Capítulo 44

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Meia hora depois da saída de Natasha Harris, comuniquei à Erner meu pedido. Eu já havia pensado em uma condição, e ela fora cabível para mim.

 Levantei da poltrona em que estava, tirei o paletó e deixei sobre ela. Desci para tomar café da manhã com Nicole.

-Fiquei sabendo que a porta do cabaré foi aberta. -Nicole riu ao ponto de ter um pequeno engasgo com a fruta que levou à boca.

-Tenha mais respeito! -Repreendi e sentei à mesa. Três funcionarias estavam em pé perto da mesa, Mit nos olhava enquanto sorria da sinceridade negra de Nicole.

-Sente-se Mitchel! -Ordenei.

-Senhor...

-Mitchel? Espero não ter mais problemas com esse assunto. -Resmunguei, ele sentou-se à mesa e começou degustar tudo o que tinha para o café.

-Irei resolver a questão do centro  de rastreamento aéreo e passarei em um outro lugar. -Avisei. -Estarei aqui antes do horário marcado com Erner.

-Tudo bem! -Nicole levantei as mãos, debochando. Depois de um tempo, você passa a não perceber as intrigas diárias iniciada por ela. Eu diria que minha prima é um moleque no sentido bem masculino da palavra, que ainda possui dez anos.

-Precisa de um dos motoristas?

-Já está na hora de começar usar meu carro novamente. -Balancei as chaves em mãos. 

 Atravessei a sala principal e em questão de segundos estava no jardim. Meu carro estava bem visível. Entrei e bati a porta.

Sair de dentro do palácio não foi fácil, havia alguns jornalistas no portão. Se Nicole perder a paciência, ela é bem capaz de perguntar qual o prazo para eles se mandarem de lá. 

Contratei alguns agentes, escolhidos a dedo para trabalhar no centro de rastreamento, iniciei a planta do projeto. Em uma semana tudo estaria pronto.

Gastei menos tempo do que normalmente gastaria, quando se tem um desejo para depois das tarefas, você faz ela em metade do tempo. 

Olhei a hora no projetor do carro, 16h da tarde, eu teria três horas antes que Erner chegasse em minha casa.

Passei a mão esquerda no bolso para se certificar de que as chaves estariam lá. Dobrei a rua e parei em frente a casa da família Hamkins.

 Por um momento, senti uma ponta de dor. Eu nunca havia parado aqui sem ter a própria Aliça por trás de tudo, mas seria esse meu pecado, vir atrás do meu punhal. 

 Estacionei o carro no lugar que sobrou, a lata, como ela mesma fazia questão de chamar, estava parada onde alguém da própria família deixara. Peguei as chaves e desci do carro. Caminhar ali parecia um caminho longo e desgastante. Rodei a maçaneta e abri a porta. Se eu pudesse comparar, seria como uma geladeira fechada, quando se abre, o primeiro vapor frio é mais forte, eu senti exatamente isso, uma enxurrada de sentimentos ruins.

Entrei deixando a porta atrás aberta e liguei a luz. O violão estava no canto da sala. Passei pelo quarto dos senhores Hamkins, a cozinha ainda estava suja e cheia de vestígios de festa. Sem perder mais tempo, entrei no quarto de Aliça.

As duas camas estavam arrumadas, porém uma bagunça de roupas estava sobre elas, eu podia sentir o cheiro de mulher, mulher em uma forma especifica.

Os livros estavam empilhados, o piano estava impecável, eu não o deixaria envelhecer aqui. O cartão que escrevi para acompanhar as flores dadas há alguns dias atrás, estava sobre a cama, mas havia um outro envelope com o remetente Aliça Hamkins. Peguei a carta e guardei no bolso. Olhei as portas e janelas da casa, depois de conferir se estava tudo fechado, saí.

 Caminhei em direção a meu carro, várias probabilidades da cena de morte, vinham em minha cabeça. Andei e entrei no carro, encostei a cabeça no volante, e deixei as lagrimas que ardiam em meus olhos descerem, ninguém estava ali, nenhum protocolo real estava sendo quebrado.

 Liguei a música no carro, eu não sabia qual o nome, mas era mais algo de minha noiva. Rodei a chave e pisei no acelerador, o carro rugiu como pantera na mata e eu saí da frente de minhas piores lembranças. 

 Os piores pensamentos passavam pela minha cabeça, a música, o perfume, a tristeza e mais dela. Passei os olhos no espelho e vi uma caixa no banco de trás. A música entrava e saia do refrão... -Não é uma fantasia de frango, é? -Aliça sorria. O vestido vermelho. Parei o carro em uma freada tão brusca, que só depois vi que fora perigoso. Eu sentia o sangue fervendo em meu rosto, as lagrimas viravam raiva, foi então que desci, peguei a caixa e atirei para a mata ao lado da pista. 

Entrei novamente para o carro, o envelope pesava em meu bolso. Rasguei o primeiro papel e enfim as palavras feitas à mão podiam ser vistas. 

 "Obrigada pelas flores! Eu não tinha conhecimento da saudade, não até você me atropelar. Não até você mostrar-me o lado nobre. Quando eu penso em você, um filme de tudo que nos aconteceu passa em minha cabeça. Os segundos antes de eu ser jogada através de um carro e todas as provas de carinho que vieram depois. Você é a coisa mais real que já me aconteceu. Você, Arthur Scaëfer, me faz com todas as letras querer dizer sim, querer ser sua à qualquer hora.  

  Quando aquela carta real chegou em minhas mãos, e eu senti pela primeira vez que perderia você, eu também soube que não podia permitir que você fique tão longe. Príncipes podem ser felizes para sempre, acredite! Eu o amo, Arthur Scaëfer!"

Destinatário: Arthur Scaëfer-Família real.

-Por que, amor? -Encostei no banco, eu já estava perdido em pensamentos e meu rosto estava completamente molhado. Ela não respondia... 

  This is our future... -A música acabou.

                                                         

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