Capítulo 62

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-Nicole Scaëfer-

Meu primo estava exausto, virou à noite trabalhando, saindo, chegando, saindo de novo. Checando pistas junto aos homens nos computadores.

A cidade já havia sido fechada, mas tudo fora dobrado, toda segurança que havia, fora multiplicada. Natasha não desceu, Mit aparentemente já havia perdido a paciência com a filha de Harris.

-Arthur? -Natasha nos surpreendeu da escada. Todos olharam. Acho que ambos tivemos o mesmo raio pensamento...

-Estou cansada disso tudo! -Deu com as mãos, o fato era que todos veriam um barraco real no palácio in' inédito.

-Conversamos depois! -Scaëfer deu com a mão, deixando bem claro que não daria atenção a ela.

-Estou farta! -Falou entre suspiros. Não chamaria de gritos, porém, todos ouviram. Arthur andou até lá. Meu primo nunca sai da postura. Isso é uma das certezas no mundo.

-Você tem noção do que está acontecendo? De tudo que houve? -Falou calmamente olhando nos olhos dela. -Natasha. São vidas, eu sou o responsável, você pode entender? -Suspirou. -Setenta famílias entre as mais importantes do mundo, nesse exato momento querem minha cabeça. -Ele calou, provavelmente esperando que ela compreendesse.

-Eu entendo, mas quero que pense na nossa vida, que de alguma forma, agora é única e individual.

-Nós conversaremos depois. -Prometeu. As pessoas na sala principal estavam claramente envergonhadas.

-Tudo bem! -Fechou a expressão e deu as costas para nós.

-Desculpem o equívoco da parte de minha noiva. Creio que ela está tensa com tudo que tem acontecido. -Afrouxou a gravata. -Podem voltar ao trabalho.

-Arthur? -Chamei.

-Um?

-Tenha calma! Tudo irá se resolver.

-Como? Escute isso! -O barulho aparelhos celulares tocando incansavelmente. Realmente a situação ficaria apertada para Arthur. Essas famílias irão cobrar por uma promessa de proteção à seus filhos, proteção essa que falhou.

-Eu não sei. Mas vamos resolver, eu estarei com você! -Toquei no ombro dele. Nunca fui de demonstração de sentimento.

Tiramos a noite ali, Mit providenciou janta para todos, o chefe de segurança falou com todos os pais de alunos da Universidade, com toda certeza, o que ficou claro, é o fato de que muitos dos alunos que sobreviveram, seriam tirados da UW, e quem sabe de Wordsands.

-Tenente Lians?

-Sim? -Lians largou o celular e tornou a olhar para Scaëfer.

-O Heitor, está vindo, junto com o aluno que chamei, cujo pertencia à uma das classes atacadas.

-Será melhor falarmos... Um -Pigarreou. -Em um lugar mais reservado.

-Nicole?

-Sim?

-Estaremos no gabinete. Encaminhe o Heitor e a companhia dele, assim que chegarem.

-Está bem! -Consenti.

As horas se passavam, eu via o desespero das famílias nos telefonemas. Via o quanto meu primo estava sendo julgado no momento, ninguém entendia que ele não é um tipo de Deus, que tem poderes além de qualquer um de nós.

Perto de às uma hora da manhã, o Heitor chegou, acompanhado de Fred Adams, ambos vestiam preto, o jovem apesar de lindo, de todas as formas, estava visivelmente abalado.

-Boa noite, senhores! -Falou o senhor de cabelos grisalhos.

-Boa noite! -Alguns dos homens tiraram os olhos da tela de computador, outros, nem isso.

-Me acompanham? -Pedi.

Não ouvi nada, os passos me seguiram, paramos em frente a porta do gabinete.

-Você pode esperar aqui, Fred?

-Mas é claro. Leve o tempo que quiser. -Disse. A porta foi fechada, ficamos apenas eu e o rapaz.

-Sinto muito. -O olhei. -Seus amigos devem ser importante.

-Tudo bem! Não temos controle sobre muita coisa mesmo.

-Eu sei. E isso é lamentável.

-Sim.

-Você já tem informações do estado de saúde de suas colegas de classe que sobreviveram?

-Mariah infelizmente faleceu. -Encarou as paredes. -Maenne está em estado grave.

-Isso é realmente triste.

-Ela sairá dessa. -Olhou-me.

-Também espero isso.

-Você voltará para seu país natal?

-Não! Claro que não! Meus pais entendem tudo que tem acontecido, afinal é o mundo. Existe dor em todo lugar.

-Plausível! Tudo entrará nos eixos certos. Acredite.

-Sim! -Foi tudo que falou. Sei que por ter presenciado tudo, Adams estava em estado de choque, mesmo que não em desespero. Eu queria poder fazer algo para ajudar.

-Você já foi em casa? Digo... Já descansou?

-Ainda não. Estou acordado desde o momento em que...

-Não! Tudo bem. Não precisa falar. Podemos descer por alguns instantes?

-Tudo bem! -Não retrucou com negativa.

Descemos às escadas, passamos pela sala.

-Venha! Senhor Adms. -Chamei, tirando sua atenção de algum lugar da sala.

-Quer que eu à leve em algum lugar? -Perguntou quando saímos na porta principal.

-Não! Não é isso. Veja essas pessoas!

-O que tem elas? -Perguntou, olhando para os repórteres, e toda a população que fazia barulho fora das grades.

-Venha! -Chamei. Andamos por toda a extensão da faixada do palácio. O frio fez com que eu cruzasse os braços em volta do casaco. Fred andava encarando o chão, devagar, como se pensasse em algo. Passamos pelas quadras. A noite deixava tudo à meia luz, a grama, as árvores, e o céu, tudo parecia calmo. O barulho já ficava longe. -Podemos sentar aqui, se não se importar.

-Tudo bem! -Sentamos no banco antigo de ferro, de frente para os fundos de casa.

-Fred! -Passei uma perna para cima do banco, ficando de frente para ele. Seus olhos traziam traços de cansaço. Em uma primeira vez, ele me olhou nos olhos.


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