-Aliça Hamkins-
-Preciso que você preste um serviço para a família real! Por um mês ou talvez menos. Mas você pode optar por não aceitar, é claro. -Disse Arthur ao chegar às 7h em minha casa
-Você pode esperar alguns minutos enquanto banho? -Suspirei. -Venha! –Saí puxando ele pelo braço. -Espere aqui! -O deixei em meu quarto.
Arthur entrou e o levei até o quarto. A casa parecia pequena para tanta grandeza. Ele não pertencia ao meu mundo, mas isso não importava agora, o que realmente me intriga é o que vou precisar fazer, o que o trouxe a minha casa.
Deixei-o no quarto e banhei o mais rápido que pude, tentando adiantar o que quer que seja que estivesse por vir.
Acabei e voltei ao quarto com os cabelos molhadas e ainda de toalha. Ele me olhou por algum tempo, parecendo não esperar me ver assim.
-Você pode esperar lá fora?
-Claro! Desculpe-me! –Ele sacudiu a cabeça.
Quando acabei de vestir uma calça jeans e um moletom, abri a porta, bagunçando os cabelos úmidos com a toalha.
-É bem evidente sua paixão desvairada por livros, Aliça. Onde estão todos os sapatos e as outras frescuras de garotas?
-Ninguém pode possuir tudo! Quando você escolhe algo, é certo que terá que abrir mão de coisas que não são tão importantes quanto a sua escolha.
Ele pareceu pensar no que eu falei. Fui tão filosoFOFA assim?
-Você toca?
-Disse ele sorrindo gentilmente passando os dedos nas teclas do meu piano.
-Sim! Desde os doze anos, porém o piano só ganhei aos quinze.
-Seu pai?
-Não sabemos. Ele estava na porta de nossa casa, envolto de uma caixa com um símbolo gigante.
-Temos mais que um admirador por você, é isso? E o pior é que esse vem da infância. Ou então o amor de Noah é platônico infantil. -Eu sorri e ele se aproximou, beijou meus cabelos molhados e pegou em minhas mãos. Ambos sentamos em minha cama.
-Qual o favor que eu deveria oferecer ao seu país? -Eu disse fazendo reverência .
-Ah! Pare com isso! Não me sinto confortável quando você se coloca em um lugar abaixo do meu!
-Tudo bem! -Eu ri e coloquei uma de minhas mãos em seu rosto. –Você pode falar!
-Terei uma viajem às 9h. –Ele olhou no relógio.
-Ah tudo bem! Podemos sair quando você chegar.
-Não, Aliça! Isso pode demorar uns trinta dias, mais ou até menos.
-O que...
-Problemas! –Ele disse adiantado. –E tenho que ir o mais cedo possível. Vamos tentar passar esses longos dias fora e deixar evidente que eu e San estamos em casa. A acessória que cobre as notícias internas de minha casa, fará parecer que estamos de luto e que não vamos sair do palácio durante algum tempo.
-Por que?
-Caso vaze a informação de que não há ninguém no comando do país, teremos uma guerra... E logo depois uma vitória inimiga. E isso será perigoso para o país, Aliça! E até para você e sua família.
-Entendo! -Eu disse pensativa.
-Preciso que me garanta que essa informação não sairá de sua casa. Não confie em ninguém!
-Não confiarei! -Garanti.
-Boa menina! Ele disse sorrindo.
-Se o trabalho é guardar segredos de estado... Missão dada é missão cumprida! –Bati continência e ri.
- Não se adiante moça! Ele sorriu achando tudo engraçado. –Venha até o carro! - Eu o acompanhei.
-Saia! –Ele gritou e Sandy saiu do carro com uma mala maior que ela.
-Aliça! Vamos nos divertir tanto! -Wow! Eu perdi alguma parte da explicação? Pensei confusa. Arthur leu os pensamentos em minha expressão.
