-Bom dia! -Disse para a minha mãe que tomava café sozinha.
-Bom dia! -Ela sorriu sem muita animação. -Como você está?
-Bem! Só muito enfadada de ficar todo o tempo deitada na cama de um hospital. Onde está meu pai? -Perguntei.
-Saiu cedo para abrir a loja. Ele deixou o carro.
-Que bom! -Eu disse mordendo o pão francês. -Vou sair.
-Aonde vai?
-Pegar um pouco de ar livre. -Abri os braços sorrindo, em sinal de liberdade. -Não vou demorar. Estarei de volta para almoçar com vocês.
-Cuidado!
-Sempre tenho, mas não me responsabilizo por mais ninguém.
-Aliça? -Ela gritou e eu voltei até a cozinha.
-Um? -Eu disse erguendo a sobrancelha.
-As chaves! -Ela fez uma cara de quem acha algo sem graça e me entregou. Eu ri e sai.
Nunca sei para onde ir quando estou entediada. Ando por toda a província até cansar e às vezes paro no Gramal.
Quando entrei na principal, vi um menino que parecia ter cinco anos de idade olhando para a pista, ele estava todo sujo e parecia procurar alguém. Sem dúvidas o loirinho de olhos claros mais bonito que vi por aqui. Estava em roupas sujas e rasgadas, não usava sapatos. O cabelo estava em corte sorvete, passando da orelha e brilhava como fios de ouro. Olhei-o por algum tempo. Parei o carro e atravessei a pista indo até lá.
-Oi?
-Olá! -Ele disse desconfiado.
-Você está perdido? -Perguntei.
-Não!
-Onde estão seus pais?
-Eles? -Ele perguntou e pensou por algum tempo até responder novamente. -Moro com o Norbeth.
-E quem é ele? -Perguntei ficando de joelhos onde ele pegava o lixo.
-Trabalhamos para ele. Mas se fizermos tudo, ele nos dá comida.
-Mas onde estão seus pais? -Insisti.
-Nós morávamos perto das casinhas doadas. Sabe aquelas depois da ponte fixa?
-Sim! Mas por que você não volta? -Perguntei sem entender.
-Você não vai entender.
-Você comeu hoje? -Perguntei vendo que estava bem sujo e um tanto magro.
-Não! Mas ontem comi bastante.
-Você pode esperar aqui? Volto já.
-Ele consentiu com a cabeça e eu sai. Com toda certeza eu estava disposta a ajudar. A primeira coisa seria comprar comida.
Parei em um restaurante simples. O primeiro que achei na mesma estrada.
-Bom dia senhora!
-Bom dia moça! -A senhorinha saldou com gentileza.
-A senhora pode me ver uma refeição completa para viagem?
-Agora mesmo! -Ela sorriu e entrou para a cozinha. O lugar não era luxuoso, parecia mais uma casa, mas era bem limpo e organizado.
-Você não prefere comer aqui? Não precisa se acanhar!
-Acanhar?
-Ter vergonha. -Ela respondeu e eu ri. É incrível como em um mesmo lugar existem milhões de palavras loucas e que você nunca ouviu falar.
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Império
RandomPara provar que sua classe social não conta o que o futuro lhe reserva. Em um século XX onde o mundo é dividido em quatro. O livro começa com a morte do rei, deixando o país e todo povo em estado de choque, mas nada comparado com o estado de Arthur...