Medo de se apegar

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Eu não sabia o que Felix estava pensando enquanto a gente ficava ali, um de frente para o outro, mergulhados num silêncio estranho. Ele sempre teve essa aura, como se tivesse uma barreira invisível que ninguém conseguia ultrapassar. Eu sabia que ele estava fugindo de algo. Talvez fosse o que a gente sentia — ou talvez fosse o que ele achava que a gente sentia. No fundo, eu também estava fugindo. Não sabia lidar com essas coisas... sentimentos. Não sabia o que exatamente eu sentia, mas uma coisa era clara: eu queria ele.

Eu precisava dele.

Então, sem pensar duas vezes, eu o beijei de novo. Minha mão deslizou até a nuca dele, puxando-o para mim. O beijo foi lento dessa vez, mais profundo, como se eu quisesse gravar na pele dele que eu estava ali, e ele não precisava fugir. Eu amava beijar Felix. Amava o gosto da boca dele, o jeito como ele se entregava quando a gente se tocava, mesmo que ele tentasse lutar contra isso. Era como se, no momento em que nossos lábios se encontravam, tudo fizesse sentido.

Ele suspirou contra minha boca, e aquele som foi o suficiente para acender algo em mim de novo. Sempre era assim. Era como se cada beijo, cada toque, fosse uma centelha prestes a explodir em fogo.

— Hyunjin... — Felix murmurou, afastando-se um pouco, mas sem realmente sair de perto. O rosto dele estava a centímetros do meu, os olhos castanhos brilhando na pouca luz da cabana.

— O que foi? — perguntei, meu dedo ainda traçando o contorno da mandíbula dele, a pele quente e suave sob meu toque.

Ele hesitou, como sempre fazia quando estava prestes a dizer algo importante. Eu podia ver o conflito nos olhos dele. Felix não era de falar muito sobre o que sentia. Na verdade, ele era péssimo nisso. E talvez fosse por isso que a gente se entendia tão bem, porque eu também era.

— Isso... que está rolando — ele começou, a voz baixa. — é algo sério ou só... diversão?

Eu me afastei um pouco, surpreso pela pergunta direta. Normalmente, a gente simplesmente... evitava. Não discutia o que estava acontecendo entre nós. E, honestamente, eu preferia assim. Porque pensar muito sobre isso era complicado demais.

— Eu não sei — admiti, passando a mão pelo meu cabelo, nervoso. — Mas... eu gosto disso, sabe? Eu gosto de você, Felix. Gosto de estar com você.

Ele baixou os olhos, como se estivesse tentando processar o que eu tinha acabado de dizer. Ou talvez estivesse esperando que eu dissesse mais, que eu explicasse melhor. Mas o problema era que eu não sabia explicar. Não tinha palavras pra isso.

— Eu também gosto de você — ele disse, finalmente, e o peso daquelas palavras me atingiu de um jeito que eu não esperava. — Só... às vezes eu sinto que não sei onde isso vai parar. E eu fico com medo.

Eu senti meu peito apertar ao ouvir isso. Felix tinha razão. A gente nunca falava sobre o que estávamos fazendo ou para onde isso ia. Só vivíamos no momento, sem pensar no futuro. Talvez ele quisesse algo mais... algo que eu ainda não estava pronto para lidar. Mas mesmo assim, eu queria ele. Precisava dele. E naquele momento, só isso importava.

— Eu não quero que você tenha medo — falei, aproximando-me novamente, colocando uma mão no rosto dele, o polegar acariciando suavemente a pele. — Eu também não sei onde isso vai dar, mas... eu gosto.

Ele levantou os olhos, e por um segundo, eu vi algo mais ali. Algo que ele estava tentando esconder há muito tempo. Mas, em vez de responder, Felix apenas assentiu, como se aquilo fosse o suficiente por agora.

Então, eu o beijei de novo.

Dessa vez, o beijo foi mais urgente, mais cheio de necessidade. Ele correspondeu na hora, as mãos dele subindo até meu pescoço, me puxando mais para perto. Era sempre assim com a gente. Toda vez que parecia que as palavras não eram suficientes, os toques falavam por nós. A boca dele movia-se contra a minha com uma intensidade que me deixava meio tonto. Eu amava isso. Amava como ele me fazia sentir, como cada parte do corpo dele parecia se encaixar perfeitamente com o meu.

Eu o empurrei gentilmente de volta na cama, ficando por cima dele, mas mantendo o beijo. As mãos dele deslizaram pelos meus braços, depois pelas minhas costas, e o toque me fez estremecer. Era como se ele soubesse exatamente onde me tocar para me fazer perder o controle.

— Hyunjin... — Felix murmurou de novo, mas dessa vez, havia algo mais na voz dele. Algo que me fez parar por um segundo.

Eu olhei para ele, observando o rosto corado e os lábios inchados pelos beijos. Ele estava tão lindo ali, deitado sob mim, os olhos escuros, os cabelos bagunçados. E, naquele momento, eu soube que, por mais que fugíssemos de qualquer definição do que a gente era, eu não queria fugir de Felix. Eu queria estar com ele, de qualquer jeito que fosse.

— Eu tô aqui, Lix — sussurrei, inclinando-me para beijar o pescoço dele dessa vez, sentindo-o se contorcer levemente sob mim. — E eu não vou a lugar nenhum.

Ele suspirou novamente, e dessa vez, eu sabia que não era só por causa do beijo. Era como se algo dentro dele tivesse se acalmado, mesmo que por um breve momento.

E, por enquanto, isso era o suficiente para nós dois.

You're my morning sun Onde histórias criam vida. Descubra agora