Ajudei Nicole subir novamente e sair da água. Mit, Adms e Mariah que já estava com toalhas brancas em mãos, vieram até nós.
-Aqui, senhor! -Ele pôs a toalha em meus ombros, Adms ainda olhava minha prima.
-Obrigado!
Nicole espremeu a blusa e passou jogando a água em Mit e Fred, balançou as mãos e saiu em direção ao palácio.
-Bem... -Sorri. -Aceitam carona?
-Sim, senhor! -Mariah respondeu. Entramos no carrinho de quatro lugares e voltamos para o palácio.
Assim que entramos na sala principal, percebi que ia molhar tudo por onde passasse, mas Nicole já havia começado o processo.
-Fred? Você pode vir. -Chamei. Não queria usar do gabinete para receber amigos próximos de Aliça, Fred me parecia confiável.
Subimos as escadas em silêncio, eu sentia uma espécie de algo de Aliça.
-Espero que não tenha parecido estranho, eu tê-lo chamado aqui. - Subi o último degrau.
-Não! Não tem o que se estranhar. -Ele acompanhou. -Na verdade, gostei de vê-lo. Sinto que Aliça está perto. Uma sensação confortante.
-Sinto o mesmo. -Declarei. Andamos pelo corredor, e então entramos em meu quarto.
-Bela vista! -Ele olhava para minha parede de vidro.
-Concordo. -Sorri. Andei até a parede onde ele olhava através do vidro. -Preciso saber se você tem informação de parentes ou pessoas próximas da família Hamkins.
-Há algum problema?
-Não! É algo pessoal.
-Queria poder ajudar. Mas Aliça não conversava muito sobre sua vida fora da Uw. Isso fazia parte do jeito dela.
-Sim.
-Aliça era uma ótima garota. Na verdade, a melhor que já conheci... Até hoje.
-Sim. -Concordei.
-Ela parecia feliz em estar com você. Apesar de não gostar da fama em nossa Universidade.
-Sente-se aqui. -Gesticulei para uma das cadeiras que estavam à frente da janela. Ele sentou e eu o acompanhei, ficando frente à frente,
-Parece estranho. De alguma forma, isso dói. Parece injusto, e não temos quem culpar.
-Acredite. Vamos ter a quem culpar. -Falei por fim
-Acho que já posso ir, certo?
-Fred?
-Sim. Ela parou onde estava.
-Não tenho conseguido assimilar tudo que está acontecendo, ainda vivo o estado de anestesia. Nos poucos minutos que a verdade é mais clara, isso me corta, de todas as formas. -Falei. -Eu gostaria de vê-lo por aqui, sempre que possível, eu confio em você, assim como minha noiva confiava.
-Virei. -Ele me abraçou. Observei Fred sair, em seguida tranquei a porta. Eu estaria só para olhar a caixa.
-Senhor? -Mit bateu na bendita porta que eu acabara de fechar.
-Sim?
-A refeição está posta. Senhorita Nicole já está na mesa.
-Diga que já estou indo.
-Certo. -Os passos se afastaram. Banhei tentando livrar-me da sujeira, ou da tristeza, a primeira opção é sempre mais viável.
Vesti-me e fui ao encontro de Nicole. Desci as escadas. Ainda abotoava minha camiseta preta.
-Mit?
-Sim, senhor?
-Você pode sentar-se conosco? -Pedi.
-Não creio que...
-Mit? -Repreendi. -Muita coisa não deveria acontecer. E olha onde estamos. -Falei. Nicole já comia em silêncio.
-Certo! -Ele sentou-se ao lado de minha prima.
-Alguém ficará aqui durante a reunião continental? -Mitchel quebrou o silêncio.
-Até agora, não. Mas de qualquer forma, aviso. -Depois disso nada mais foi dito, minha casa nunca havia sido mais desagradável. A reunião de concelho seria no papel, hoje a noite, porém, para questões de segurança, ela só acontece vinte e quatro horas depois do momento marcado. Cada reunião tem um código em números, que define o local.
Terminamos o almoço e subimos, Mit ficou, ele não parava um segundo. Nicole passou a tarde em meu quarto, conversamos sobre sua vida em Amsterdã e sobre o que ela havia feito todos esses anos.
-Quem era lá na lagoa?
-Como? -Fingi não entender.
-O rapaz.
-Sim. Amigo de Aliça. Da Universidade. -A olhei. Ela estava sentada em minha cama, e eu já estava deitado sobre o travesseiro. -Fred Adms.
-Um. -Ela fingiu não se importar.
-Acostume-se com isso. Ele virá aqui sempre. Se quiser. -Completei.
-Não dou a minima importância.
-Ei sei que da. -Sorri e a empurrei com os pés.
A noite logo chegou, quando não se faz nada... O dia é totalmente desperdiçado.
Nicole banhou em seu quarto e voltou para dormir comigo. Hoje seria meu último dia livre, depois da reunião, eu teria muito o que fazer. E ainda havia a questão Natasha Harris. Sentia vertigem só de pensar.
-Nicole? -Chamei. Ela já havia dormido.
Levantei da cama. Antes de apagar as luzes, fechei as cortinas. Fui até a caixa e peguei a blusa de Aliça. Não sei qual fora a intenção do tenente. Mas pude sentir o perfume que mais gostei até hoje antes mesmo de tirar da caixa. Deitei ao lado de Nicole, que estava virada para o outro lado. Senti o perfume no tecido e fechei os olhos. Já havia esgotado as minhas cotas de tentar pensar em maneiras de trazer San e Aliça de volta.
O cheiro me embriagava ao ponto de me causar arrepio. Eu deveria ter aproveitado mais de Aliça, ter ficado mais com ela, ter a beijado, sentido, e estado perto, mesmo que em silêncio. Há exatos nove anos atrás, descobri que o amor não morre com quem morre, ele fica e soma com a saudade , o que dobra de peso, e dói tanto, de forma que só a presença da pessoa, possa curar, possa fazer você feliz novamente. -Se você pode me escutar. Saiba que eu amo você. Com uma veracidade inacreditável. -Pensei, enquanto fechava as mãos em garra em sua blusa.
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Império
RandomPara provar que sua classe social não conta o que o futuro lhe reserva. Em um século XX onde o mundo é dividido em quatro. O livro começa com a morte do rei, deixando o país e todo povo em estado de choque, mas nada comparado com o estado de Arthur...