"Não fico triste por não tê-la fisicamente, só o fato de tê-la em meu coração é o suficiente pra suprimir o amor que sinto por você!"
José Wagner
Fico de joelhos na areia encharcada por um longo tempo. A chuva cai sem dó e eu nem me importo com isso, porque nem ela está sendo capaz de lavar a dor que é torturante em meu peito.
O que mais quis ouvir em toda minha vida saiu, finalmente, pelos lábios da pessoa certa, no lugar certo, mas o momento não poderia estar mais errado. Por tanto tempo eu esperei, tantas noites perdidas chorando pensando nele e o dito cujo só toma coragem para dizer que sentia o mesmo que eu tantos meses depois, quando tudo já tá mudado.
Enquanto continuo meu pranto convulsionado uma lembrança veio à tona em minha mente. Em uma noite um pouco fria, mas deliciosa, de outono e isso me distrai momentaneamente de minha dor.
Ouço alguém bater a porta e sinceramente fico alarmada. Só ouvi o barulho porque estava com sede e resolvi levantar para beber aproveitando para pegar o carregador do celular que deixei enrolado no sofá da sala. Fico paralisada e espero. O som vem novamente e me aproximo da porta sussurrando tomando coragem.
- Quem é? – A curiosidade e o medo pintam minha pergunta.
A pessoa demora a responder, mas ouço o som baixo da sua respiração. Quando finalmente ela responde, meu coração se enche de uma quentura maravilhosa, que somente uma pessoa poderia provocar fazendo meus lábios se curvarem nos cantos.
- Sou eu, Alê!
- Vou abrir a porta, se afaste um pouco. – Digo subitamente nervosa e o mais silenciosa possível.
A casa é forrada, meus pais não deveriam ouvir, mas eles têm o sono leve e não posso abusar da sorte.
- O que está fazendo aqui há essa hora? – Pergunto curiosa e de certa forma esperançosa. Já sonhei com ele invadindo minha casa durante a madrugada para se declarar.
- Estava cansado e entediado de ficar lá. – Dando de ombros aponta para a casa do outro lado da rua com fachada rústica de pedras.
- E por isso veio para cá? Só por isso? – Insisto perdendo as esperanças.
- Er, sim. Você me alegra e sinceramente a cobrança dos meus pais está me deixando louco! – Puxa os cabelos negros e macios suavemente e sorri de canto.
- Ah, tudo bem. – Sussurro, reprimindo um suspiro. – Você vai querer entrar? – A pergunta sai com dificuldade e totalmente sem jeito e ele sorri.
- Ah claro, porque quero morrer de um tiro dado pelo seu pai! – Diz sarcasticamente sorrindo. – Pensei em sentar aqui na calçada. – Aponta para o chão de cimento duro e frio e aceito como se fossemos nos jogar no melhor colchão do mercado.
Uma brisa me faz arrepiar e relembro que só estou com uma simples camisola de algodão rosa com babados na barra que bate um pouco acima do meio das coxas e de finas alças. Puxo a porta tentando esconder meu corpo.
- Acho melhor trocar de roupa. – Digo apontando para minha roupa de dormir, já que ele não deixou a porta por muito tempo entre nós, abrindo-a.
- Não precisa, está ótimo assim.
Alê pega em minha mão puxando meu corpo inerte para fora fechando a porta cuidadosamente.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O garoto da frente
Teen FictionLaila é uma menina meiga, estudiosa, linda, pequena, muito forte já que tem que ser a normal da sua família complicada demais e perdidamente apaixonada por Alê, o garoto da frente. Alê é um o filho mais novo de uma família workaholics (viciados em...