107 - Para Sempre em Cada Amanhecer (MICHAEL SCHUMACHER)

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"Seria o mesmo se eu te visse no céu?"

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"Seria o mesmo se eu te visse no céu?"

***

Os dias seguintes passaram em um borrão. Gina e Mick estavam visivelmente abalados, mas tentavam ser fortes, talvez para me proteger. Eu via nos olhos deles a mesma dor que carregava no peito.

Certa noite, enquanto eu estava sentado na sala em silêncio, Mick se aproximou.

— Papai, será que ela ainda pode nos ver? — perguntou, a voz trêmula.

Eu o puxei para perto, passando a mão por seu cabelo bagunçado.

— Acho que sim, filho. Ela sempre estará conosco, em tudo o que fizermos.

Alguns dias depois, encontrei o caderno que Sn usava para escrever as cartas. Ela o deixara cuidadosamente guardado em nossa gaveta. Junto, havia um bilhete para mim:

"Michael, sei que isso será difícil, mas essas palavras são minha forma de continuar com você e com as crianças. Leia-as quando estiver pronto. Sempre sua, Sn."

Reuni Gina e Mick na sala, e juntos começamos a ler as cartas. Para cada um deles, ela deixou palavras que pareciam abraços:

"Gina, minha menina brilhante, nunca deixe que nada te impeça de seguir seus sonhos. Você tem a força de mil tempestades e a luz de um milhão de estrelas. Eu te amo além das palavras."

"Mick, meu menino doce, você é minha calmaria, meu refúgio. Nunca duvide de sua capacidade de conquistar o mundo. Eu estarei com você em cada curva do caminho."

Para mim, ela escreveu algo que me quebrou e me reconstruiu ao mesmo tempo:

"Michael, você foi o grande amor da minha vida. Não chore por muito tempo, pois meu maior desejo é que você viva plenamente, como sempre me fez viver. Cuide dos nossos filhos, mas não se esqueça de cuidar de você. E lembre-se: eu ainda estou com você, em cada amanhecer."

As crianças choraram, e eu também. Não de desespero, mas de gratidão. Ela nos deu algo inestimável — um pedaço dela para carregarmos conosco.

Com o passar dos meses, comecei a perceber que Sn não havia partido completamente. Ela estava nas risadas de Gina, na determinação de Mick, nas pequenas coisas do dia a dia.

Certa vez, enquanto estávamos todos no jardim, Gina apontou para o céu.

— Papai, olha ali! Parece uma estrela diferente.

Eu olhei para o céu, e ali estava uma estrela brilhante, isolada, mas reluzente.

— Talvez seja ela — murmurei, com um sorriso pequeno.

As crianças sorriram, e naquele momento, senti uma paz que não sentia há meses.

À noite, quando tudo estava em silêncio, eu costumava sair para o terraço e olhar para o céu. Era o meu momento com ela, o espaço em que podia falar tudo o que ainda estava preso no meu coração.

— Sn, espero que você esteja vendo isso. Gina está aprendendo a tocar piano, sabia? E Mick... bem, ele está determinado a seguir meus passos, mesmo que eu tenha minhas dúvidas sobre isso.

Eu ri sozinho, imaginando o sorriso dela ao ouvir essas palavras.

— Eles estão bem, meu amor. Eu estou tentando ficar bem também.

Um ano após sua partida, fizemos um pequeno ritual em homenagem a ela. Fomos ao nosso lugar favorito, aquele mesmo jardim onde havíamos caminhado tantas vezes. Levamos flores, rimos das histórias antigas e celebramos quem ela foi.

Naquela noite, de volta ao terraço, olhei novamente para o céu.

— Você foi minha melhor volta, Sn. Sempre será.

O céu estava claro, as estrelas brilhando intensamente. Uma brisa suave passou por mim, e, por um momento, jurei sentir o toque dela.

O "para sempre" que havíamos imaginado não aconteceu da forma que queríamos, mas em cada amanhecer, em cada sorriso dos nossos filhos, em cada memória que carregamos, ela continuava viva.

E assim, de alguma forma, nosso amor era eterno.

***

Fim!

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