-Nem sei o motivo de ter chamado você aqui. Apenas sinto muito, por tudo que passou.
-Eu entendo. -Sorriu fitando o chão.
-Nunca sabemos o que a vida quer proporcionar, se existe Deus, também seremos incapazes de entendê-lo.
-Concordo. Penso da mesma maneira.
-Não sabemos o porque de você ter sobrevivido, mas agora você está aqui. -Olhei. -Quer falar algo? Não sou a pessoa mais sensível da casa, mas... -Dei de ombros.
-Não tinha muito o que se fazer, nem eu mesmo pensei que sairia vivo, foram segundos antes de todos estarem em uma poça enorme de sangue. Eu não pude fazer nada, e não entendo nada no momento, só sinto que nada é real, que não aconteceu.
-Tudo bem! Tudo ficará bem. -Toquei em seu ombro. -Quer um abraço? -Ele suspirou e olhou para o céu. -Mas não sou boa nisso. -Forcei um sorriso. Ele abraçou-me gentilmente. Fiquei um tanto tensa e dura, mas era o melhor que podia fazer, não gosto de transparecer emoções. -Tudo ficará bem, Fred! -Falei com sua cabeça em meu ombro.
Era uma droga está abraçada com alguém, e ainda mais um total estranho, mas eu realmente sentia vontade de ajudar. Não sabia se era hora de soltar ele, nem se ele estava esperando eu parar de abraçar.
-Quer parar? -Perguntei.
-Que tipo de pessoa pergunta para poder cortar um abraço? -Sorriu.
-Não gosto disso, me sinto invadida.
-Estranho. Mas, tudo bem.
-Você ficará aqui? Não acha que pode ser perigoso?
-Confio em Arthur, somos uma família. Nada há de me acontecer.
-Você sabe que agora, com a morte de pessoas importantes, nada será como antes. Não é?
-Percebi isso mais cedo. -Rebati, seus olhos eram bonitos, não por cor, mas havia algo de novo, como se, não tem lógica.
-Quem é você?
-Sou Nicole Harris.
-E o que há por trás disso?
-Alguém sem sentimentos, ou ao menos que não gosta de tê-los, então creio que podemos voltar para o palácio.
-Você cheira há medo. -Concluiu. -Parece que se tranca de algo.
-Não gosto que me avaliem.
-Não estou!
-Que bom! -Olhamos para o céu, só a lua enfeitava, não havia uma estrela se quer.
-É lindo poder olhar o céu, e não sentir nada. -Ele entregou.
-Como nada? -Questionei.
-Nada de dor, nada de problemas. Quando você olha para o céu, parece que não existe nada abaixo dele.
-Eu acredito nisso. -Não o olhei.
-Onde está seu pai? -Fred perguntou. Não reconheci a raíz da pergunta.
-Onde está o seu? -Defendi.
-Bem... O meu está ocupado, ele é bastante atarefado, e carrega nas costas, grandes responsabilidades.
-Por isso você está aqui. -Concluí. Levantei do banco, comecei chutar algumas folhas no chão, e andar por todo o caminho à frente. Ele seguiu.
-Você gosta desse lugar?
-Sim. Me lembra infância, família, mas...
-Mas?
-Mas também me lembra todas as mortes, minha tia Beatrice, meu tio, o choro de Sandy, a morte... São coisas ruins.
-Quer um abraço? -Ele me surpreendeu.
-Por que eu iria precisar de um?
-Todos precisamos. Nenhum ser é auto suficiente.
-Um. -Dei de ombros e continuei caminhando.
-O que é isso? -Adams olhou para o pequeno papel em minha mão esquerda.
-Achei no jardin, mais cedo.
-Por que ainda está com ele?
-Um... Porque gostei da frase.
-Mostre!
-Uma história sempre pode ser mudada. -Tirei os olhos das palavras e o olhei. Ele parecia pensativo.
-Intrigante. Quem será que fez isso?
-Não sei. Mas gosto da frase. -Bocejei.
-Você parece cansada. Agora concordo em voltar. -Sugeriu.
Andamos em silêncio, fizemos todo o caminho de volta, dei mais alguns bocejos, eu estava exausta. -Opa! -Tropecei, Fred segurou meu braço, impedindo-me de comer grama.
-Efeitos do sono. -Disse.
-Venha! -Chamei. Passamos para os olhares das pessoas lá fora, a essa altura, todos deviam estar especulando quem seria Fred, e o porque de estar aqui.
Entramos na sala, ao mesmo tempo que o nome de Fred Adams foi chamado no gabinete.
-Acho que será ideal dormir um pouco, moça. -Indicou.
-Sim. Estou de todas as formas cansada.
-Até mais. -Fez gesto com a cabeça.
-Até mais! -Saí, deixando ele a abrir a porta de onde Arthur estava.
Entrei no quarto e fechei a porta. Me encostei nela. Fechei os olhos. Que cansaço!
O que seria de toda essa confusão agora? As coisas cada dia que passava, ficavam piores, Arthur só se enrolava, tudo estava desmoronando, e é difícil pensar que tudo dará certo.
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Império
RandomPara provar que sua classe social não conta o que o futuro lhe reserva. Em um século XX onde o mundo é dividido em quatro. O livro começa com a morte do rei, deixando o país e todo povo em estado de choque, mas nada comparado com o estado de Arthur...