-Ainda pretende ver o menino? -Meu pai perguntou. A luz na janela deixava bem claro que era dia, mas não era tão tarde.
-Não sei onde ele está meu pai. Se soubesse já teria ido. –Fui sincera.
-Levante-se! Scaëfer está lhe esperando lá fora. Disse que se considera importante ver Johan terá que ir cedo.
Não queria mais nenhum contato com ele, nem com nada que me faça passar pelos últimos julgamentos das pessoas. Parece que à menor aproximação, minha vida sobe na escala de desgraças. Mas Johan é importante. E de alguma forma sei que preciso terminar o que começo ... Sempre. Isso é quase uma filosofia de vida cara.
-Diga que vou. -Disse com firmeza e meu pai consentiu. Banhei rápido. Procurei um moletom e vesti uma calça preta. Amarrei o cabelo em rabo de cavalo e o joguei de lado. Peguei a chave da porta e saí.
-Podemos ir. -Eu disse para Arthur que conversava com meu pai na porta.
-Obrigada senhor Hamkins. Até breve! -Disse Arthur. Segui e como estava atrás, fechei o portão. Ele entrou no carro. Fiz o mesmo e passei o sinto de segurança. Ele ligou o carro e eu virei a cabeça para o lado da janela.
Apesar do orgulho e do fato de sentir raiva, eu precisava do favor que ele estava fazendo. Mas não queria conversar. Na verdade, não queria mais aproximação do que precisava. Talvez, ou com certeza , eu esteja culpando ele por todos os últimos episódios com a curiosidade das pessoas.
Chegamos na casa simples, mas bonita. Johan brincava na frente e logo correu para me abraçar.
-Vá chamar seus pais, Johan! -Mandou Arthur.
-Essa não é a casa que ele descreveu. -Questionei. Arthur sorriu e logo dois jovens saíram da casa. A moça parecia ser dois ou três anos mais velha que eu. O homem devia ter em torno de 28 anos. Ambos eram loiros.
-Esses são os pais de Johan, Hamkins.
-Prazer!-Eu disse apertando a mãe do pai.
-Obrigado por tudo moça! Só Deus pode agradecer o que estamos sentindo. Johan é nosso Único filho. Quase entramos em depressão com a falta dele. -O senhor disse e a moça enxugou as lágrimas.
-Eu sinto muito. -Disse.
-A senhorita pode voltar aqui para ver Johan quando quiser. E vocês dois terão nossa eterna gratidão. Pode parecer clichê, mas podem acreditar. Para o que precisarem. -Continuou o homem.
Despedi-me de Johan e dos pais. Eu estava satisfeita e ao mesmo tempo triste de não conviver mais com o loirinho.
-Até logo! -Arthur disse acenando com a mão e entrando no carro onde eu já estava. Ele deu a volta e saímos da frente da casa. Depois de algum tempo na estrada, ele freou tão rápido que o carro chegou a derrapar. Uma poeira subiu.
-Conte-me. -Ele me olhava de uma forma questionadora.
-Você está louco? -Perguntei.
-Está com raiva de que? Fiz o que você queria.
-Obrigada. -Eu disse pondo o sinto e não dando a mínima para ele. Estávamos parados no meio do nada. Uns três quilômetros para fora da província e alguns dois para dentro da estrada de terra.
-Não vamos voltar.
-Como é? -Perguntei arfando.
-Você se acha muito superior. Apesar de me achar uma má companhia, você é a todo tempo esnobe, nunca está satisfeita com nada.
-Como é? -Perguntei novamente. Ele saiu do carro e eu o segui.
-Não ligo para o que você acha sobre mim. A verdade é que não devo considerar. Me leve de volta para a província ou volto agora mesmo andando.
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Império
RandomPara provar que sua classe social não conta o que o futuro lhe reserva. Em um século XX onde o mundo é dividido em quatro. O livro começa com a morte do rei, deixando o país e todo povo em estado de choque, mas nada comparado com o estado de Arthur...