Parte - II

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"... Que a felicidade vire rotina."

Caio Augusto Leite

Após Laila ter me ligado, meia hora depois, avisando que ela e Violeta chegaram sãs e salvas em casa, me tranquilizo e me forço a relaxar. Tenho muito medo de algo acontecer algo com ela, o mundo anda tão perigoso... Sorrio um pouco ao constatar que acabei de falar/pensar como minha avó, apesar de ser tudo verdade.

Fury passou todo o tempo trotando ao meu redor procurando caricias e brincando comigo na parte de trás da casa onde há uma cesta de basquete. Sempre fui mais alto que meus amigos e isso era muito bom, já que ganhava sempre mesmo jogando sozinho contra os outros. Ser alto tinha suas regalias, né?! Mas isso não importava já que eu e eles sempre tivemos a atenção de quase todas as garotas da cidade, se não todas.
Cesso o jogo quando essa lembrança vem à mente já que parece ser a tanto tempo, que parece que foi em outra vida. Sento no chão e percebo o quando Laila e suas amigas mudaram a mim e os meus parceiros. Antes delas vivíamos em farras, apesar de estudar, mas bebíamos e pegávamos geral. Namorávamos com várias. Todo mês, senão toda semana, era uma diferente.
E agora, olhe para nós?! Quem diria que eu, Lucas e Tomás (apesar de ele ser o mais quietinho dentre todos) estariam amarrados os quatro pneus e a Pirelli* toda por Laila, Lili e Bia?! E os mais loucos de todos, Gabriel e Rafael, Paulinho, Nando e Arthur, estariam loucos pela Leo, Emi, Jô, Nico e Alice, apesar de não quererem se amarar, por enquanto?!
O mundo girou e com certeza foi para melhor. Não muito para Alê... Mas ele cavou a própria cova, infelizmente. Babi é uma boa garota da forma dela. Os pais sempre a mimaram muito e apesar de eles estarem no mesmo ciclo de amizade da maioria dos nossos pais (me refiro aos pais dos integrantes do nosso próprio ciclo de amizades) ela não é amiga de nenhum de nós, além de Alê. Eles sempre tiveram uma "amizade colorida", mas não rolava sentimentos e por isso levei um baita susto quando assumiram o namoro.
Mas logo me desfiz do susto e encontrei Laila. Tanto os meninos, quanto as meninas, tentavam interação com Babi, mas ela nunca fez muito caso de se abrir e por isso sempre ficava como sanguessuga em Alê em todos os nossos "movimentos", a não ser se as "amiguinhas" dela estivessem por perto. Todas eram mimadas e só pensavam na aparência e no que os outros iriam falar. Elas não viviam por si mesmas, mas sim pelo que os outros ditavam. Pessoas com cérebro e que não usá-lo para nada não são as melhores pessoas para se conviver. Então logo desistimos da aproximação, até porque nem ao menos nós fazíamos questão.
Sinto algo molhado tocar meu rosto que me faz desviar minha atenção de meus pensamentos meio maldosos sobre Babi, voltando-me a realidade de minha mini quadra de basquete.
Fury lambe mais um pouco meu rosto e agora sei de onde vem a "água" que escorre da minha bochecha. O afasto levemente de meu rosto e me levanto, recebendo então pulos dele para poder receber carinho. Acaricio o vale entre suas orelhas pontiagudas levantadas até seus olhos fecharem de tanto deleite e sorrio baixinho.

- Cachorro dengoso! – Digo batendo levemente onde estava acariciando há pouco.

Olho para o céu, que agora possui uma coloração azul escuro com vários pontinhos brilhantes e com uma imensa bola também brilhante. Levo um susto, por que parecia apenas meros poucos minutos que havia parado para pensar e agora já deve ter passado do jantar.
Corro para dentro da casa com Fury em meu encalço e percebo que sim, o jantar já havia sido feito. Levo Fury para seu cantinho, onde já tem comida e água fresca. Volto para casa só que pela cozinha, quando entro Zélia está terminando de organizar o lugar com outra mulher, que é Toia (ou Vitória, outra empregada da casa, ela cuida da limpeza, enquanto Zélia cuida da comida).

- Olha quem está por aqui! Onde esteve depois que Laila se foi? Seus pais não gostaram de você ter faltado ao jantar. - Diz Zélia com preocupação.

O garoto da frenteOnde histórias criam vida. Descubra agora