-Quero que fique com San! -Ele continuou. –Caso aconteça algo, você terá mais tempo para procurar um lugar seguro aqui do que qualquer um em minha casa.
- Saia San! –Eu gritei. Ela saiu fazendo gestos com as mãos.
-Vocês dois podem decidir? Dentro ou fora? -Ela realmente havia perdido a expressão de animação. Eu olhei para seu irmão e ambos rimos.
- Eu sei que vocês duas ficarão bem. Mitchel virá uma vez por semana certificar-se de que não precisam de nada.
-Arthur? Você volta? Né mesmo? -Ela o olhou desconfiada.
O príncipe abaixou até a altura certa para ficar ao alcance da garota e a abraçou cochichando algo em seu ouvido. Ele voltou ao carro para arrastar a mala e foi em direção à porta da frente de minha casa.
-Você realmente volta! Certo? –Eu disse só para ter certeza que não seriamos abandonadas. Eu ri.
-Vamos! Vocês duas! Não da para saber quem é a mais velha aqui. –Eu sorri e cruzei os braços. Ele foi em direção ao carro.
-Hamkins? Você pode entrar aqui só por um minuto? –Entrei no carro e fui surpreendida por um beijo. -Ele pôs as mãos em meu rosto e me olhou de uma forma que prendeu minha alma. -Vai passar rápido! Só preciso que você se mantenha viva e acima de tudo que proteja San. Tudo entrará na ordem certa.
-Eu confio em você! -Deixei claro que realmente havia confiança e esperança, que poderíamos ter um final feliz, ou ao menos um final, seja ele qual for.
-Teremos cinco meses para se casar! Pode parecer loucura, e você pode até ficar assustada, mas é a única forma de ficarmos juntos. -Ele pegou a caixinha preta no painel e abrindo tirou uma pulseira fina e simples, que logo foi posta e fechada sobre meu pulso, no braço direito.
Pude notar que dentro havia o brasão real, Aliça e um sobre nome, desviei o olhar para tentar entender o que se passava, o que tão rápido se passava ali. -Ele beijou minhas mãos e logo depois minha cabeça.
-Se cuide! Vai dar tudo certo! -Saí e entrei antes que o carro arrancasse. Voltei os olhos para a jóia delicada, e algo me fez acordar para realidade.
-Aliça Scaëfer! –Sandy gritou fazendo palhaçada, era exatamente isso, o segundo nome destacada no avesso da pulseira.
Entrei e expliquei tudo à minha família, papai ficou feliz em poder ajudar Arthur, sabendo de tudo que eles estavam passando.
Sandy falou algumas coisas e em seguida fomos para o meu quarto pôr tudo em ordem, inclusive a "pequena" mala.
-E quem sabe seremos uma família, Aliça!
-Sim! Quem sabe!
-Você não fica isolada ? Sem amigos, sem irmãos.
-Na verdade sim, outras vezes não, mas nem sempre, você pode entender porque também tem ficado sozinha por algum tempo, não é?
-Sim, mas um dia isso vai mudar, espero que não só eu, mas todo o País consiga ser feliz nos próximos anos, Arthur será um bom rei, e com você em casa, tudo vai ser melhor.
Acabamos a conversa e voltamos pra sala, onde passamos o resto da tarde jogando xadrez, papai não se importava em não nos deixar ganhar. Mamãe logo desistiu e foi pôr o jantar na mesa.
-Está pronto! –Gritou ela quando fomos para mesa na cozinha.
O jantar estava caprichado, e San comeu bastante. Depois, todos se recolheram, e pela primeira vez, havia algo no meu quarto que também respirava.
-Boa noite Aliça!
-Boa noite San!
∞∞∞∞∞∞
VOCÊ ESTÁ LENDO
Império
RandomPara provar que sua classe social não conta o que o futuro lhe reserva. Em um século XX onde o mundo é dividido em quatro. O livro começa com a morte do rei, deixando o país e todo povo em estado de choque, mas nada comparado com o estado de Arthur...