Transmissão de rádio

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Aquela manhã no estúdio de rádio já começou estranha. Todos nós estávamos cansados, a pressão estava aumentando, e parecia que os radialistas queriam nos cutucar até estourarmos. Eu sabia que o foco nas entrevistas tinha mudado. Não era mais sobre a nossa música, sobre a nossa turnê ou o sucesso que estávamos fazendo. Era sempre sobre mim e Felix.

Eu já tinha me acostumado com isso, até certo ponto. Mas sabia que aquilo estava irritando o resto da banda, principalmente Jisung. Ele sempre foi sensível sobre não receber a atenção que achava que merecia. E, honestamente, eu entendia o lado dele. A mídia tratava como se só eu e Felix existíssemos, como se os outros seis fossem meros figurantes. E isso estava desgastando todo mundo, criando tensões que a gente mal conseguia controlar.

— Então, Hyunjin e Felix, tem muita gente especulando sobre vocês dois. As pessoas querem saber... tem algo a mais além de trabalho entre vocês? — Um dos radialistas perguntou com aquele sorriso debochado, como se soubesse a resposta e só quisesse nos ver constrangidos ao vivo.

Felix abaixou o olhar, e eu senti a tensão subir de novo. Ninguém mais se mexia. Jisung, que estava no canto, com os braços cruzados e o maxilar travado, bufou. Eu sabia que aquilo não ia acabar bem. Eu senti o colapso antes mesmo de acontecer.

— Vocês não querem responder? — Outro radialista cutucou, rindo com os colegas. — Ou talvez querem manter o mistério?

Eu ia abrir a boca, dizer algo pra desviar, mas antes que eu pudesse, Jisung explodiu. Ele bateu com força no microfone que estava à sua frente, interrompendo o fluxo da entrevista.

— Tá de sacanagem? — Jisung gritou, a voz dele cheia de raiva. Todos os radialistas se calaram. — Vocês vão continuar falando só sobre esses dois? Não dá pra perguntar sobre mais nada, não? Eu tô de saco cheio dessa merda!

Os radialistas trocaram olhares rápidos entre si, e eu vi que um deles tentou abafar uma risada. Péssima ideia.

— Opa, calma aí, cara. Não precisa ficar nervoso. — Um dos radialistas disse, ainda com aquele tom de deboche na voz. — A gente só tá perguntando o que o público quer saber. Mas, se você tá com ciúmes, podemos falar mais sobre você, Jisung.

Foi nesse momento que tudo desmoronou.

Jisung não pensou duas vezes. Ele simplesmente levantou da cadeira e, antes que alguém pudesse reagir, deu um soco direto no radialista que tinha feito a piada. A confusão que se seguiu foi um caos completo. Todos os outros radialistas começaram a gritar, e a equipe técnica do estúdio correu para separar a briga. Mas Jisung estava furioso, e ninguém conseguia segurar ele.

— FILHO DA PUTA! — Jisung gritava enquanto tentava dar mais socos, completamente fora de si.

Eu me levantei rápido da cadeira, tentando ir até ele, mas Chan chegou antes e tentou segurar Jisung pelos ombros. Não adiantava nada, ele estava fora de controle.

— Jisung, para! — Chan gritou, tentando controlar o caos.

Minho e Changbin também tentaram ajudar, mas estavam em choque demais para realmente fazer algo. Foi então que Park apareceu, com a expressão mais furiosa que eu já tinha visto nele. Ele atravessou o estúdio, empurrando as câmeras e os microfones pelo caminho, e agarrou Jisung com toda a força.

— Já chega! — Park berrou, puxando Jisung para longe dos radialistas. — Vocês todos, fora daqui. AGORA!

Eu mal consegui processar tudo o que estava acontecendo. Estávamos sendo empurrados para fora do estúdio, a confusão continuava atrás de nós, com gritos e xingamentos. No meio de tudo isso, eu troquei um olhar rápido com Felix. Um olhar cheio de desespero, mas também de algo que a gente não podia expressar ali.

Enquanto saíamos do estúdio, Felix desviou o olhar para o chão, e eu segui o grupo para fora. Era só mais um desastre na nossa lista interminável de problemas.

Na van, o silêncio era quase insuportável. Jisung estava sentado no canto, de cabeça baixa, enquanto Park ainda bufava, claramente tentando controlar a raiva. Eu olhei para Felix de relance. Ele estava tenso, os dedos trêmulos sobre os joelhos. Não falávamos sobre o que tinha acontecido, mas ambos sabíamos que isso iria explodir de uma forma ainda pior.

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