Capítulo 41

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Ajudei Nicole subir novamente e sair da água. Mit, Adms e Mariah que já estava com toalhas brancas em mãos, vieram até nós. 

-Aqui, senhor! -Ele pôs a toalha em meus ombros, Adms ainda olhava minha prima. 

-Obrigado! 

 Nicole espremeu a blusa e passou jogando a água em Mit e Fred, balançou as mãos e saiu em direção ao palácio.

-Bem... -Sorri. -Aceitam carona?

-Sim, senhor! -Mariah respondeu. Entramos no carrinho de quatro lugares e voltamos para o palácio.

 Assim que entramos na sala principal, percebi que ia molhar tudo por onde passasse, mas Nicole já havia começado o processo. 

-Fred? Você pode vir. -Chamei. Não queria usar do gabinete para receber amigos próximos de Aliça, Fred me parecia confiável.

Subimos as escadas em silêncio, eu sentia uma espécie de algo de Aliça.

-Espero que não tenha parecido estranho, eu tê-lo chamado aqui. - Subi o último degrau.

-Não! Não tem o que se estranhar. -Ele acompanhou. -Na verdade, gostei de vê-lo. Sinto que Aliça está perto. Uma sensação confortante.

-Sinto o mesmo. -Declarei. Andamos pelo corredor, e então entramos em meu quarto. 

-Bela vista! -Ele olhava para minha parede de vidro.

-Concordo. -Sorri.  Andei até a parede onde ele olhava  através do vidro. -Preciso saber se você tem informação de parentes ou pessoas próximas da família Hamkins. 

-Há algum problema?

-Não! É algo pessoal. 

-Queria poder ajudar. Mas Aliça não conversava muito sobre sua vida fora da Uw. Isso fazia parte do jeito dela.

-Sim.

-Aliça era uma ótima garota. Na verdade, a melhor que já conheci... Até hoje.

-Sim. -Concordei.

-Ela parecia feliz em estar com você. Apesar de não gostar da fama em nossa Universidade. 

-Sente-se aqui. -Gesticulei para uma das cadeiras que estavam à frente da janela. Ele sentou e eu o acompanhei, ficando frente à frente,

-Parece estranho. De alguma forma, isso dói. Parece injusto, e não temos quem culpar.

 -Acredite. Vamos ter a quem culpar. -Falei por fim

-Acho que já posso ir, certo?

-Fred?

-Sim. Ela parou onde estava.

-Não tenho conseguido assimilar tudo que está acontecendo, ainda vivo o estado de anestesia. Nos poucos minutos que a verdade é mais clara, isso me corta, de todas as formas. -Falei. -Eu gostaria de vê-lo por aqui, sempre que possível, eu confio em você, assim como minha noiva confiava. 

-Virei. -Ele me abraçou. Observei Fred sair, em seguida tranquei a porta. Eu estaria só para olhar a caixa.

-Senhor? -Mit bateu na bendita porta que eu acabara de fechar.

-Sim?

-A refeição está posta. Senhorita Nicole já está na mesa.

-Diga que já estou indo. 

-Certo. -Os passos se afastaram. Banhei tentando livrar-me da sujeira, ou da tristeza, a primeira opção é sempre mais viável.

 Vesti-me e fui ao encontro de Nicole. Desci as escadas. Ainda abotoava minha camiseta preta.

-Mit? 

-Sim, senhor?

-Você pode sentar-se conosco? -Pedi.

-Não creio que...

-Mit? -Repreendi. -Muita coisa não deveria acontecer. E olha onde estamos. -Falei. Nicole já comia em silêncio.

-Certo! -Ele sentou-se ao lado de minha prima.

 -Alguém ficará aqui durante a reunião continental? -Mitchel quebrou o silêncio.

-Até agora, não. Mas de qualquer forma, aviso.  -Depois disso nada mais foi dito, minha casa nunca havia sido mais desagradável. A reunião de concelho seria no papel, hoje a noite, porém, para questões de segurança, ela só acontece vinte e quatro horas depois do momento marcado. Cada reunião tem um código em números, que define o local.

 Terminamos o almoço e subimos, Mit ficou, ele não parava um segundo. Nicole passou a tarde em meu quarto, conversamos sobre sua vida em Amsterdã e sobre o que ela havia feito todos esses anos.

-Quem era lá na lagoa?

-Como? -Fingi não entender.

-O rapaz.

-Sim. Amigo de Aliça. Da Universidade. -A olhei. Ela estava sentada em minha cama, e eu já estava deitado sobre o travesseiro. -Fred Adms.

-Um. -Ela fingiu não se importar.

-Acostume-se com isso. Ele virá aqui sempre. Se quiser. -Completei.

-Não dou a minima importância.

-Ei sei que da. -Sorri e a empurrei com os pés. 

A noite logo chegou, quando não se faz nada... O dia é totalmente desperdiçado.

 Nicole banhou em seu quarto e voltou para dormir comigo. Hoje seria meu último dia livre, depois da reunião, eu teria muito o que fazer. E ainda havia a questão Natasha Harris. Sentia vertigem só de pensar. 

-Nicole? -Chamei. Ela já havia dormido.

Levantei da cama. Antes de apagar as luzes, fechei as cortinas. Fui até a caixa e peguei a blusa de Aliça. Não sei qual fora a intenção do tenente. Mas pude sentir o perfume que mais gostei até hoje antes mesmo de tirar da caixa. Deitei ao lado de Nicole, que estava virada para o outro lado. Senti o perfume no tecido e fechei os olhos.  Já havia esgotado as minhas cotas de tentar pensar em maneiras de trazer San e Aliça de volta.

 O cheiro me embriagava ao ponto de me causar arrepio. Eu deveria ter aproveitado mais de Aliça, ter ficado mais com ela, ter a beijado, sentido, e estado perto, mesmo que em silêncio. Há exatos nove anos atrás, descobri que o amor não morre com quem morre, ele fica e soma com a saudade , o que dobra de peso, e dói tanto, de forma que só a presença da pessoa, possa curar, possa fazer você feliz novamente. -Se você pode me escutar. Saiba que eu amo você. Com uma veracidade inacreditável. -Pensei, enquanto fechava as mãos em garra em sua blusa.



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