Turnê Aurora

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Turnê Aurora (1978-1979)

Em fevereiro de 1978, começamos a turnê Aurora. Nosso primeiro destino foi Pittsburgh, nos Estados Unidos. Era a primeira vez que a banda viajava para fora da Coreia do Sul em uma turnê desse porte. A tensão entre nós continuava, claro. Mas ali, no avião, quando nos aproximávamos de Pittsburgh, havia uma excitação inegável. Não importava o que estivesse acontecendo entre nós, a ideia de finalmente tocar para um público ocidental e sair daquela bolha de conservadorismo era algo que todos nós esperávamos ansiosamente.

Quando descemos do avião, eu nunca vou me esquecer da cena. Havia uma legião de fãs esperando por nós. Cartazes, gritos, flashes de câmeras por todos os lados. Era uma loucura. Sabe, na Coreia, éramos populares, mas fora de lá, eu nunca imaginei que tivéssemos tanta repercussão. A diferença era notável. As fãs americanas eram mais ousadas e intensas. Muito mais.

Assim que descemos, fomos cercados. Uma garota correu na minha direção, os braços abertos, e antes que eu pudesse reagir, ela me abraçou forte. Senti várias mãos me puxando, tentando tocar em mim, algumas agarrando meu braço, outras tentando puxar minha roupa. A cada passo, parecia que mais pessoas se jogavam em cima de nós.

Olhei para o lado e vi Hyunjin sendo praticamente engolido pela multidão. Mas ele estava adorando. Ele sempre gostou dessa atenção, desse toque mais físico. Ele sorria, rindo de algo que uma fã havia dito, e continuava deixando que as garotas o tocassem. Vi uma delas correr a mão pelo cabelo dele, outra tocar seu rosto como se fosse um ídolo de mármore. Hyunjin adorava aquilo, claramente.

— Porra, elas são loucas aqui — Hyunjin comentou, rindo, enquanto tentava ajeitar a camisa que estava quase sendo arrancada.

— Eu acho que nunca vi algo assim na Coreia — comentei, ainda meio perplexo. Uma garota se aproximou de mim e pediu um autógrafo, e, como sempre, eu sorri e assinei. Algumas fãs eram tão intensas, mas eu sempre tentava manter a calma, ser mais contido. Não era muito do meu feitio me deixar levar por toda aquela euforia.

Enquanto eu me contentava em acenar e sorrir, Hyunjin mergulhava de cabeça. Vi outra garota se aproximar dele, com um olhar admirado, pedindo que ele autografasse algo — talvez uma camiseta, ou um caderno. Ele pegou a caneta com um sorriso, os olhos brilhando, e começou a assinar com a mesma confiança de sempre.

Foi então que olhei para trás e vi Jisung, Jeongin e Changbin em uma situação que era... no mínimo hilária. Jisung estava beijando uma garota, e logo depois vi Jeongin fazer o mesmo com outra. Changbin parecia estar curtindo também, mas o que realmente me fez rir foi quando vi Jisung autografando os seios de várias fãs.

— Olha só o Jisung... — eu comentei, rindo, apontando a cena para Hyunjin.

Hyunjin olhou para onde eu estava apontando e começou a rir alto.

— Esse cara é doido — ele disse, balançando a cabeça, mas sem esconder o quanto estava se divertindo com aquilo. — Ele vai acabar arranjando problemas assim, hein?

— Provavelmente — concordei, rindo também.

A cena era quase surreal. As garotas estavam enlouquecidas. Algumas estavam literalmente tirando as blusas e pedindo para que Jisung assinasse seus seios, e ele, com o maior prazer, autografava um por um, enquanto ria e brincava com elas. Eu e Hyunjin nos entreolhamos e não conseguimos segurar o riso. Aquilo era tão diferente do que estávamos acostumados na Coreia. As fãs sul-coreanas eram intensas, sim, mas muito mais contidas. Aqui, as coisas pareciam estar em outro nível.

Enquanto caminhávamos em meio à multidão, eu me mantive mais reservado. Sempre gostei de interagir com os fãs, mas de uma maneira mais calma. Eu sempre me esforçava para sorrir, acenar, assinar o que me pediam, mas eu não me jogava no meio de toda aquela loucura como Hyunjin ou Jisung. Quando uma criança se aproximou de mim, segurando uma foto minha com os olhos brilhando, eu me abaixei até o nível dela e conversei por alguns minutos.

— Oi! Como você se chama? — perguntei, sorrindo para a garotinha.

— Lily — ela respondeu timidamente, segurando o cartaz com força.

— Que nome bonito, Lily. Você veio aqui só para nos ver? — perguntei.

Ela assentiu, os olhos brilhando, e eu sorri ainda mais. Aquele tipo de interação sempre me tocava de um jeito especial.

Depois de assinar a foto dela, me levantei e continuei autografando outras coisas, enquanto Hyunjin continuava sendo praticamente engolido pela multidão de garotas.

— Elas vão te rasgar ao meio — eu disse a ele, brincando.

— Se eu sair daqui sem camisa, já vou considerar um sucesso — ele riu, sem se importar com a confusão ao seu redor.

Naquele momento, entre risadas e fãs eufóricas, senti algo diferente. Algo bom. Pela primeira vez em meses, parecia que estávamos vivendo um sonho. O sucesso da banda estava nos levando para lugares que nunca imaginamos, e, apesar de todos os problemas entre nós, naquele instante, ali no meio de Pittsburgh, a sensação era de pura euforia.

You're my morning sun Onde histórias criam vida. Descubra agora