Wordsands
1960-Fred Adams-
-Sr.Adams?
-Sim?
-Tenho um recado da família Scaëfer. -A voz masculina disse ao interfone.
-Só um minuto. -Botei a camisa branca que estava sobre o braço dó sofá, me dirigi até o portão.
-Olá! -Bloquiei a luz do sol que ofuscava minha vista com a mão, pude ver um homem magro de terno e dois outros homens em um bacheta preto.
-Venho trazer o convite oficial do casamento de Arthur Scaëfer e Senhorita Harris. Aqui estão os termos de segurança. Tenha um bom dia senhor! -Fez gesto com a cabeça depois de ter entregue o papel em minhas maos, um celo real. Arthur realmente já se casaria.
Guardei o convite e as normas na gaveta da minha mesa de estudos. Peguei minha bolsa, o jaleco com meu nome, e bati a porta. Barulho do carro destravando, ligando, e então, motor rugindo, portão abriu e pude passar.
É um dia feliz, afinal, agora a América do norte terá um rei, e estará segura.
As ruas estavam movimentadas, uma correria sem fim, já posso imaginar a nossa falta de sossêgo nos próximos dias.
Entrei no estacionamento da Universidade, as coisas ainda estavam entrando no eixo, aos poucos, a perda da nossa classe foi terrível.
Passei pelo corredor, todos falavam algo sobre casamento, alguns poucos discutiam o jogo de basebol da noite passada.
Andei até a nossa nova sala. O Heitor achou que seria inesquecível a memória da dor, se tivéssemos que conviver na antiga sala de aula.
-Bom dia! -Beijei o rosto de Maenne, que claramente ficou sem jeito.
-Bom dia! -Sorriu. Fomos inseridos na segunda turma de medicina, de acordo com a idade, "Os sobreviventes" era assim que eramos conhecidos.
-bom dia, turma!
-Diaaa! -Um belo uníssono.
Encostei-me na carteira. Como tanta coisa pode ter acontecido em tão pouco tempo? Já se fazia seis meses desde a morte de Andrews. E desde então... Só tragédias. Só mortes, só erros.
Vi a aula passar, como um filme mudo, no qual você não está interessado em ver.
A sirene tocou, as pessoas saíram, a cena mais comum dos meus últimos dias. Não sei ao certo se passaria, mas nada mudava, nenhuma rotina tirava o peso das últimas fatalidades das minhas costas.
-Precisa de ajuda? -Segurei os livros de Maenne, ela estava com o braço esquerdo totalmente ingessado, alguns hematomas no rosto, e mancava, de certa forma, ainda era linda.
-Sim! -Sorriu desajeitada.
-Já ligou para alguém vir busca-lá?
-Não! Ainda não!
-Deixo você.
-Valeu! -Sorriu novamente. Voltamos pelo corredor e descemos a pequena escada da porta principal.
-Ali! -Apontei meu carro.
-Muito rico! -Riu.
-Nada! Para de besteira! Venha! -Pedi. Peguei seus cadernos, bolsa e botei no banco de trás, ajudei-a a entrar e sentar, e bati a porta.
-Vamos?
-Sim senhora! -Saí do estacionamento. -Como você está?
-Bem!
-Me fale a verdade Mai, sei que nada está bem.
-Tudo bem! Tenho tido pesadelos nos últimos dias, os tiros... Sangue por toda parte, eu sinto... Sinto tanto, Fred. -Lagrimas descerem em seu rosto, novamente eu sentia meu coração parar. Parei o carro ali, no meio do nada.
-Mai... -A abracei. -Estamos juntos! -Beijei seus cabelos. -Temos um ao outro. Tudo passará! -Afaguei. No fim, eu sabia que não passaria, eu também sentia que não, mas tínhamos um ao outro.
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Império
RandomPara provar que sua classe social não conta o que o futuro lhe reserva. Em um século XX onde o mundo é dividido em quatro. O livro começa com a morte do rei, deixando o país e todo povo em estado de choque, mas nada comparado com o estado de Arthur...