Parte II

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"Temos que estar sempre preparados para as surpresas do tempo."

Paulo Coelho


Tem um aglomerado de pessoas na porta do quarto assim que coloco o pé do lado de fora. Eles me olham como cãezinhos sem dono e eu apenas ignoro. Minha raiva já havia passado, mas ainda estava chateado.

O que tínhamos na cabeça?! Laila poderia ter se machucado se Alê não estivesse lá. Meus ciúmes me deixou cego para isso, eu apenas estava vendo o jeito que se olhavam e esqueci que ele a salvou. Deveria ter agradecido ao em vez de querer parti-lo em dois! Tinha que me desculpar com Rodrigo também, por ter tentado colocar juízo na minha cabeça, mesmo eu tendo sido rude com ele.

Passo pelos meus amigos sem olhar para nenhum, ainda os ignorando e sigo para cozinha, me sento na cabeceira da mesa. Senti a presença do rebanho atrás de mim desde o momento que passei por eles, então não me importei de mandá-los sentar. Pego um pedaço de bolo de cenoura com chocolate ainda quentinho que estava sobre a mesa em uma travessa e o mastigo enquanto sentam e param de falar nervosamente. Eles sabem que vou explodir, mas não vou fazer isso a maior parte da raiva se foi.

- Jorge, e...u - Lucas começa gaguejando e Lili acaricia suas costas o incentivando. - Olha cara, eu sinto muito. Quero me desculpar com Laila, não sabíamos que ela estava realmente com medo e nem pensamos quando a jogamos para Alê.

Ele continua gaguejando agora frase soltas e desconexas, assim como Gabriel que entrou no discurso e nesse momento percebo que nem Alê e nem Rodrigo estavam aqui e imagino que tenham ficado na piscina.

- Não sei... não deveríamos... desculpas... somos dois idiotas mesmos... - Dizem em sincronia agonizante.

- Ok, chega! Tá tudo bem. - Digo batendo as mãos na mesa com um pouco de força interrompendo-os no meio de algo e todos me olham descrentes. - Eu realmente queria muito soltar os lobos em vocês, mas ver Laila e tocá-la me fez diminuir um tanto dessa raiva e ela não iria querer discussões, - Faço uma pausa para puxar o ar - por isso não quero mais ouvir sobre o que aconteceu e aconselho a esquecerem disso também. Ela está bem e é isso que importa no final. Só vou deixar um aviso: - Falo calmamente e completo: - NUNCA MAIS FAÇAM ISSO! - Friso em alto e bom tom.

Eles assentem olhando para mesa como se algo ali fosse muito interessante e minha cunhada me olha e diz:

- E cadê ela? Quero vê-la. - Seus olhos buscam os meus querendo urgentemente saber.

- Laila está em meu quarto dormindo e acho por bem permanecer assim, quando acordar vocês vão falar com ela. - Minha voz e o jeito de falar é como se explicasse algo a uma criança.

Ela me com os olhos comprimidos e a testa frisada, abre a boca para dizer algo, mas é interrompida por Bia.

- Okay, iremos vê-la quando acordar então. - Sua voz é contida, mas é possível sentir a promessa velada em sua voz. As demais garotas balançam a cabeça positivamente em apoio.

Elas queriam vê-la, eu também queria, mas é melhor deixá-la dormir e é por isso que me levanto e sigo para o estábulo deixando todos para trás. Corro o resto do caminho e entro na baia de Barão. Selo cuidadosamente, o levo para fora e cavalgamos juntos por um tempo.

Parece que comecei a montar há poucos minutos, mas quando dou por mim já se passaram horas, o céu já está tomando uma coloração alaranjada do pôr-do-sol. Diminuo o galope de Barão e ficamos apenas trotando em círculos quando vejo Alê apoiado na cerca me observando. Ele acena e eu aceno de volta indicando que iria devolver meu cavalo a baia.

O garoto da frenteOnde histórias criam vida. Descubra agora