Alê - Parte I

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"Amar? Para quê? Por um tempo, não vale a pena. / E, para sempre, é impossível."

Alexander Pushkin


Nunca imaginei, depois da minha onda machão pegador, que sentiria tanto por ser quem eu havia me tornado. Chegava a ser quase nojo.

Após o acontecido com Laila, ela se tornou a pessoa mais fria que já vi.

Podia ver que seus olhos ainda iluminavam-se a me ver, eles me acompanhavam. Eu podia senti-los me secando. Mas sei que ela jamais se envolveria comigo novamente. O que fiz com ela não se podia fazer nem com a pior de todas as mulheres.

Ainda mais pela mais doce e meiga de todas... Laila, minha eterna Laila.

Posso senti-la em meus braços ainda, posso sentir seu cheiro em meu quarto. Seus lábios levemente carnudos e sua pequena boca tentando e conseguindo com louvor me corresponder depois de tê-la puxado para um beijo.

Seu corpinho pequeno abaixo do meu. Suas curvas flexíveis e esbeltas. Seu cabelo sedoso e macio.

Não pude me refrear quando após nossa guerra de cocegas, ela se menosprezou devido seu peso. Seus olhos ainda brilhantes estavam levemente tristes e sua boca estava entreaberta para puxar mais ar aos pulmões, já que teve que se esforçar muito em fazer cocegas em mim. Os cabelos espalhados por seu rosto e cama, todos desalinhos, mas tão lindos. Quando a chamei brincando de gorda não esperei por uma reação de negação, já sabia o que diria. Eu simplesmente agi por impulso e sei que deveria ter me refreado.

Mal consegui dormir aquela noite, queria continuar a abraçando para sempre. Mas quando esses pensamentos de novamente me prender passou pela minha mente eu tive que dar para traz. Não queria aquilo para mim novamente, mas não precisava ser tão cruel com ela assim.

Eu não quero algo serio, mas eu poderia ter agido de outro modo. Apesar de só termo nos beijado, eu sei que doeu como o inferno o que fiz...

Ela nutri sentimentos por mim assim como eu por ela. O diferencial é que não quero me envolver, enquanto ela está de braços abertos.

Destruí o coraçãozinho doce dela da pior forma. Dei-lhe amor e ao mesmo tempo dor.

Não havia planejado o que aconteceu, não sou cruel a esse ponto. Simplesmente aconteceu de Maira aparecer aqui em casa para "estudar". Não podia negar, não sendo o que sou.

Fiquei na área da minha casa me auto- flagelando com o que poderia ter feito em vez disso, enquanto ouvia seus gritos roucos e frases quebradas.

- E...u não a...cre...dito! Não! Não, não, não, não.

Ela entoava aquilo como um mantra. Jamais esquecerei o rosto dela, o jeito que ela falou comigo quando caminhei até ela. Por fora ela estava limpa, polida, até mesmo calma. Mas por dentro... Eu coloquei o inferno para fora dela.

Um monstro é isso que sou. Ela merece alguém melhor...

Infinitamente melhor.

O garoto da frenteOnde histórias criam vida. Descubra agora