O garoto da frente

Jorge - Parte I

"Mais importante do que ter uma vida boa, é ser bom durante a vida."

Vilmar Becker

Acordo tarde, já que ainda estou de férias esperando o resultado da prova que havíamos feito há cinco meses. O resultado deve sair próxima semana e estou muito ansioso já que ela decidirá meu futuro, praticamente... Mas enfim, o final de semana foi muito bom, como todos que vou para a fazenda. Sinto-me em paz lá, mesmo podendo ir à praia sempre que quiser, mas é o campo que me atrai e conforta.

Basicamente, eu, papai e Nico passamos a sexta até o domingo a noite lá. Mamãe não foi conosco devido a um trabalho que tinha que concluir, mas acabou ficando mais pela tia Graça... Soube sábado à noite, queria ter estado junto com eles nesse momento, mas fizemos o de costume. Eu e minha japinha andávamos a cavalo, o Barão e a Luna, pela propriedade enquanto papai resolvia alguns problemas, mas logo se juntava a nós.

Estar perto dos animais, alimenta-los, brincar com eles e sentir aquele cheirinho de mato e a tranquilidade, nossa! Não tem preço. Só não fico lá minhas férias todas, por causa de Laila... Não consigo fica muitos dias longe dela, então, estou morto de saudades.

A primeira coisa que fiz assim que cheguei em casa foi enviar-lhe uma mensagem instantânea. Queria muito conversar com ela sobre umas coisas que minha mãe andou observando e dividiu comigo por uma conversa ao telefone enquanto não estava rodando pela propriedade com meu cavalo.

Apesar de ter soado meio mega urgente, a conversa não é nada muito grave. É sobre Alê, mas deixo para pensar nisso mais tarde quando for ver Laila, já que acabei de acordar na casa da cidade e estou morto de fome.

Tomo uma ducha rápida e visto somente meu short xadrez de dormir limpo sem camisa. Desço a escadaria até a sala e me dirijo rapidamente à cozinha branca de ofuscar onde estava Zélia, a mulher que trabalhava há muitos anos para minha família. Logo ao vê-la em pé a frente do fogo mexendo nas panelas eu a abraço por traz e lhe dou um beijo. Trato-a como uma mãezona, já que ela cuidava de mim quando minha mãe não estava me observando com olhos de águia dela.

- Bom dia dorminhoco! – Diz ela sorrindo virando para mim apertando minha bochecha - Quer comer não é?

Nem preciso responder, já que minha barriga começou a roncar alto como um trovão.

- Ah! Claro que sim. – Conclui sorrindo.

Ela preparou rapidamente um suco e sanduíche para enganar a fome até o almoço já que estava próximo e eu teria que comer novamente. Meus pais se irritariam por não querer fazer a refeição. Apesar de terem muitos bens hoje, eles vieram de "baixo" e valorizam tudo o que tem e nos ensina a valorizar também.

Como devagar aproveitando a delicia que Zélia fez e quando vejo já havia terminado tudo. Agradecendo a ela e volto ao meu quarto, me conecto em uma rede social e vejo que Laila está online. Mal carregou a página e ela já me faz uma chamada de vídeo que com certeza atendo como o Flash.

A tela do meu notebook é tomada pelo seu rosto lindo e seu cabelo negro preso em um coque alto, o sorriso se alargando e pelo que vejo pelo pedaço que aparece de sua roupa ela também acordou recentemente, já que é parte de seu baby doll preferido.

- Oi amor.

- Oi pequena, que saudade de ver você.

- Que lindo. – Diz ela ficando envergonhada. – Também estava com saudades. Como foi na fazenda?

- Foi tudo ótimo! Sabe como amo estar lá com os cavalos e a natureza. Você iria adorar, sei bem. Que acha de ir um dia? Na verdade, vamos todos! Sei que os nossos amigos apareceriam lá de qualquer forma. – Digo o óbvio.