Capítulo 14

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Na segunda, meu pai foi quem me deixou na UW. Já na sala ,a ruivinha do terceiro ano veio deixar pulseiras e crachás para mim e Fred.

-Vocês não precisam vir para os ensaios! Podem passar seus e-mails? Vou mandar o cronograma, ainda hoje.

-Ainda está usando o mesmo email? –Fred perguntou indo até a porta. Ele usava uma camisa formal branca e um jeans caqui. Afirmei com cabeça enquanto mordia os lábios. Ele digitou algo no caderno dela e vi a garota sair. Fred fechou a porta e entrou. Enquanto ele andava até a cadeira, todas as meninas olhavam como quem avalia um pedaço de carne. A única que não se moveu, foi Maenne, a garota estava com o rosto enterrado em seu caderno eletrônico.

-Eu posso ser pego por um míssil no caminho, mas não perco o Fredão rebolando. –Gritou Felipe no fundo da sala e todos riram. Não era possível entender nada, todos falavam ao mesmo tempo.

-Você disse que avisaria caso tivesse novidades. –Elo disse e deu-me o celular dela. Havia fotos e fotos do Gramy. Meu rosto estava em quase todas, cliquei na mesma que Arthur havia me enviado na madrugada passada. A legenda estava em negrito: "E poderia ele parar de admirar? Se nenhum outro homem na noite deixou de notar, como ele poderia?".

-Silêncio! –A professora de matéria médica homeopática gritou. Ela tinha um cabelo liso e armado, parecia usar capacete de motocicleta. Entreguei o aparelho celular de Elo por trás da cadeira. Não respondi a pergunta.

-Depois falamos. –Disse em voz baixa.

-Venha até a frente, senhor Bacheta! –A professora disse à Felipe, que obedeceu. –Quero uma aula de vinte minutos sobre a vida de Samuel Hahnemann.

-O que? –Ele gritou no ato, sendo pego de surpresa.

A professora Beth era rígida e sempre dava penas razoáveis para a desordem em sala de aula. Felipe pensou por quatro minutos e começou a explicar tudo que lembrava.
-Hahnemann é o pai da homeopátia, estudamos há alguns meses atrás sobre a vida e obra...

Durante o intervalo, Arthur disse que viria me buscar já que meu pai estava com o carro, não questionei e logo que o pequeno relógio na parede apontava 11h30 o carro já estava no estacionamento.

-Unh... Obrigada pela carona. Sei que você tem coisas mais importantes para fazer.

-Muitas coisas para fazer? Concordo! –Ele riu. - Mas não são melhores do que estar com você. –Piscou. –Não respondi, não era vergonha. Só não sabia o que dizer. –Quando corar ao ponto de não poder falar... Você não precisa. –Ele sorriu. Arthur é o tipo de homem que faz você ver sinceridade em cada pequena ação.

-Não é corar. Não estou acostumada, Arthur. É só. –Expliquei.

-Então você não costuma conversar com o sexo oposto? –Ele franziu a testa.

-Sim. Mas é diferente. –Como eu posso explicar que com ele é diferente? Não podia falar isso e entregar o jogo. Nem eu mesma sei o que sinto. E nunca tive nada parecido para comparar.

-Então vamos lá. Explique-me! Como diferente?

-Apenas diferente. Não sei explicar.

-Sandy ainda não saiu de casa depois da morte de nosso pai. Pensei que conhecer você, traria novidade. –Ah bom. Então eu sou tão boa assim? Pensei olhando para ele. –Não que você seja legal, mas é a opção que tenho no momento.

-Como é? –Eu arfei. Posso ter parecido irritada, mas ele não imaginaria o quanto. –Eu nunca obriguei você a ser meu amigo, Arthur. Scaëfer! –Disse falando com repulsa cada nome. –Você é tão irritante. A diferença é que EU tenho opções melhores. –Falei.

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