Ajudando um amigo

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Após Kim Hanseo nos aceitar na gravadora, um novo mundo de expectativas se abriu diante de nós. Na nossa primeira reunião, ele foi claro e direto: precisávamos de músicas novas, composições e letras marcantes que falassem com o público. Além disso, era essencial criarmos uma imagem que nos tornasse reconhecíveis pelo nosso estilo único. Eu me sentia animado, mas também sobrecarregado com a responsabilidade que estava sendo colocada sobre nossos ombros.

Chan e Changbin estavam trabalhando incansavelmente. Eu os via sentados em uma mesa, cercados de cadernos e canetas, escrevendo e riscando ideias a cada momento. Mas, apesar de todo o esforço, nada parecia agradar Kim. Ele se mostrava impaciente, suas sobrancelhas franzidas enquanto analisava as letras que apresentávamos.

Em um desses dias difíceis, após mais uma sessão de composições frustradas, Hanseo nos olhou de forma intensa.

— Felix, Hyunjin — começou ele, chamando nossa atenção. — Que tal vocês dois tentarem compor juntos? Se os vocalistas cantarem letras que realmente sintam, isso trará mais emoção às músicas. O que vocês acham?

Troquei um olhar com Hyunjin, e uma onda de nervosismo me invadiu. A ideia de trabalhar com ele em uma composição era empolgante, mas eu não tinha tanta intimidade com Hyunjin, e isso me deixava tenso.

— Eu... acho que pode ser uma boa ideia — respondi, tentando disfarçar a ansiedade. — Trabalhar juntos pode nos ajudar a capturar o que sentimos.

Hyunjin acenou, mas notei que ele também parecia um pouco apreensivo.

— Sim, vamos tentar. Mas, ei, vamos com calma. Não precisamos nos pressionar.

A conversa de Kim nos deixou com uma sensação de urgência, mas eu sabia que compor algo significativo não aconteceria da noite para o dia. A ideia de nos aprofundarmos em nossos sentimentos e experiências juntos me deixava nervoso.

— Podemos pensar sobre isso primeiro? — sugeri. — Talvez um pouco de tempo para refletir sobre o que queremos transmitir.

Kim sorriu, parecendo compreender nossa hesitação.

— Claro, tomem o tempo que precisarem. O importante é que quando vocês decidirem compor, façam isso de coração.

Mais tarde, naquela noite, algo aconteceu.

Naquela época, a banda morava em um dormitório, uma espécie de abrigo que compartilhávamos em meio à nossa busca incessante por sucesso. Era comum todos dormirem cedo após longas noites de ensaio e shows, mas eu sempre parecia ser o único que permanecia acordado. A insônia me acompanhava, talvez por causa da ansiedade ou do desejo de refletir sobre a música que ainda estávamos por criar.

Numa dessas noites, enquanto eu observava as sombras dançarem nas paredes, ouvi a porta se abrindo lentamente. Fui até a sala e vi que era Hyunjin, cambaleando e visivelmente bêbado. Seu olhar estava um pouco turvo, e o cheiro de cigarro pairava no ar ao redor dele.

— Hyunjin — chamei, preocupado. — O que aconteceu?

Ele não conseguiu me responder de imediato, apenas riu de forma desajeitada, como se a situação fosse hilária. Mas, ao me aproximar, percebi que ele tinha algo na mão — um pó branco que estava cheirando. Meu coração disparou.

— O que é isso? — perguntei, tentando manter a calma.

— Ah, relaxa, Felix! É só um pouco de diversão! — ele respondeu, com um sorriso bobo que não combinava com a situação. — Estou só... aproveitando a vida.

Ele começou a cambalear, e eu sabia que precisava agir. Rapidamente, fui até ele e o segurei pelos ombros.

— Hyunjin, você precisa parar com isso. Vou te levar para o seu quarto.

Ele hesitou por um momento, mas a determinação no meu olhar pareceu convencê-lo.

— Ok, ok. Você é o chefe, Felix — disse, rindo novamente, mas agora de forma mais contida.

