You're my morning sun

Livres para o amor

Nós havíamos acabado de tocar Through the Noise, e como sempre, o estádio explodiu em gritos e aplausos. A adrenalina estava em alta, mas havia algo diferente no ar, algo que eu não conseguia identificar.

Ao final da música, observei Hyunjin cochichando para Minho, depois para Jeongin, Seungmin, Jisung, e, por fim, para Chan e Changbin. Todos pareciam compartilhar um segredo, e eu não fazia ideia do que estava acontecendo. Minhas mãos suavam um pouco no microfone, a sensação de não saber o que viria a seguir me deixava inquieto.

Então, Hyunjin voltou ao seu lugar no centro do palco e se aproximou do microfone. Seu olhar encontrou o meu, e eu senti meu coração disparar. Ele deu um sorriso tímido, como se fosse um aviso, e disse:

— A próxima música é sobre estar apaixonado. É sobre encontrar alguém que te tirou do escuro... é sobre Aurora.

Ele falou isso olhando diretamente para mim. Por um momento, o mundo parou. Minhas mãos tremiam, e meus olhos começaram a se encher de lágrimas. Eu sabia o que estava por vir, mas ao mesmo tempo, não estava preparado para aquilo.

A primeira nota da melodia de Aurora ecoou pelo estádio. Hyunjin fez um gesto pedindo que a plateia cantasse, e eles começaram, suas vozes unindo-se como um coro celestial.

O estádio se transformou em um mar de luzes, os fãs seguravam velas ou erguiam a luz de seus isqueiros, preenchendo o espaço com pequenos pontos brilhantes. Era uma visão mágica, como se o céu tivesse descido até nós, e eu estava no centro de tudo isso, de pé ao lado de Hyunjin, tentando não desmoronar.

I don't know who I am...
Baby, baby, baby...
Do you know who you are?

Minhas lágrimas caíam sem parar. Cada palavra daquela música me rasgava por dentro, mas ao mesmo tempo, havia uma doçura ali. Nós dois, apesar de tudo, ainda estávamos ali. Mesmo separados, nosso amor persistia naquelas notas, naquelas palavras que Hyunjin escreveu pra mim anos antes.

Is it out of our hands?
Tell me, tell me, tell me...
How we made it this far.

Eu olhei para Hyunjin e vi que ele também estava emocionado. A plateia continuava cantando, como se também compartilhassem aquele momento conosco. O mar de luzes brilhava ainda mais forte, e eu me senti completamente tomado pela emoção. Chorando, mas feliz, porque apesar de tudo, tínhamos algo especial que ninguém podia tirar de nós.

Então, eu e Hyunjin cantamos o refrão juntos, no microfone como sempre fizemos. Nossas vozes juntas, harmoniosas, o coro da plateia ao fundo. Aquilo... aquilo era como se estivéssemos compartilhando nosso amor com os fãs.

Hyunjin cantava com intensidade enquanto minha voz falhava porque eu estava chorando. Ele me olhava nos olhos, cantando diretamente para mim.

— Aurora, I'm here \ I won't disappear again / How soon can you come? / You're my morning sun...

Eu sorria, em meio às lágrimas. Eu era a Aurora dele. Acho que no fundo eu sempre soube disso.

Enquanto a música chegava ao fim, Hyunjin se aproximou mais de mim e, por um breve segundo, sua mão tocou a minha. Foi um toque rápido, mas profundo. Ninguém viu, e talvez fosse melhor assim, mas naquele instante, soube que, não importa o que acontecesse, uma parte de nós sempre estaria ligada por algo maior do que qualquer obstáculo que enfrentássemos.

Eu observei Hyunjin sorrir para a plateia, aquele sorriso que ele dava quando algo importante estava prestes a acontecer. Era como se ele estivesse prestes a atravessar uma linha invisível. Um silêncio profundo tomou conta do estádio, e de repente, o mundo inteiro parecia preso àquele momento.

