Capítulo 53

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   Talvez não seja sobre o sonho em sí. Mas sobre o choque da realidade.

Acordei suado. Passei a mão em meu rosto e fitei o teto. Tão branco e real como a bermuda que eu vestira para dormir.
  Olhei através da parede de vidro. Tudo lá fora estava em perfeita ordem. Soaria estranho se somente esse fato me trouxesse paz.
  Sonhar com Aliça me fez acordar para o passado e para realidade. Se posso comparar as duas coisas, estou afogado no vão entre a primeira e a segunda.

  Tenho sonhado nos últimos dias, são na grande maioria bons, ou lembranças de pessoas jovens, vivas e que de alguma maneira não estão mais aqui, falo de mim também. Meu espirito foi para o túmulo, e com certeza, o que sobrou de mim age com ordem do piloto automático. É o que tenho que fazer, e consequentemente o que faço.

  Levantei da cama. Suspirei. Peguei a caixa da minha utopia favorita no criado mudo. Pensei bem, botei ela no lugar em que estava e fechei a porta marrom madeira.

   Eu não poderia tornar as coisas piores do que estavam sendo.

  San sabia tão bem quanto qualquer um dentro desse palácio, que emoções reais não existem. Simplesmente são postas na caixa, no bloco, em um soco na parede... E deixadas lá.

  Sim. Eu poderia muito bem fazer nevar dentro desse quadrado e passar o dia à pensar no porquê da traição de Aliça, na vida que realmente é real e nada boa, mas quando foi que fiz isso? Quando fugi do protocolo mundo?

   Hoje eu estaria de mal humor, e com certeza descontaria em quem visse em minha frente. -Dei de ombros. -Que seja trabalho. -Banhei e peguei as anotações da última semana.
 
   -Ainda são seis da manhã! -Alertou Mit olhando em seu relógio antigo no pulso.

-E eu estou saindo. -Passei. Peguei a chave do carro e desci à escada da porta principal. Passei o dedo polegar na impressão sobre a porta e a bati.
O óculos escuro no painel sempre foi útil, o botei e liguei o som.

Não posso negar o fato de que nesse exato momento, muitos lutam por poder, com uma virilidade insaciável e sem pensar em outra coisa. Se eles vivessem em mim por segundos, saberiam que isso não basta. Não importa o que querem, não basta.

Amanhã todos, incluindo Mit, viajariamos para Bali, e tudo que via dentro do palácio eram malas, a de Nick era incrivelmente menor do que a única que eu havia separado.

  Natasha estava animada, ela tem cortado o contato com o pai nas duas últimas semanas, que nem mesmo tem conhecimento de nossa viagem. O que é mais seguro.

  Desci do carro e bati a porta.

-Majestade!

-Lians! -Cumprimentei.

-Providenciou tudo o que lhe pedi?

-Tudo aqui. -Ele entregou-me os papeis.

-Vamos subir! -Ofereceu.  Outras pessoas estavam nas salas abertas no primeiro andar.

-Quantas pessoas você tem aqui?

-Cinqüenta e sete. Fixas. Mais as que fazem trabalhos externos. -Pegamos o elevador, passamos pelo último corredor e entramos em sua sala.

-Bela vista. -Entreguei.

-Obrigada. -Sorriu.

-Sente-se! -Ofereceu. Sentei no lado oposto de sua mesa, enquanto ele tirava o paletó e o colocará sobre a poltrona.

-Em que mais posso ser útil?

-Preciso saber onde está a pulseira de noivado que estava com Aliça  na noite do atentado.

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