ELA GOSTARIA DE DIZER QUE ASSIM QUE viu o seu pai, gritou e soltou tudo o que estava preso dentro de si, que foi firme, como gostava de pensar que era, mas bem, não foi isso o que tinha acontecido em absoluto.
Sentia-se hiperventilando. Seu corpo inteiro tremia e parecia ser feito de gelo, tudo doía. Era como se seu cérebro estivesse sendo perfurado constantemente por dezenas de enormes pregos quentes. Sua garganta ardia, tinha gritado?
Ao olhar para cima, percebeu que a boca do seu pai se movia enquanto olhava diretamente para ela, mas não importava o quanto se esforçasse, simplesmente não conseguia compreender. De repente, era como se não entendesse mais inglês.
Um menino ao lado dela parecia agitado, parecia estar gritando. Quem era ele? Ah... é o Nico. O meu irmão. É claro. Como eu pude esquecer? O que estava acontecendo?
Sua visão começou a escurecer e então ela não lembrou de mais nada.
Quando tornou a abrir os olhos, foi para se ter a sensação de estar caindo.
De supetão seus olhos estavam arregalados, mas não importava o quanto tentasse, não havia nada para ver a não ser a escuridão.
Estava tão surpresa, que não conseguia ao menos gritar.
Não sabia por quanto tempo esteve caindo. Na verdade, nem ao menos sabia se estava caindo, ou se estava se flutuando, ou voando... ou nada.
Aquilo podia estar durando semanas, dias, minutos ou até segundos. Onde quer que estivesse, era como se o tempo não existisse mais, o que não a deixou alternativas além da repetição do mesmo pesadelo que teve tantas vezes que nem ao menos conseguia contar.
A diferença era que aquilo não era um pesadelo. Aquela era a única coisa que tinha certeza. Seja lá o que isso seja, está de fato acontecendo.
Para sua surpresa, ela não caiu no chão como esperava. Na verdade, caiu de pé, como se estivesse desde o início apoiada sobre algo. Ao olhar para baixo, foi tomada pela surpresa ao perceber que seu corpo parecia ser feito de algo vaporoso – como o corpo de Bianca era nas raríssimas aparições. Por um momento, se perguntou se o choque de saber sobre o seu passado foi o suficiente para matá-la. Porém, assim que a névoa parou e seu corpo tornou a se tornar sólido, deixando para trás apenas seus membros com a impressão de serem absurdamente pesados.
Ela teve que abrir os olhos novamente – nem sequer tinha percebido que os fechara –, porém, nada disso importava. A escuridão sob suas pálpebras era igual à escuridão que a cercava; imutável.
Finalmente, o coração dela começou a acelerar dolorosamente em seu peito. Não.
— Olá? — Ela gritou, sua voz completamente tingida pelo pânico. — Nico? Pai? Alguém?
Ela correu para frente, tentando encontrar algum ponto de referência. Nem que seja uma parede, uma pessoa, ou até mesmo um monstro – qualquer coisa -, todavia, estava sozinha. Nem mesmo o eco de sua voz a respondia.
— Não. Não, não, não, não, não, não.
Seu pânico estava cada vez mais tangente. No seu subconsciente, sabia muito bem o quanto se descabelar e se desesperar era contraproducente, que apenas a cansaria e consumiria desnecessariamente a sua energia que iria precisar para o que quer que a aguardasse estando presa sabe-se lá onde. Ainda não tinha a mínima ideia do que deveria fazer.
Aquela escuridão não tinha fim. Não havia túnel algum para que conseguisse fugir, nenhum tipo de caminho para trilhar.
Não havia nada.
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𝐏𝐀𝐑𝐀 𝐎 𝐐𝐔𝐄 𝐄𝐑𝐀𝐌𝐎𝐒 𝐀𝐍𝐓𝐄𝐒 (𝐞 𝐭𝐮𝐝𝐨 𝐝𝐞𝐩𝐨𝐢𝐬)
FanfictionCom a chegada de Percy Jackson no Acampamento Meio-Sangue, Belle De La Vie tem a sensação de que nunca mais conseguiria um único momento de perfeita paz em sua vida. De repente, tendo que lidar com o fato de que há mais sobre seu passado e a históri...