Caos intenso

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Quando passamos por São Francisco, a energia dos shows continuava a mesma: intensa e cheia de euforia. As fãs americanas eram completamente loucas, e cada vez que subíamos ao palco, o estádio virava um caos de gritos, braços levantados e desmaios. Eu estava vivendo aquilo como nunca, completamente sóbrio, o que era diferente da turnê de 75, quando eu mal lembrava de como era cada show, de tão chapado que ficava.

Agora, com a cabeça limpa, tudo parecia mais vívido, mais nítido. Eu conseguia absorver cada detalhe do que estava acontecendo ao meu redor, e isso só fazia a experiência ser ainda mais intensa. Estávamos em turnê já fazia um mês, mas parecia muito mais. A correria dos shows, a viagem de uma cidade para outra, os ensaios, as entrevistas... tudo isso me fazia perder completamente a noção do tempo. Era como se vivêssemos em uma bolha, onde nada existia além de palco, hotel, e a estrada.

Nos shows, quando a banda subia ao palco, era o único momento em que parecia que éramos um grupo unido de novo. Era como se, ali em cima, fôssemos os mesmos de antigamente, quando a música era o que nos conectava. As notas que tocávamos, os olhares que trocávamos, o som que ecoava pelos estádios... Era nesses momentos que tudo fazia sentido de novo. Mas, nos bastidores, era uma história completamente diferente. O distanciamento entre nós era evidente. Fazia meses que não éramos mais a mesma banda. Cada um estava em sua própria bolha, vivendo sua própria vida, com suas próprias merdas.

A única coisa que parecia estável era eu e Felix. Pelo menos, até aquele momento.

As noites nos quartos de hotel... Essas eram uma loucura. A gente mal chegava no hotel e já sabíamos o que ia acontecer. Não importava o quão exaustos estivéssemos do show, o quão cedo teríamos que acordar no dia seguinte... Eu e Felix não parávamos de transar. Cada noite era uma nova explosão de desejo, um novo ritmo insano que só nós dois conseguíamos seguir. A intensidade que sentíamos no palco era transportada para os nossos quartos, e lá, sem as luzes dos holofotes ou o olhar das fãs, nós nos entregávamos completamente um ao outro.

Felix... Ele era uma força da natureza. Tinha algo nele que me deixava louco, completamente insano. Cada vez que ele me olhava com aqueles olhos felinos, cheios de malícia, ou quando passava a língua nos lábios de forma provocante, eu simplesmente perdia o controle. Era algo que não conseguia explicar, mas que me consumia por completo. E ele sabia disso. Ele sabia o que fazia comigo, e ele adorava me ver perder o controle.

Naquela noite em São Francisco, como tantas outras vezes, Felix veio para o meu quarto. Ele estava vestindo uma camiseta que mal cobria o corpo e uma calça de moletom que parecia que ia cair a qualquer momento. Quando ele entrou no quarto, fechou a porta devagar e me olhou com aquele sorriso malicioso, já sabia o que estava prestes a acontecer. Eu não perdi tempo. Cruzei o quarto em passos rápidos, o puxei para perto de mim e o beijei com toda a intensidade que eu estava segurando desde o fim do show.

As mãos dele estavam em meu cabelo, puxando, arranhando, enquanto nossos corpos se chocavam um contra o outro. Em questão de segundos, nós já estávamos nos movendo em direção à cama, quase tropeçando nas roupas que começávamos a arrancar um do outro. O calor da pele dele contra a minha era viciante. Eu o empurrei na cama, meu corpo sobre o dele, e naquele momento, não existia mais nada. Só nós dois e o desejo que parecia crescer cada vez mais, como uma onda prestes a nos engolir.

Cada toque, cada gemido, cada suspiro... Era tudo explosivo. Transar com Felix era sempre assim: uma mistura de paixão, raiva, desejo e uma vontade quase desesperada de dominar e ser dominado. E eu não queria parar. Não queria que aquilo acabasse. Era como se o mundo fora daquele quarto não existisse, e tudo o que importava era o que estávamos fazendo ali, naquela cama.

Mas, como sempre, quando algo é intenso demais, acaba dando merda. E deu merda mesmo.

Só que... vou deixar para contar isso depois.

Naquela noite em São Francisco, a única coisa que existia era eu e Felix, e o que nós fazíamos juntos. As fãs, a banda, os shows... Nada mais importava. Eu estava louco por ele, completamente obcecado, e ele sabia disso. Talvez, no fundo, esse fosse o problema.

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