111 - Ayrton Senna

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In Memoriam

"E eu vou até o fim do mundo por você

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"E eu vou até o fim do mundo por você."

***

A noite estava silenciosa, exceto pelo som suave da chuva batendo na janela do apartamento. As luzes da cidade refletiam nas gotas que escorriam pelo vidro, criando um espetáculo tranquilo e quase hipnotizante. Sentados no sofá, Ayrton e eu compartilhávamos o silêncio como tantas outras vezes. Mas naquela noite, havia algo diferente no ar. Ele parecia inquieto, suas mãos se movendo nervosamente sobre os joelhos, e seu olhar, apesar de focado em mim, carregava um peso que eu não conseguia decifrar.

Finalmente, ele respirou fundo, quebrando o silêncio. Suas mãos firmes seguraram as minhas, um gesto que sempre transmitia segurança, mas que agora parecia um pedido de coragem.

— Sn, eu preciso conversar com você sobre uma decisão que tomei — ele começou, a voz baixa, quase hesitante.

Meu coração acelerou. Não era comum Ayrton hesitar; ele sempre foi decidido, determinado. Por isso, eu sabia que o que estava por vir era importante, algo que ele vinha guardando e ponderando por dias.

— Eu vou para a Inglaterra — ele disse, depois de um momento que pareceu durar uma eternidade. — Se quero continuar crescendo, melhorar como piloto, esse é o próximo passo.

Eu fiquei em silêncio, processando suas palavras. A Inglaterra. Isso significava uma mudança completa de vida. Um oceano inteiro nos separaria de tudo que conhecíamos.

Ele continuou, sua voz séria, mas com um toque de vulnerabilidade que era raro nele.

— Eu sei que isso significa mudar tudo. E... se você quiser ficar ao meu lado, terá que deixar tudo aqui. Sua vida, seu trabalho, seus amigos.

Ele me olhou profundamente, seus olhos castanhos fixos nos meus, esperando uma resposta.

— Eu não quero te pedir isso, Sn, mas não posso ignorar o que sinto por você. E também não posso ignorar o que o automobilismo significa para mim.

Eu senti um nó na garganta. Ao me apaixonar por Ayrton Senna, eu sabia que estava escolhendo um homem que vivia por algo maior que ele mesmo. Suas corridas, sua paixão pelo automobilismo, sua determinação implacável — tudo isso fazia parte de quem ele era. Mas agora, essa paixão estava nos levando a um ponto de decisão que eu nunca tinha imaginado.

Tomei suas mãos entre as minhas, sentindo sua tensão. Ele estava pedindo um sacrifício, mas não apenas isso; ele também estava me oferecendo uma escolha.

— Ayrton, você realmente acha que eu te deixaria enfrentar isso sozinho? — minha voz tremeu, mas continuei, firme. — Eu sempre soube que o automobilismo é a sua paixão. E se isso significa largar tudo para estar ao seu lado, então é isso que eu vou fazer.

Ele piscou algumas vezes, como se estivesse absorvendo minhas palavras.

— Você está certa disso? — ele perguntou, a voz falhando de leve.

Ayrton raramente mostrava fraqueza, mas naquele momento, havia uma vulnerabilidade nele que me fez querer protegê-lo, mesmo que ele fosse o tipo de homem que sempre assumia o papel de protetor.

— Eu iria até o fim do mundo por você, se você quisesse.

As palavras saíram mais fáceis do que eu esperava, porque eram verdadeiras.

Ele não respondeu de imediato. Em vez disso, me puxou para um abraço apertado, envolvendo-me com seus braços. Senti o calor de seu corpo contra o meu, a batida rápida de seu coração.

— Obrigado, Sn — ele murmurou contra o meu cabelo. — Eu não sei o que eu fiz para merecer você.

— Você me amou, Ayrton — respondi, com um sorriso pequeno.

E era verdade. Ele me amou com uma intensidade que eu nunca tinha conhecido antes.

Os dias que se seguiram foram uma mistura de empolgação e medo. Havíamos decidido juntos, mas isso não tornava a mudança menos assustadora. As despedidas eram difíceis. Deixar minha família, meus amigos, minha carreira — tudo parecia um peso que só aumentava conforme o dia da partida se aproximava.

Ayrton, por outro lado, estava mais calmo. Ele parecia encontrar forças na certeza de que eu estaria ao lado dele. Às vezes, eu me perguntava se ele tinha ideia do quanto isso também significava para mim.

Na última noite antes de irmos para a Inglaterra, nos sentamos novamente no sofá, com a chuva batendo na janela como na noite da decisão. Ele segurou minha mão, seu polegar traçando círculos suaves na minha pele.

— Você está com medo? — ele perguntou, quebrando o silêncio.

Eu sorri, inclinando a cabeça para o lado.

— Um pouco. Mas também estou ansiosa.

Ele riu, aquele riso suave que parecia iluminar qualquer sala.

— É normal. Mas eu prometo que vamos fazer isso funcionar.

— Eu sei que vamos — respondi.

Eu sabia que o caminho seria difícil. Haveria desafios, dúvidas e talvez até arrependimentos. Mas também sabia que, enquanto estivéssemos juntos, poderíamos enfrentar qualquer coisa.

E naquela noite, ao olharmos para a chuva mais uma vez, senti uma calma inesperada. Eu estava pronta para seguir Ayrton até o fim do mundo — e além, se fosse necessário. Porque o amor verdadeiro não conhece limites ou barreiras. Ele é livre, como o vento que sopra pela pista de corrida, guiando os corações para onde eles pertencem.

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