Parte III

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"Tão bom morrer de amor, e continuar vivendo..."

Mario Quintana

Mesmo tendo chegado cedo em casa eu simplesmente durmo, claro não antes de abraçar meus pais e a Violeta, mas nem ao menos conto nada sobre a viagem ou ao menos tiro a roupa. Meu cansaço nem era tanto físico, apesar de estar dolorida por andar no lombo de Barão já que não tenho tanto costume, mas o forte mesmo era o cansado psicológico.

Foram dois dias pesados. Neles aconteceram coisas que nem ao menos imaginei que aconteceriam, fazendo com que a rasteira que a vida me deu tenha sido bem mais dolorosa que geralmente é.

E é tão bom estar dentro do seu mundinho novamente! Como senti falta da confusão de cores do meu quarto, da minha cama, minhas paredes... Nossa, não tinha noção de quanta saudade senti. Logo esse deus-nos-acuda de cores adentrou minha mente me levando rapidamente ao mundo de sonhos, assim que deitei em minha cama "pedacinho de céu", macia como uma nuvem.

Acordo sem consegui lembrar o sonho que tive. Sabe aquela sensação de lembrar e ao mesmo tempo não? É totalmente louco, mas é isso que estou passando agora e isso é frustrante. Sei que se passava na praia, ainda posso sentir minha pela grudenta de suor, areia e sal, Jorge estava lá assim como Alê. Sei que estava correndo, meus cabelos voavam ao meu redor como os cabelos de serpentes da Medusa, a garganta seca e os olhos ardentes. E não sei mais o que acontece. Ainda não decidi se é melhor assim ou não, mas prefiro levantar e tomar um banho, já que acordei suada como no sonho.

Violeta me recebe aos pulos e granidos felizes assim que abro a porta, me abaixo e acaricio o vale em suas orelhas enquanto ela morde de leve minha mão e tenta lamber meu rosto. Sigo para o banheiro e ela fica de prontidão do lado de fora a me esperar. A água leva consigo toda a frustação do sonho e me sinto melhor depois disso. Volto ao quarto com minha lindinha mordendo meus calcanhares e a deixo entrar junto.

Meu despertador do Homer Simpson pisca as horas em vermelho para mim e quase caiu para trás. Eram 5 horas da manhã! O que demônios eu estava fazendo acordando a essa hora? E o pior de tudo, sem sono! Como dizem: "Mente vazia, oficina do diabo", e eu simplesmente acordo antes de todo mundo e não tenho absolutamente nada para fazer, meus pais só iriam acordar daqui mais ou menos 1 hora e meia.

Resisto à vontade persistente de bater a cabeça na parede repetida vezes até desmaiar e pego meu celular. Nem havia desligado o WiFi por isso as mensagens já estavam carregadas e vou direto dar uma olhada no que há de novo no meu aplicativo de mensagens instantâneas.

Pulo os grupos que estão silenciados por um ano e começo pelos privados. Há mensagem de Jorge, de Leonor e de Liana.

Jorge: Amor, já estou em casa. Foi uma pena não podermos ter nos despedidos direito, mas amanhã assim que acordar irei ai. Beijão!

Vejo sua ultima visualização e foi às 23 horas, estimo que só vá acordar lá pelo meio dia e decido por fim não responder agora. Ele ficará perguntando o porquê de ter acordado cedo e eu realmente não sei responder isso nem para mim, imagine para ele. As mensagens de Leonor eram somente enviando algumas fotos que tiramos no seu celular.

Liana: Oi gatinha! Como os rapazes já chegaram aqui então você também já chegou. Sei que sua mãe vai te colocar a par de tudo que resolvemos sobre o noivado, mas quero contar pessoalmente. Nossa estou tãoooo animada! Aparece aqui amanhã com Alice! Beijo e boa noite.

Ir lá depois de tudo que aconteceu seria uma tortura e nem o Crowley seria tão mal assim, mas Liana merece e deixo para respondê-la mais tarde também, assim não gera perguntas desconfortáveis.

O garoto da frenteOnde histórias criam vida. Descubra agora