Com cuidado, comecei a guiá-lo para o seu quarto, mas ele era mais pesado do que esperava. Suas pernas pareciam não querer cooperar, e eu tive que fazer um esforço extra para mantê-lo em pé. O caminho até o quarto dele se tornou um verdadeiro desafio, e o barulho de seus passos desajeitados ecoava pelo dormitório silencioso.

— Você sabe que isso não é saudável, certo? — perguntei, tentando iniciar uma conversa enquanto o ajudava a se equilibrar. — Você precisa se cuidar melhor.

— Ah, vem cá! Você está se preocupando demais. Eu sou jovem! — ele respondeu, mas a leveza em sua voz não era suficiente para esconder a vulnerabilidade que sentia.

Finalmente, chegamos à porta do quarto dele. Abri a porta e o conduzi para dentro, colocando-o na cama. Ele se deixou cair, um sorriso bobo ainda presente no rosto.

— Você é um bom amigo, Felix — disse ele, seus olhos se fechando lentamente. — Sempre me salvando.

Senti um misto de alívio e preocupação. Olhei para ele, deitado ali, e o desejo de ajudá-lo cresceu. Não queria que ele se afundasse na bebida e nas drogas. Precisava que ele entendesse a importância de cuidar de si mesmo, principalmente com tudo o que estávamos enfrentando.

— Você precisa tomar um banho — disse, decidindo que era o melhor para ele. — Vou te ajudar.

Ele apenas assentiu, ainda confuso. Assim, fui até o banheiro e liguei o chuveiro, ajustando a temperatura antes de voltar para ajudá-lo a se levantar. Hyunjin mal conseguia ficar em pé, então, com cuidado, o apoiei enquanto ele se levantava.

— Você é tão… — ele murmurou, antes de começar a se despir. Eu não sabia se ele estava se referindo a mim ou a algo mais, mas não pude deixar de me sentir corado quando ele ficou nu na minha frente.

A imagem de Hyunjin, com seu corpo alto e magro, mas definido, ficou gravada na minha mente. Era difícil não notar a beleza dele, e eu rapidamente desviei o olhar, tentando me concentrar em ajudá-lo.

— Vamos lá, entre no chuveiro — disse, puxando-o suavemente.

Ele se deixou levar, e assim que a água começou a cair sobre ele, pude ver a expressão de alívio em seu rosto. Ele murmurava palavras sem sentido, perdido em seus pensamentos, enquanto eu segurava o chuveiro para que ele não escorregasse.

— Isso é bom — ele disse, um sorriso leve se formando em seus lábios. — Muito bom.

— Sim, é — concordei, sentindo meu rosto esquentar ainda mais. — Você só precisa relaxar e deixar a água fazer o trabalho.

Enquanto ele se ensaboava, eu não pude deixar de notar o quanto sua beleza era impressionante. A água escorria por seu corpo, destacando cada músculo definido e cada linha. Eu sabia que precisava manter a compostura, mas a proximidade e a vulnerabilidade dele me deixavam em uma posição estranha.

— Você é incrível, Hyunjin — murmurei, tentando manter a conversa leve. — Apenas se cuide, por favor.

Ele sorriu para mim, ainda com aquele olhar distante.

— Eu sei… você se preocupa muito, Felix. Não precisa.

— Eu me importo com você — respondi, finalmente me permitindo olhar em seus olhos.

Ele riu suavemente, um som que encheu o banheiro.

— Você é um amigo e tanto.

Depois de alguns minutos, ele parecia mais sóbrio, e eu o ajudei a sair do chuveiro, cobrindo-o com uma toalha. O calor no meu rosto persistia, mas o mais importante era que ele estava seguro e limpo.

— Agora, vamos te colocar na cama — disse, enquanto o guiava de volta ao quarto.

Assim que ele se acomodou, respirei fundo, ainda processando tudo o que havia acontecido. Sabia que era uma noite que jamais esqueceria, e, acima de tudo, desejava que Hyunjin encontrasse um caminho mais saudável, longe das sombras que pareciam cercá-lo.

You're my morning sun Onde histórias criam vida. Descubra agora