A liberdade de estar no palco

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Eu amava estar na estrada. Era a sensação de liberdade, de estarmos sempre em movimento, de não pertencer a lugar nenhum e ao mesmo tempo a todos os lugares. O ônibus se tornava nossa casa, o palco nossa vida. Passávamos por várias cidades e estados da Coreia, e a cada parada, era o mesmo alvoroço. As fãs gritavam nossos nomes, imploravam por autógrafos, olhares, qualquer coisa que pudessem levar de nós.

Jisung e Changbin, sempre os mais ousados, aproveitavam o momento. Eles beijavam as fãs na boca, como se aquilo fosse a coisa mais natural do mundo. Eu achava engraçado como as garotas praticamente desmaiavam logo depois, como se tivessem acabado de receber uma bênção. E por mais que eu não fosse do tipo de beijar desconhecidas, eu entendia o que aquilo representava. Ser uma estrela de rock era ser inalcançável, mas ao mesmo tempo estar ali, tão perto, tão real.

Eu autografava camisetas, discos, às vezes até pedaços de pele exposta. Sempre com um sorriso, sempre dando atenção. Porque eu sabia que, no fundo, a magia estava ali, naquele contato rápido, naquela troca momentânea de energia.

Hyunjin sempre estava ao meu lado, com seu cigarro pendurado nos lábios, o ar despreocupado e descolado que ele parecia carregar como uma segunda pele. Ele tinha aquela confiança natural, como se o mundo inteiro fosse só uma extensão do seu próprio corpo. A fumaça do cigarro misturava-se ao ar, e eu sempre me perguntava como ele conseguia manter essa postura tão cool o tempo todo.

Nos shows, era onde eu realmente brilhava. Eu sabia disso. Sabia que todos me olhavam de forma diferente. Eu ousava nas minhas produções porque gostava de brincar com a dualidade. Minha voz era forte, potente, grave, mas eu… eu era pequeno, delicado, quase feminino. E era exatamente essa contradição que me fascinava e que fascinava o público.

Naquela turnê, eu me maquiava mais do que nunca. Passava sombra escura nos olhos, contornava-os com delineador, deixava meu olhar ainda mais profundo. Usava batom suave, algo que realçava meus lábios sem parecer óbvio. Eu queria que as pessoas vissem algo diferente em mim. Algo que as confundisse, que as fizesse se questionar.

Minhas roupas eram uma provocação por si só. Sempre femininas, sempre justas. Croppeds que deixavam minha barriga exposta, calças apertadas ou saias curtas que mostravam minhas pernas. Eu sabia que atraía olhares. Eu gostava disso. Sentia o poder que vinha com aquela atenção, o desejo de ser visto não apenas pela minha música, mas pela minha presença.

E o cabelo… Ah, o cabelo. Eu o deixava solto, sempre. Os fios loiros caíam pelos meus ombros, quase ultrapassando-os. Eu sabia que chamava a atenção quando mexia a cabeça no palco, quando os cabelos voavam junto com meus movimentos. Cada gesto, cada passo era calculado para ser uma performance.

Quando eu entrava no palco e começava a cantar, a energia mudava. Minhas roupas e minha aparência poderiam ser delicadas, mas minha voz… Minha voz dominava o ambiente. Ela era grave, rouca, poderosa. Eu me destacava porque ninguém esperava que um garoto como eu tivesse uma voz tão profunda. E isso, para mim, era a melhor parte. Desafiar expectativas, quebrar estereótipos. Mostrar que eu era mais do que apenas um rosto bonito.

Eu amava ver as expressões de surpresa no público quando a música começava. Era como se, por um momento, eles se perguntassem se realmente era eu cantando. Aquele choque inicial logo se transformava em admiração, e eu sentia a energia fluir do palco para a multidão. Eu sentia o poder que minha voz tinha sobre eles.

E Hyunjin… ele sabia. Ele sempre soube. Nos palcos, havia uma química inegável entre nós. Quando cantávamos juntos, especialmente em músicas como Stolen Breath, era impossível não perceber. Ele me olhava daquele jeito, com os olhos semicerrados e aquele sorriso cafajeste nos lábios, enquanto nossas vozes se misturavam no microfone. E eu? Eu sempre cantava olhando para ele, provocando de volta, jogando com o que sentíamos.

Ninguém precisava saber o que acontecia nos bastidores. Ninguém precisava entender a intensidade do que tínhamos. Eles só precisavam sentir o que sentíamos no palco. E, honestamente, isso era tudo o que importava.

You're my morning sun Onde histórias criam vida. Descubra agora