. O nome "Chan" aparece na tela.

Chan suspira e ajeita o boné, tentando manter a compostura.

- Ser o líder da Stray Kids era uma bênção e uma maldição ao mesmo tempo. Nós éramos uma família. Na estrada, nos palcos... Mas, com o tempo, começaram a surgir rachaduras. Discussões, egos... e a pressão. Tudo parecia uma bomba-relógio. - Ele sorri de leve, mas o sorriso não chega aos olhos - Nunca vou esquecer a noite que tudo desmoronou. Acho que nenhum de nós vai.

A tela escurece por um segundo antes de mostrar outro integrante, Seungmin. Seus olhos são sérios, quase tristes. O nome "Seungmin" aparece.

- Eu sempre fui o mais quieto, sabe? Preferia observar. Mas naquela noite... eu vi algo que ninguém mais viu. Vi que aquele era o ponto de ruptura. A música não era mais a única coisa que nos mantinha juntos. E quando isso desapareceu... bem, você sabe o que aconteceu - Ele balança a cabeça, lembrando - Mas ninguém estava pronto para dizer adeus. Não assim.

A câmera corta para Jisung, que está sentado com um semblante sombrio, passando a mão pelo cabelo escuro. Ele hesita antes de falar.

- Todo mundo queria saber o que aconteceu. Mas como você explica algo que nem você entende? Uma hora estávamos ensaiando, fazendo shows lotados, e na outra... tudo desmoronou. Era como uma tempestade, rápida e devastadora.

A imagem volta para Hyunjin, que agora olha pela janela, pensativo. Ele respira fundo antes de continuar.

- Eu... não sei se posso dizer que fomos destruídos de dentro pra fora, mas, às vezes, é isso que parece. A fama, a expectativa, as nossas relações... Tudo isso nos consumiu. E quando a última música tocou, ninguém sabia que seria a última.

A câmera agora foca em Felix novamente, suas palavras carregadas de nostalgia.

- O público nunca soube o que realmente aconteceu. Mas talvez... talvez agora seja hora de contar a verdade.

You're my morning sun Onde histórias criam vida. Descubra agora