Parte II

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"O amor é uma flor delicada, mas é preciso ter coragem de ir colhê-la à beira de um precipício." 

Stendhal

Estou na praia. Sozinho praticando meu mais novo hobby: o Surf. Atualmente sempre que consigo uma folga na minha agenda apertada venho para cá. Morar numa cidade litorânea tem lá suas vantagens... me sinto em sintonia com a natureza quando estou aqui. O mar parece uma extensão do seu corpo.

Hoje vim para surfar, mas está muito difícil... os pensamentos voam direto para Laila, sempre para ela. Amo vir à praia, em especial nessa por causa de algumas rochas que formam verdadeiros paredões, para surfar, ver as ondar quebrarem nas rochas e ver o pôr-do-sol, e venho especialmente para pensar...

Namorar novamente, mesmo que de fachada, não é lá muito legal quando outra pessoa sofre constantemente devido a isso. Dá para ver no semblante de Laila que não está sendo fácil. Vejo o risco de dor que corta o rosto dela todas as vezes que chego ou saiu daqui de casa com Bárbara, o sorriso falso e duro que ela me lança quando falo com ela, o engasgar e em seguida a rouquidão para me responder. Tudo isso é meio palpável.

E ainda por cima tendo a família problemática que ela tem.
Segundo meu pai, o pai dela, o senhor Eduardo, bebeu demais novamente nesse final de semana, mal se segurava em pé e fez o maior barraco ao chegar em casa. Quebrou algumas coisas e berrou aos quatro ventos milhares de xingamentos.

Tristeza se assolou em mim ao saber desse fato. Laila não merece passar por isso. Uma menina tão meiga e pequena. Parte o coração saber que ela suporta tudo isso e muito mais e eu ainda jogo mais um fardo sobre seus pequenos ombros.

Realmente sou um monstro, sem coração, mas não dá para voltar atrás. O que está feito não pode ser desfeito. Laila vai superar logo e vai me esquecer. Ela merece isso... Ser feliz. Comigo ela jamais seria. Sou imperfeito demais, complicado e até covarde demais.

O tempo é o melhor cardiologista do mundo. Ele vai fazer a dor no peito dela e no meu parar por completo um dia. Ela vai achar alguém que a entenda, a complete e a ame como tem que ser. E um dia eu vou superar as feridas, deixar de ser covarde com medo de me entregar novamente evou perder essa besteira de querer sempre estar acompanhado sem ter sentimentos. Essa frieza um dia vai passar. 

Nós merecemos isso.
Eu não muito, mas ela sim.

Fazendo essa conclusão, levanto da areia molhada, me sacudo pra tirar um pouco dela e do sal do meu corpo, pego minha prancha e me dirijo ao meu carro. Agora é voltar para a rotina e esperar por mais um dia de folga para voltar para esse paraíso.

A correria do dia-a-dia está me sufocando cada dia mais

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A correria do dia-a-dia está me sufocando cada dia mais. Minha rotina já está tediosa e incrivelmente cansativa, mas tudo isso tem um proposito: passar em Eng. Civil. Meu sonho desde sempre e que está tão perto de ser alcançado. Em pouco tempo a prova mais importante da vida de qualquer estudante vai ser realizada e eu estou me preparando de forma incessante para conseguir com êxito o que tanto almejo.

Meus dias se resumem a:

§ Pela manhã: Aula das 07h20min à 12h00min;

· 12h10min à 13h40min pausa para almoço e descanso.

§ Pela tarde: Aula das 14h00min à 17h30min;

· 17h40min à 19h40min pausa para jantar, cochilar e jogar.

§ Pela noite: Aula para reforço das 20h00min à 22h00min.

· 22h10min à 23h00min fazer atividades e/ou trabalhos e depois disso dormir.

Cansativo ultimamente é meu nome do meio. Tenho tempo para pensar em nada além de estudar.

Não vejo Laila desde o ocorrido e isso faz umas duas semanas. Sei que a agenda dela também está puxada. Ela também está se esforçando muito. Nem Babi eu vejo, só na escola, mas muito rapidamente.

Hoje mesmo quando estava de saída, algumas amigas dela estavam entrando em sua casa. Fiquei animado esperando vê-la, mas quem abriu a porta foi à senhora Isabel, sua mãe. Uma mulher que é muito bonita como Laila e bem jovem.

A cumprimentei de longe e ela sorriu e acenou, olhei para as meninas e logo confusão se estampou no meu rosto. Todas me olhavam com um olhar assassino no rosto. Uma delas, acho que Lili, falou propositalmente o nome "BABACA" alto e tossiu levemente algumas vezes. As outras assentiram e entraram silenciosamente dentro da casa. A senhora Isabel também ficou sem entender e entrou atrás delas me dando apenas um jogar de ombros e um meio sorriso de apoio.

Laila me falava muito de suas amigas e não precisava conhecê-las pessoalmente para saber quem era quem. A mais marrenta e protetora era a Lili, a que já percebi claramente ambas as características. Emily era a espertinha e sarcástica. Joana a meiga e tímida. Leonor a otimista e confiante. Bia (prima) a bruta e companheira. Alice (irmã) a carinhosa e amistosa.

Percebi nesse momento que aquele ciclo de amizade era firme e forte. Elas realmente se amavam e admirei isso. Ter pessoas ao redor de Laila é fundamental. Ela é a fiel e romântica do grupo, anda sempre nos contos de fadas com Joana a seguindo logo atrás. Ela precisa de portos seguros como os que ela tem com essas amizades.

Com toda a certeza isso vai ser vital em fazer com que ela evite os sapos que ela encontrará no caminho. Ou os babacas como Lili colocou carinhosamente.

O garoto da frenteOnde histórias criam vida. Descubra agora