Hyunjin tirou a guitarra dos ombros com cuidado, deixando-a de lado, e segurou o microfone com as duas mãos. Meu coração disparou, e a tensão no ar era palpável. Olhei para os outros membros, todos parados, incrédulos, mas ninguém se movia. Eles sabiam, assim como eu, que algo grande estava prestes a acontecer, mas ninguém ousava interferir.

Hyunjin começou a falar, e sua voz, embora firme, carregava um peso emocional que ele mal conseguia esconder.

— Eu... — ele começou, a voz trêmula. Ele respirou fundo, como se estivesse reunindo coragem. — Estou cansado de fingir.

Minhas mãos tremiam enquanto eu ouvia aquelas palavras. Minhas pernas pareciam fracas, e eu mal conseguia respirar. A plateia ficou em silêncio absoluto, o que só aumentava a gravidade do momento.

Hyunjin olhou para mim, diretamente, seus olhos encontrando os meus. Meu coração quase parou ali. Eu sabia o que ele estava prestes a fazer, mas não podia acreditar que ele realmente iria fazer isso, diante de todos.

— Eu estou cansado de me esconder — ele continuou, com a voz embargada pela emoção. — Cansado de esconder quem eu sou, de esconder o que eu sinto.

A plateia começou a sussurrar, mas Hyunjin não se deixou abalar. Ele olhou para mim mais uma vez, e era como se o tempo tivesse parado. E então ele falou, em alto e bom som, para que todos pudessem ouvir, sem qualquer hesitação:

— Felix, eu te amo. — Sua voz ecoou pelo estádio, clara e cheia de verdade. — Eu te amo, e quero que o mundo inteiro saiba disso.

Eu mal podia acreditar no que estava acontecendo. Minhas mãos estavam trêmulas, e o ar parecia faltar nos meus pulmões. As lágrimas escorriam pelo meu rosto, e eu senti meu coração acelerar como se fosse explodir. A plateia ficou em silêncio por alguns segundos, e então ouviu-se um suspiro coletivo. As câmeras apontadas para nós, os rostos de todos os presentes preenchidos com surpresa.

Eu não sabia o que fazer. Minhas pernas estavam presas ao chão, meu corpo inteiro tremia, e as lágrimas continuavam caindo. Tudo o que eu conseguia pensar era que, depois de tanto tempo, ele estava assumindo nosso amor para o mundo. Ali, na frente de todos. Eu olhei para Hyunjin e vi que ele também estava com os olhos marejados.

Ele se aproximou de mim, com passos firmes, e não me importava mais quantas pessoas estivessem assistindo. Quando ele ficou na minha frente, ainda com o microfone na mão, ele repetiu, com a voz agora mais baixa, mas igualmente intensa:

— Eu te amo, Felix.

Eu não consegui segurar. As palavras explodiram de dentro de mim, e eu falei de volta, mesmo com a voz embargada:

— Eu também te amo — Minhas palavras foram abafadas pelas lágrimas, mas ele ouviu. Ele sorriu, aquele sorriso que só ele tinha, e eu me senti derreter.

O estádio parecia em suspenso. O público reagia com uma mistura de gritos, aplausos e choque. Alguns estavam emocionados, outros apenas surpresos, mas todos sabiam que estavam testemunhando algo único. Algo verdadeiro.

Hyunjin estendeu a mão para mim, e eu a segurei, apertando forte, como se ele fosse minha âncora no meio daquela tempestade emocional.

— Isso... isso é real — ele disse, virando-se para a plateia, com um sorriso nervoso. — Eu não podia continuar fingindo. Não depois de tudo.

O público finalmente explodiu em aplausos ensurdecedores, inclusive os outros membros. Algumas pessoas choravam, outras gritavam nossos nomes. Era como se aquele momento fosse um clímax que todos esperavam, mesmo sem saber.

Eu continuei chorando, segurando a mão dele com força, sem querer soltar nunca mais. Eu estava finalmente livre, nós estávamos.