Arthur me pegou pontualmente às 18h30, como o combinado. Como príncipe, ele realmente deve ter reinado sobre Noah. O machismo é o mesmo, não importa a classe social a quem pertence quem você está envolvida.
-Oi! –Ele me beijou como cumprimento, sorri e depois fiquei seria. Fomos ao cinema, que fica dentro do palácio, o filme não era tão bom, perguntei por Sandy, ele me deixou na porta do quarto dela e disse que seria bom um tempo a sós, eu e ela.
Abri a porta e vi pontas de um vestido bege com toques de brilho. Atrás da cama, os cabelos loiros brilhavam igualmente, o quarto tinha quatro vezes o tamanho do meu, as paredes em tons de bege e rosa e um espelho enorme com uma barra cor de ouro, que me fez crer que ela praticava ballet. As janelas ficavam de frente para um jardim externo, havia uma cortina fina e grande sobre ela. Não havia muitos brinquedos, meu violão estava sobre a cama dela, e nas mãos um bloco de notas e uma caneta.
-Olá! –Eu disse sorrindo. -Alguém aqui aceita uma visita?
-Ah Aliça! Como me sinto feliz em vê-la! –Ela me abraçou. Suas mãos em volta da minha cintura, até onde ela alcançava. Abaixei na proporção de seu tamanho e fiz direito.
-Assim é bem melhor! Concorda?
-Sim! –Ela disse agora não tão feliz. Uma lagrima rolou e ela virou o rosto com a intenção de esconder. Peguei em suas mãos, pequenas e delicadas.
-O que houve San?
-É só que...
-Que? –Ela fechou a porta e me puxou até a cama.
-Sente-se aqui! –Ela disse sentando da mesma forma.
-Eu não falo com ninguém depois que papai se foi, na verdade ele sempre foi meu único amigo. Os dias com ele eram dias, dias de verdade, hoje sinto que nada é igual, é como se meu mundo não tivesse mais portas nem saídas, eu não tenho amigos, Aliça! Arthur gosta de você e eu o amo, sinto que você é agora o que temos mais próximo de uma família. -Ela disse calmamente.
-Me prometa Aliça! Prometa que não vai nos deixar!-Sandy! Isso não depende de mim, a vida é... É uma surpresa, mas enquanto eu estiver viva não sairei do seu lado, e enquanto você viver terá a mim e a Arthur. – Ela pegou o violão e pediu para que eu cantasse, ela parecia mais confortável agora. Deitou e me observou cantar, sentei ao lado de sua cabeça e toquei uma canção que tinha quase o mesmo efeito que uma cantiga de ninar, os olhos se fecharam e ela havia dormido. Um barulho bem no fundo me fez olhar para trás, há quanto tempo Arthur estaria ali? Ele nos olhava com um tom de surpresa e admiração. Deixei o violão sobre o sofazinho, cobri o corpo dela até a cintura e saí.
-Você já pode ser mãe! –O peso da frase de Arthur no corredor me fez encostar na parede.
-Toda mulher nasce com o poder de ser mãe! E isso é cientificamente provado. –Eu sorri.
-Você me entendeu. Todo o lance da sementinha e família... -Brincou.
-Ah é claro.
-Você me daria o braço e uma carona? Majestade.
-Terei que consultar minha agenda, doce jovem... Ou não tão doce, mas ainda conservada. –Ele fez carinha de famoso e sorriu. Andamos nos corredores extensos do palácio até chegarmos ao portão principal, onde havia guardas fortes usando os mesmos trajes, eles nos olharam, um até deu uma piscadinha me irritando e dois nos seguiram.
-Suponho que eu já esteja bem acompanhado. Podem voltar a seus postos! –Disse dando ordens ao mesmo tempo em que sorria.
O príncipe; uma dose de inteligência e pitadas de ironia com humor, e isso lhe caia bem.
Entramos no carro e ele me olhou sorrindo, antes de conhecer Arthur, não tinha entrado em outra, e provavelmente não entraria depois. –Ri.
-O que há de engraçado, moça?
-Nada! Piada interna! –Ele beijou meu rosto e ligou algo no painel.
Pela segunda vez ele pôs uma música no som do carro, isso prendeu minha atenção, a música era perfeita, mas nada que eu tenha escutado antes.
-Qual o nome? Banda?
-Sou mais egoísta com minhas músicas do que com a minha coroa. –Ele não conteve o riso e eu menos ainda
Discutimos sobre músicas o resto do caminho, na maioria das vezes concordamos. Quando paramos em minha casa vi o carro de Noah. Arthur me olhou e eu fiz que sim com a cabeça, testando nossa telepatia.
-Eu posso resolver.
-Arthur! "EU" posso resolver!
-Venha Aliça! –Falou me passando certeza e serenidade, o que me fez acreditar que estava tudo bem.
-Me dê sua mão! –Peguei em sua mão abrindo a porta com a que estava livre, Noah estava na sala com meus pais, eles sorriam e pareciam se entender. Mamãe e papai levantaram fazendo reverência ao príncipe, Noah não conseguia disfarçar a surpresa.
-Boa noite a todos! –Disse Arthur com uma ternura maior do que a de costume, como quem deseja conquistar e continuou. -Creio que todos já me conhecem, e se assim não for; Arthur Scaëfer!
-Que bons ventos o trazem a casa de nossa Aliça, príncipe? –Noah usou a palavra "NOSSA" como se fosse de casa, e é claro com um tom de sarcasmo.
-Suponho que os ventos sejam ainda melhores do que você imagina, meu caro.
-Noah Stripus! -Corrigiu.
-Forte nome! Mas tenho pressa em tratar do assunto que me traz aqui há essa hora. –Ele olhou para meus pais me deixando confusa. -Senhor Joseph? Venho pedir sua permissão para firmar um compromisso com Aliça.
Papai apesar de achar tudo muito ressente, permitiu o namoro e se retirou para conversar com Arthur por uns 30 minutos.
O príncipe me causava frio na barriga, grande parte do meu dia girava em torno dele agora, mesmo em pensamentos. A vida real pode ser mais incrível que um conto infantil de fadas, de qualquer forma amanhã será um novo dia, e meu coração deseja esse novo começo desesperadamente.
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-Bom dia!
-Bom dia querida! Sua mãe saiu cedo, deixou o café pronto, então se alimente antes de ir para faculdade.
-É claro!
-Filha você sabe onde está pisando, certo? Você sabe que essa gente pode trazer sofrimento... Ou não. Você de uma forma louca veio como o melhor presente, eu dou a minha vida para conservar o seu coração, princesa. Você precisa ser forte e estar inteira. Precisa se preparar para a vida, para escolhas. Você precisa estar bem. -Insistiu.
-Pai? Por quê tudo isso? Você não vai me perder! Arthur não vai me fazer sofrer e se fizer, essa é a tragédia previsível a todo ser humano. E você não pode dar a sua vida, porque eu daria a minha e seria em vão. –Ele pegou minhas mãos sobre a mesa e as beijou.
-Você é incrível! Um dia saberá que não importa onde esteja, você sempre será a minha Aliça, a Aliça pelo qual eu passei noites acordado.
-Eu sei! –Disse olhando em seus olhos com toda a força que havia em mim.
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Império
RandomPara provar que sua classe social não conta o que o futuro lhe reserva. Em um século XX onde o mundo é dividido em quatro. O livro começa com a morte do rei, deixando o país e todo povo em estado de choque, mas nada comparado com o estado de Arthur...