Parte - III

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"Quando os ventos de mudança sopram, umas pessoas levantam barreiras, outras constroem moinhos de vento."

Érico Veríssimo


Durante esses meses namorando Jorge, bastantes coisas aconteceram e bastantes coisas mudaram... Logo de início e de cara a mudança mais marcante foi a do meu pai.

Ele é um cara de tamanho médio, olhos castanhos e cabelos negros como os meus, mas gera um contraste com os fios brancos que vieram com a idade. Tem o corpo meio que em forma, já que tem um trabalho manual. Quando está na fase sóbria ele é um cara legal, um pai carinhoso e brincalhão como também um marido atencioso. Mas quando está na fase de bêbado, bem, é um inferno. Já perdi as contas de quantos tapas ele me deu, assim com em minha irmã e em minha mãe. Já me expulsou de casa em algumas dessas vezes e tudo o mais. O homem se transforma completamente em um monstro.

Já cansei de pedir para minha mãe divorciar-se dele. No inicio doía como o inferno, mas com o tempo me acostumei. Ela não pediu o divórcio e assim continuou a baixaria... Ele quebrava alguns moveis e eletrodomésticos da casa, assim como portas e janelas de vidro. No outro dia vinha com bilhões de desculpas e como quem ama sempre o dava uma segunda chance.

Mas depois do almoço de oficialização de namoro na casa de Jorge com seus pais tudo mudou... Vou contar como tudo aconteceu:

Depois do almoço com nossos amigos e o pedido, Jorge pediu que levasse minha família no dia seguinte ao meio-dia para um almoço de oficialização. Eu logo ao chegar em casa já coloquei todos a par da situação para que meus pais não fosse pego de surpresa.

O outro dia chegou rápido e logo estávamos no carro de meu pai e seguimos para o centro da cidade. O almoço seria na casa central, não na casa de praia, que como a outra é simplesmente linda! Tem uma arquitetura barroca belíssima, com um lindo tom de rosa bebê e branco gelo nas paredes. Logo ao ver por fora é notável que por dentro seria outra maravilha.

A mãe de Jorge, a senhora Thaís, é uma arquiteta e restauradora incrível, ela também é sócia minoritária na loja da mãe de Alê. Então dá para ter uma ideia de como seria o imóvel por dentro. Parecia um museu com móveis de madeira, lustres e castiçais, mas eram harmonizados com móveis modernos e inovadores. Coisa de babar mesmo!

Sinto-me deslocada ao ser recepcionada por um homem, que parece ser um mordomo ou algo assim. Minha família também está assim, já que somos da classe média baixa.

Mas logo Jorge desce a escadaria longa que está localizada no conto da grande sala, minha barriga falta é se rasgar com tantas borboletas que rebelaram somente ao vê-lo. Logo ele está com a mão firmemente pregada a minha cintura dando um leve beijo na minha testa, cumprimentando meus pais e bagunçando o cabelo da Alice em seguida, ele simplesmente ama fazer isso e falto é enfartar, mas tudo bem, apesar de ficar parecendo uma bruxa. Alice mostra a língua para ele com uma careta, minha mãe é um doce com ele, como sempre, e papai é firme, mas vi que gostou de Jorge.

Acomodamo-nos no lindo sofá negro na sala e estávamos num papo legal e descontraído, meu pai até ria, nesse momento entra pela passagem da sala para a sala de jantar uma linda mulher de cabelos na altura dos ombros louros e olhos verdes esmeraldas que conheceria de longe. Vestia um vestido branco batendo no joelho com um decote em "V" com sandálias com um saltinho cor creme. Ela é alta para mim, mas deveria ter a altura média das mulheres brasileiras. A pele branquinha, com uma leve maquiagem e um sorriso deslumbrante repuxando os lábios. Ao lado dele com a mão sobre seus ombros havia um homem, que se Jorge não estivesse ao meu lado juraria que era ele. O homem, que é claro ser pai dele, o Sr. Augusto é como o filho, apesar de aparentar ser bem mais velhos, devido aos cabelos grisalhos que maculavam seus cabelos escuros. É alto, deveria ter quase uns dois metros, corpo forte, mas os olhos são castanhos claros.

O garoto da frenteOnde histórias criam vida. Descubra agora