O garoto da frente

Parte II

"Quando se chega ao ponto de precisar dizer a um cara que ele é um idiota, é porque ele não via a hora que você se tocasse disso."

Tati Bernardi

Laila, aquela pequena boneca que me fisgou só por estar no mesmo local que eu, com o tempo tornou-se uma amiga e vizinha de porta incrível. Ela me entendia, gostava das músicas que eu gostava, fazia-me rir acima de tudo, me incentivava a ler (coisa que não tenho paciência, mas que por ela tentava) e para retribuir ela jogava comigo (uma péssima jogadora e ainda pior perdedora... invocada). Nunca fazia coisas para me agradar, tentando ser uma pessoa que não é...

Ela só era ela mesma, fazia me sentir bem de uma forma que ninguém mais fazia. O encanto por essa ela foi gradual. A cada visita, a cada rolê, a cada brincadeira. Consideraria um monstro quem não caísse de quatro por Laila.

Em uma das nossas inúmeras conversas que ela, em sua grande maioria, iniciava podia sentir que ela me correspondia no sentido atração, mas algo a puxava para traz. Isso me trouxe louco por bastante tempo. Ela flertava e praticamente dava para traz ao mesmo instante, não a compreendi. As garotas não faziam isso comigo, elas se jogavam.

Eu sou um cara desejado, isso tenho que admitir, sem ser arrogante ou convencido.
Mas não consegui enjoar esse jeito dela, pois ela tinha a atitude que eu não buscava ter e deixava aberturas para que eu entrasse. Mas sofro de um mal...
Depois de Laura, tudo em mim mudou, para começar, meu vicio em conquistar mulheres.

Meu irmão me ensinou tudo que ele sabia dessa área e me aguçou para isso. Sou novo, mas sei de tudo que preciso para ter o que quero sem muito esforço.

Sou um mestre.

Eu jogo e ganho.

Pude ver o vislumbre de dor por traz daqueles óculos quadrados grossos e a promessa de lágrimas ainda não derramadas. Eu pude ouvir os gritos entrecortados e soluções histéricos daqui de casa, quando ela viu pela primeira vez uma garota saindo pela mesma porta que ela entrou na noite anterior...

Fui um completo idiota.