Capítulo 6

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-Bom dia! -Disse para a minha mãe que tomava café sozinha.

-Bom dia! -Ela sorriu sem muita animação. -Como você está?

-Bem! Só muito enfadada de ficar todo o tempo deitada na cama de um hospital. Onde está meu pai? -Perguntei.

-Saiu cedo para abrir a loja. Ele deixou o carro.

-Que bom! -Eu disse mordendo o pão francês. -Vou sair.

-Aonde vai?

-Pegar um pouco de ar livre. -Abri os braços sorrindo, em sinal de liberdade. -Não vou demorar. Estarei de volta para almoçar com vocês.

-Cuidado!

-Sempre tenho, mas não me responsabilizo por mais ninguém.

-Aliça? -Ela gritou e eu voltei até a cozinha.

-Um? -Eu disse erguendo a sobrancelha.

-As chaves! -Ela fez uma cara de quem acha algo sem graça e me entregou. Eu ri e sai.

Nunca sei para onde ir quando estou entediada. Ando por toda a província até cansar e às vezes paro no Gramal.

Quando entrei na principal, vi um menino que parecia ter cinco anos de idade olhando para a pista, ele estava todo sujo e parecia procurar alguém. Sem dúvidas o loirinho de olhos claros mais bonito que vi por aqui. Estava em roupas sujas e rasgadas, não usava sapatos. O cabelo estava em corte sorvete, passando da orelha e brilhava como fios de ouro. Olhei-o por algum tempo. Parei o carro e atravessei a pista indo até lá.

-Oi?

-Olá! -Ele disse desconfiado.

-Você está perdido? -Perguntei.

-Não!

-Onde estão seus pais?

-Eles? -Ele perguntou e pensou por algum tempo até responder novamente. -Moro com o Norbeth.

-E quem é ele? -Perguntei ficando de joelhos onde ele pegava o lixo.

-Trabalhamos para ele. Mas se fizermos tudo, ele nos dá comida.

-Mas onde estão seus pais? -Insisti.

-Nós morávamos perto das casinhas doadas. Sabe aquelas depois da ponte fixa?

-Sim! Mas por que você não volta? -Perguntei sem entender.

-Você não vai entender.

-Você comeu hoje? -Perguntei vendo que estava bem sujo e um tanto magro.

-Não! Mas ontem comi bastante.

-Você pode esperar aqui? Volto já.

-Ele consentiu com a cabeça e eu sai. Com toda certeza eu estava disposta a ajudar. A primeira coisa seria comprar comida.

Parei em um restaurante simples. O primeiro que achei na mesma estrada.

-Bom dia senhora!

-Bom dia moça! -A senhorinha saldou com gentileza.

-A senhora pode me ver uma refeição completa para viagem?

-Agora mesmo! -Ela sorriu e entrou para a cozinha. O lugar não era luxuoso, parecia mais uma casa, mas era bem limpo e organizado.

-Você não prefere comer aqui? Não precisa se acanhar!

-Acanhar?

-Ter vergonha. -Ela respondeu e eu ri. É incrível como em um mesmo lugar existem milhões de palavras loucas e que você nunca ouviu falar.

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