Capítulo 36

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O som do vento que entrava pela porta principal era o único ruído na sala. Provavelmente todos esperavam a mesma coisa. O que decidiria minha vida.

-Os corpos de sua irmã e da srt .Hamkins acabam de ser encontrados, também estão na perícia mais setenta e nove corpos achados ao norte da província. Eu não queria ser o portador na notícia, senhor. Todos nós sentimos muito. –Sentei na escada enquanto deixava a ficha cair, pareciam cenas de uma fantasia.

-Não! Você está enganado. Estamos esperando por ligações, eles vão entrar em contato. -Falei devagar enquanto negava a todo tempo com a cabeça. O espaço na minha mente era um grande vazio.

-Senhor! –Ele tentava explicar.

-Você esta enganado! Você não sabe o que fala. Mit? Vamos  à perícia. –Gritei. Procurei por alguma chave no bolso e saí em direção à porta.

-Eu dirijo. Vamos! Entregue-me as chaves, senhor. –Eu ignorei a voz de Mit atrás de mim. Desci as escadas da sala principal e passei minha digital na porta do carro. –Senhor!- Ele gritou novamente. -Você não está em condições.

-Mit! Agora não! Entre! –Ordenei. Ele passou para o outro lado pela frente de meu carro e entrou, as mãos de Mit estavam tremulas enquanto eu olhava ele passar o sinto, liguei o carro e acelerei.

-Senhor?

-Mit! Eles estão loucos, entende?

-Senhor, acalme-se! E esteja preparado. –Voltei a encarar a pista, enfim. A perícia de Wordsands. Havia muitos jornalistas, helicópteros. Uma aglomeração de pessoas provavelmente tentando ver o corpo de seus familiares. Vesti o paletó por cima da blusa branca e saí do carro, Mit pareceu não perceber.

-Mitchel? Vamos! –Ordenei.

-Majestade? –A primeira moça a chegar na porta de meu carro, gritou. –O senhor confirma que os corpos encontrados agora pouco é de sua noiva e da princesa Sandy?

-Senhor? Por favor!

-Príncipe? –Todos pareciam querer minha atenção ao mesmo tempo, os fleches e o alvoroço de pessoas me sufocava.

-Preciso de guarda aqui! –Mit falou ao aparelho celular. –Estamos no centro de perícia. -Passamos pela porta, onde somente dois seguranças proibiam a entrada.

-Senhora! –Falei para moça da recepção.

-Majestade! –Ela fez reverência.

-Rosy! –Chamou por alguém.

-Sim! –A moça corou a me ver.

-Acompanhe o senhor Scaëfer.

-Majestade! –Apenas consenti. Mit andava devagar atrás de mim. Passamos por alguns corredores até chegar a uma sala. A moça encarava o chão. Entrei na sala e caminhei até as macas. Levantei o lençol... –Mit! –Gritei!

-Senhor! –Ele chorava. E tentava me conter. O rosto de minha irmã ecoava por todos os cantos de minha mente.

-Mit! –As lagrimas desciam tão quentes que pareciam queimar meu rosto.

-Senhor! Por favor! –Ele me acompanhou até o banco no corredor.

-Mit?  Parece egoísmo morrer.  –Encostei-me na parede e fechei os olhos.

-Espere aqui. –Ele disse e ouvi o barulho de passos se afastarem.

Como Aliça pode fazer isso? Como ela pode. Eu sentia tanta raiva. As lagrimas tapavam minha visão e novamente ali estava eu. Sem chão.

-Venha senhor! –Mit ajudou-me a levantar. Limpei meu rosto e o acompanhei.

-O que você quer? –Reclamei.

-Não é certo que o senhor saia e seja  visto dessa forma. Um helicóptero está esperando no heliporto local.

-Mit?

-Senhor? Só me dê cinco minutos e estaremos em sua casa. –Não me importei. A voz dele não entrava em meu campo de audição.

A chegada no helicóptero, o olhar de pena do piloto. O olhar de cima de toda a multidão que estava na frente da perícia. O vento e o barulho da hélice. Uma câmera lenta sem fim.

-Calma! –Mit repetia como um mantra. Fechei meus olhos. Calma! É só o amor da sua vida e sua única família morrendo nesse exato momento.

-Não me peça isso! –O encarei.

0 helicóptero pousou . Desci e caminhei as pressas para dentro do palácio, todos os funcionários estavam na sala, eu me dei ao luxo de não olhar para ninguém.

As minhas pernas queriam cair por ali mesmo. Se Deus existe... Ele deve me odiar.

Cheguei em meu quarto e sentei na cama, observava da parede de vidro todo o mundo que de fora das grades, queria saber o que se passava comigo nesse momento.

A verdade é que ninguém sente tanto. Eles não podem provar da dor. O diário de San ainda estava em cima de minha cama, deitei e o encarei. Essas folhas seriam a última lembrança de minha irmã.

-Arthur! Desculpe-me! –A moça em minha cama falava calmamente enquanto me olhava. Pisquei algumas vezes até conseguir tirar as lagrimas dos olhos e enxergar. –Estava esperando você acordar, me desculpe ter entrado sem ser anunciada.

-Quem é você? –Minha voz saiu rouca, olhei para janela, a multidão havia triplicado, porém já se tratava da noite.

-Natasha Harris!

-O que você faz aqui? –Perguntei enquanto levantava da cama. Eu não queria pensar que aquela garota estava querendo se aproveitar de minha dor para se eleger.

-Meu pai está lá em baixo, viemos prestar solidariedade.

-O que? –Arfei. Só em pensar que Natasha queria o lugar de Aliça eu sentia nojo.

A saudade ainda irá matar-me, mas é uma saudade diferente; amarrada com a dor que não passa.


∞∞∞∞∞∞


-Nota: Não desistam do livro. Uma estória sempre pode ser mudada.

Deixem votos e seus desabafos.

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