Apenas uma escolha

20 7 0
                                    

O clima estava tenso quando voltamos para o hotel depois da entrevista. Estávamos reunidos em uma sala de conferência do hotel, todos os oito membros da banda e Park, o nosso empresário, que não conseguia esconder a frustração no rosto. Era óbvio que ele queria respostas. E não ia ser nada bom.

— Muito bem, eu quero saber agora — disse ele, se inclinando para a frente na mesa, os olhos fixos em mim e Felix. — Isso é verdade? Vocês estavam juntos no quarto ou essa história é mais uma invenção pra atrair mídia?

Eu e Felix trocamos um olhar rápido. Eu não queria dizer nada, e sabia que Felix também não. Mas o silêncio na sala era insuportável. Todos os olhos estavam sobre nós. Mas, antes que qualquer um de nós tivesse a chance de falar, Jisung, que estava recostado na cadeira com um sorriso irritante no rosto, decidiu abrir a boca.

— É verdade, sim. Eu vi eles juntos — disse ele, despreocupado, jogando a bomba sem nem pensar duas vezes — Vi e ouvi, inclusive.

Fiquei furioso. Minha respiração acelerou, e eu virei para encará-lo, sentindo o sangue subir ao meu rosto.

— Que porra é essa, Jisung? — soltei, não acreditando que ele tinha nos entregado tão facilmente. — Você podia ter ficado de boca fechada.

Ele deu de ombros, como se não fosse nada.

— Qual é, Hyunjin, todo mundo já suspeitava, só dei o empurrãozinho que faltava. Vocês não escondem muito bem, de qualquer forma.

Felix ficou em silêncio ao meu lado, claramente desconfortável com a situação. Eu sabia que ele odiava esse tipo de confronto, mas o estrago já estava feito.

Park levantou da cadeira de repente, a expressão completamente transformada. Seu rosto estava vermelho de raiva, os olhos brilhando de fúria.

— Vocês dois estão loucos?! — gritou, batendo na mesa com força, fazendo todos na sala se encolherem um pouco. — Vocês acham que podem simplesmente fazer o que quiserem? Estamos em turnê, porra! A imagem da banda está em jogo, e vocês... vocês dois brincando com fogo assim!

Eu queria retrucar, queria dizer que não era da conta dele. Mas Felix segurou meu braço levemente, como se estivesse me pedindo para não piorar a situação. Park respirou fundo, claramente tentando se controlar.

— A partir de agora, isso acaba. Entenderam? — Ele olhou de um para o outro, como se estivesse esperando por uma confirmação. — Vocês estão proibidos de namorar. Não quero mais ver nada disso acontecendo. Se querem continuar na banda, é isso. Se for pra ser algo mais que uma relação profissional, esqueçam. Vocês não podem namorar, ponto final.

Eu senti um nó no estômago. Felix, ao meu lado, parecia em choque. Park estava realmente nos proibindo de ficar juntos? Sim, estava.

— Você não pode fazer isso — murmurei, mas minha voz não tinha muita convicção. Lá no fundo, eu sabia que ele tinha o poder de nos controlar assim.

— Ah, posso sim, Hyunjin — respondeu Park, cruzando os braços. — Posso e vou. Se vocês dois não obedecerem, não tem mais banda. Não tem mais turnê. Acabou pra vocês.

O silêncio na sala era sufocante. Todos os outros membros da banda estavam quietos, provavelmente sem querer se envolver nessa confusão. Felix finalmente falou, a voz baixa e quase vacilante.

— Isso... Isso não é justo.

Park soltou uma risada sem humor, balançando a cabeça.

— Justo? Vocês acham que o mundo é justo? — Ele se aproximou de nós dois, seu olhar afiado. — Estamos em 1978. Dois homens namorando? Isso vai destruir tudo o que estamos construindo. As pessoas não vão aceitar, e a banda vai afundar junto com vocês. Vocês querem isso? Querem ser responsáveis pelo fim dos Stray Kids?

Eu não sabia o que responder. Claro que não queríamos isso. A banda era nossa vida, mas... como ele podia exigir que sacrificássemos nossa felicidade assim?

— Vocês têm uma escolha. Ou continuam juntos, e arriscam a carreira de todos nós... ou acabam com isso agora, pelo bem da banda. — Park finalizou, sua voz dura como uma lâmina.

Felix abaixou a cabeça, claramente devastado. Eu queria gritar, queria mandar Park se foder, mas não consegui. Estávamos presos. Não podíamos perder a banda, mas... o que isso significava pra nós dois?

O silêncio continuou, mas a decisão já parecia inevitável. Eu e Felix tínhamos sido colocados contra a parede, e a única opção era escolher entre a banda ou nosso relacionamento.

You're my morning sun Onde histórias criam vida. Descubra agora