Capítulo 5

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Convivência

Aliça Hamkins

Acordei na clínica geral. A diferença entre os hospitais públicos e a única clínica privada, era imensa. As pessoas que chegam aos hospitais públicos também são muitas, grávidas, crianças e sem falar nos agricultores que sofrem no campo. Até eu já acreditava que eram agricultores. Ri sozinha com minha ingenuidade momentânea.

A dor de cabeça era terrível e eu mal podia sentir meu braço esquerdo.

-Ela acordou! -Disse o médico para alguém lá fora. Pensei que veria o rosto de meu pai ou de alguém mais próximo, como os amigos da universidade, que estavam comigo.

-Posso entrar? -Perguntou o garoto.

O rosto não era estranho, mas minha cabeça fez confusão com as últimas lembranças. Eu olhei fixamente tentando achar algo que dissesse quem era ele.

-Você está bem? -Ele perguntou novamente. Imediatamente lembrei-me do último rosto que vira. Era o garoto que estava dentro do carro, era o filho de Andrews Scaëfer.

-Saia daqui! -Exclamei. -O que você quer? Terminar de me matar? -Gritei ao perceber que ele quase havia me tirado a vida

-Eu...

-Saia! -Continuei. -Olhe meu estado! Você quase me matou. Você não se importou nem por um momento com quem estava à frente de seu carro. Saia! Por favor! -Pedi.

Ele saiu e o médico entrou novamente.

-Como está sua cabeça?

-Mal posso suportar a dor. São tantas informações confusas. -Disse tentando explicar o que sentia.

-Você terá que ficar aqui por alguns dias. Não sei como está viva. -Ele sorriu balançando a cabeça. - Sente o braço?

-Não muito. Parece estar anestesiado.

-Faremos alguns exames e logo você ficará bem. -Ele garantiu pondo meu braço novamente na maca.

-Gostaria que avisasse a meus pais, Dr...

-Gabriel! Pode me chamar assim. -Ele disse tocando na discrição sobre o jaleco médico. -E sim! O Sr.Scaefër já se adiantou em buscar seus pais. O rapaz loiro com as meninas o acompanhou.

-Está bem! Obrigada! -Eu disse tentando sorrir. Havia dores por todo meu corpo, eu mal podia acreditar em como sobrevivi.

Não importa o quanto sua dor seja grande, nada justifica causar o mesmo à outras pessoas. Até porque, se tratando de catástrofes cada um vive o que a vida lhe serviu, e a culpa é unicamente da própria vida.

O quarto era pintado em um cinza clarinho, quase branco, havia uma tv e cortinas em tons claros. Havia algumas flores sobre o criado mudo ao lado, e uma poltrona que parecia mais confortável que a bosta da maca em que eu estava.

-Ah querida! -Disse minha mãe chorando assim que entrou.

-Para de drama, mamãe. Não morri! Ainda! -Disse olhando para o príncipe Scaëfer que acabava de aparecer na porta.

-Posso falar com você, senhorita? -Perguntou dando dois passos para dentro do quarto.

-Eu já não deixei claro...

-Fale com ele filha. Esperamos lá fora. -Meu pai disse e todos saíram, só restando o motorista assassino.

-Diga! E rápido! Não me importo com quem você seja. Você perdeu todos os créditos por aqui, rapaz. -Eu disse.

-É nítido que não receberei perdão, mas quero deixar bem claro que não tinha outra forma de sair de minha casa. Você apareceu rápido de mais para que eu pudesse parar. Você não vai entender o que estou passando e nem eu espero. Mas é isso. Errei de uma forma imperdoável, mas peço perdão e sem esperar que acredite nele.

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