Acordei sem ter noção de quanto tempo havia ficada desacordada, o suor e a quentura tomavam conta do meu rosto. O lugar em volta me parecia uma caverna, a chuva era forte lá fora, formando uma espécie de cortina de água, o lugar era incrível, a floresta e todo tipo de barulho animal. Se fossem outras as circunstâncias... Seriam outras circunstâncias. –Eu ri da piada interna.
Arthur estava apenas com a blusa fina branca, sua jaqueta estava sobre a bolsa na qual ele fez como travesseiro para que eu deitasse, San estava á uns dois metros de distância, dormindo tão tranquila que me pareceu nem se lembrar da onde estava. O príncipe percebeu que eu havia acordado e se aproximou.
-Como se sente? –Sentei e passei a mão na cabeça que parecia ter sido chutada algumas vezes.
-Só preciso sentar, minha cabeça tem que ser posta em ordem. Arthur? Você me parece exausto, e não se faça de durão, devemos ter apenas mais quatro horas antes do amanhecer, e San está bem, deite-se aqui! –Pousei a jaqueta sobre minhas pernas. – Qualquer que seja a situação na qual eu venha precisar de você... Lhe acordo. –Ele me olhou relutante, porém o sono e o cansaço pareciam vencer suas últimas forças.
-Se não se incomoda.
-Cale a boca e descanse, realeza! –Disse fazendo cara feia.
Dois minutos depois, Arthur caiu em sono. Olhei os irmãos durante uma hora ou mais, Arthur pôs as mãos em volta de minha cintura e se aconchegou, seja lá qual for o papel de uma mãe, eu estava chegando perto. San dormia bem, conforme a chuva aumentava, eu sentia sono gradativamente, até que botei a cabeça de Arthur sobre a bolsa e deitei ao lado dele. Só pedi aos céus que protegessem os guardas, porque todos três falharam e dormiram.
A chuva passou de inconveniente para um selo de um momento mágico, estávamos bem e confortáveis, mesmo nas circunstâncias em que se encontrávamos.
Abri os olhos depois de pelas minhas últimas contas mais ou menos duas horas, meu rosto estava tão próximo do de Arthur que quase não podia respirar com medo de acordá-lo, seus braços envolto de meu corpo, passei uma de minhas mãos com leveza em seu rosto tirando um pouco de terra que era a única coisa fora do lugar ali.
Se pode existir um ser que beire a perfeição, esse alguém é da realeza. Meus dedos deslizaram por seu rosto, o que o fez acordar, ele me olhou sem expressão alguma durante alguns minutos, seus braços se apertaram em minhas costas me fazendo ficar ainda mais próxima de seu corpo, ele tinha firmeza, tirou a mecha de cabelo sobre meu pescoço, à medida que seu rosto ia se aproximando minha respiração diminuía, até que seus lábios tocaram os meus, eu estava em casa, nada me era estranho, era um enfim. Suas mãos passaram dos meus cabelos ao pescoço pondo-as em minhas costas, senti sua respiração diminuir gradativamente depois de algum tempo, ele realmente dormiu ali. O que eu podia querer mais? Ele era príncipe o bastante para me respeitar e me manter imaculada até o casamento que nunca iria acontecer, meu coração estava feliz, estava à frente de quem sonhei nas últimas semanas, passei as mãos pelos braços de Arthur e assim me entreguei ao cansaço.
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Império
RandomPara provar que sua classe social não conta o que o futuro lhe reserva. Em um século XX onde o mundo é dividido em quatro. O livro começa com a morte do rei, deixando o país e todo povo em estado de choque, mas nada comparado com o estado de Arthur...