-Como você se sente? -Perguntei para Arthur. Ele estava deitado à meu lado, já se fazia alguns minutos que nenhum de nós cortava o silêncio.
-Normal. -Disse sem me olhar.
-Você me ama?
-Natasha...
-Responda! Por favor.
-Não a amo. Isso não é novidade, não de hoje. O que aconteceu não muda nada.
-O que você sente?
-No momento?
-Sim.
-Nada. Preocupação, e apenas isso. Tantos problemas...
-Você acha que virá a amar-me?
-Não temos conhecimento sobre o futuro. Não posso prever nada.
-Você está frio.
-Sempre fui assim. -Forçou um sorriso ao me olhar.
-Você era assim com as outras mulheres com quem esteve?
-Mulheres?
-Sim.
-Aliça, foi a única mulher que tive, e que amei.
-Tudo bem. -Fechei a cara. A alma dessa mulher, parecia não desistir de meu noivo. Passávamos dias bem... E então...
-Espero que não fique chateada. Jamais irei abrir mão da verdade. Prefeito ser sincero sempre.
-Tudo bem. Só acho engraçado.
-O que?
-Ela já se foi, já não está entre nós, não sei ao certo o que prende você.
-Nem eu. -Pensou.
-Em que ela era melhor? -Fiz gesto com as mãos. Ambos estávamos deitados, encarando o teto. -Eu sou de linhagem real, Arthur, sei que apenas isso não conta, mas, sou a pessoa certa para você amar, para passar o resto de sua vida. Entre nós não há dificuldades. Podemos ser felizes tão facilmente.
-Talvez o problema seja esse.
-Como?
-Esqueça. Vamos deixar todo esse assunto de lado. Casaremos logo, não quero um clima ruim quando acontecer.
-Tudo bem. -Respondi. Ele levantou de minha cama. Aparentemente não estava à vontade, talvez tenha sido um erro meu, falar tudo que falei.
-A companhia foi ótima. -Forçou ser gentil. Era nítido que ele não estava bem com a situação.
Eu não sabia mais o que fazer para ter a atenção de Scaëfer, era meu dever dar um jeito na memória de Aliça Hamkins. Perto de às 7h decidi levantar.
Banhei enquanto pensava no próxima passo, eu precisava conseguir fazer com que Arthur nutrisse algum sentimento por mim.
Vesti um vestido bege, soltei os cabelos e segui pelo corredor, não havia ninguém. A hora era apropriada para que eu tentasse fazer algo.
Olhei em direção ao quarto de Nicole, tudo estava em perfeita ordem, se eu tivesse um pouco de sorte, ela não apareceria agora.
Arthur já havia decido, com todas as últimas consequências de sua ausência, ele havia triplicado a atenção ao trabalho. Abri a porta de seu quarto. O seu perfume era suave por todo o comodo.
Tentei forçar a memória, lembrar onde havia visto ele guardar uma caixa cor de madeira. Olhei em seu closet, não havia sinal dela. Corri para o criado mudo onde havia uma porta. Rapidamente abri, a caixa era exatamente cor de madeira.
Pensei antes de abrir, passou-me um calafrio, só de imaginar Arthur me pegando ali. Ajoelhei-me de frente para o móvel, abri a caixa, uma blusa, um celular, peças de roupa... Procurei por todo o fundo da caixa, a pulseira de compromisso da família de Arthur não estava, será se fora guardada em algum outro lugar?
Peguei a caixa, fechei a porta do criado mudo e saí do quarto. Corri até minha porta e a bati.
-Enfim segura! -Limpei o suor em meu rosto. Por que será que eu sentia tanto medo? Não estava fazendo nada de errado diante dos homens, Arthur não podia casar-se comigo, guardando restos mortais de outra mulher.
Joguei a caixa em baixo de minha cama, cobri com a barra do edredom. Ela teria que ficar ali até que eu conseguisse tirá-la do palácio.
-14 dias. -Risquei na notinha de calendário na parede.
Nada poderá nos atrapalhar de agora em diante.
Ele se ocuparia em estabilizar as coisas na província, eu ficaria com toda a tarefa da cerimônia de casamento, que religiosamente requer protocolos. Eu teria muito trabalho de agora em diante.
Onde eu jogaria essa maldita caixa? -Pensei.
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Império
CasualePara provar que sua classe social não conta o que o futuro lhe reserva. Em um século XX onde o mundo é dividido em quatro. O livro começa com a morte do rei, deixando o país e todo povo em estado de choque, mas nada comparado com o estado de Arthur...