Parte II

10.7K 774 54
                                    


"Eu sabia que você era idiota, mas não a nível executivo!"

Seu Madruga 

Sai da casa dele na calada da noite, creio que duas ou quase três da madrugada. Alê me acompanhou até a porta da minha casa e beijou calorosamente minha testa, bagunçando meu cabelo ainda mais em seguida.

Entrei e segurei a porta aberta olhando para ele se dirigir rapidamente para onde acabamos de sair. Quando ele já estava do lado de dentro da sua própria casa ficou me encarando, mostrei a língua para ele que sorriu largamente e fechei a porta com o sorriso do Gato de Cheshire    .

Meus pais dormiam um sono pesado em seu quarto, enquanto minha irmã e Bia me aguardavam, assim como minha cadelinha, Violeta. Esperavam-me no quarto e me bombardearam de perguntas ao adentrá-lo. Minhas outras amigas já fizeram logo uma vídeoconferência para saberem de tudo também.

Todas nós esperávamos ansiosamente por esse dia perfeito.

Contei tudo a elas em seus mínimos detalhes, não por ser fofoqueira, mas por não aguentar em mim tanta felicidade e jubilo e querer compartilhar aquilo com alguém. . E convenhamos, amiga que é amiga conta tudo!

Não dormi bem aquela noite, já que não paravam de imaginar a boca dele na minha, meu corpo formigava pelos seus toques e a falta deles... Se pudesse teria dormido com ele. Queria saber a sensação de dormir e acordar com quem amo! Mas me acho muito nova e creio que não iria querer somente dormir.


Ao acordar, realizei meus afazeres íntimos e domésticos, bem como educacionais de forma elétrica. Parecia que havia passado a noite bebendo energéticos...

De forma lenta e penosa o dia passou e era finalmente fim detarde, meu coração agora estava inquieto por antecipação... mas nenhuma mensagem dele, nenhum sinal de vida.


- Ei Laila! Relaxa, tu sabe que o Alê é preguiçoso. Deve estar dormindo ainda. – Alice disse para me animar. Bia apenas assentiu sem colocar muita fé nisso. Nossa prima não é lá muito otimista, assim como eu.

- Vem, vamos sentar na porta e relaxar. Ele vai te procurar! – Bia exclama e não sei se foi apenas isso ou um pedido a Deus.


Mas decidi ir sentar na porta com elas. Colocamos as cadeiras e Violeta veio pulando junto. Ao sentarmos na porta de casa, algo que sempre fazíamos, o que vi não era bem o que almejava. Era o inferno. E eu queria que se abrisse uma cratera em baixo dos meus pés, ou um meteoro viesse a toda velocidade e destruísse tudo que estava vendo.

Infelizmente nenhum dos dois aconteceu e tive que ficar com uma cara de paisagem a cena que se desenrolava em minha frente. Podia ver pelo canto dos olhos Alice e Bia petrificadas em meus flancos.

Da porta que em contadas horas havia eu passado, outra mulher saia. E não, não era a mãe dele, a senhora Graça. Ou alguma tia, ou prima. Era simplesmente uma morena alta e de corpo incrível, os cabelos cacheados pendendo até o meio das costas e logo atrás dela um Alexandre muito risonho. Não o vi em nenhum momento titubear ao ver-nos mumificadas do outro lado da rua.

Se pudesse me teletransportar esse seria o momento perfeito.

Durante meu momento contemplativo à cena de terror que acontecia a minha frente, uma moto chegou com mais duas mulheres, no primeiro momento implorei novamente para a cratera se abrir mesmo abaixo de mim e o sentimento perdurou, a menina subiu no aperto da moto e seguiu viagem (Amém), até Alê caminhar calmamente até a calçada da minha casa e falar calmamente, lindamente comigo, como se não houvesse nada de errado.

Maldito!

- Olá senhoritas? Como vão? – Pergunta como se fosse normal a cena que se desenrolou a poucos segundos atrás.

- Ah, claro que sim. – Respondo com a voz firme e até me assusto. Porque por dentro estou devastada.

As meninas respondem e logo ele volta para sua casa, dizendo ele, para estudar.

- Ah Laila, você nem se abateu! Nossa, não imagina como estou feliz com isso. – Bia diz sorrindo e passando a mão pelos cabelos ondulados. Alice confirma e é nesse momento que quebro.

Não tinha porque esconder mais. O soluço sai estrangulado e uma bola de golfe parece ter misteriosamente aparecido na minha garganta. A dor me fazia tremer dos pés à cabeça.

Com a mão no rosto tentando segurar o choro, mesmo já chorando, corro para meu quarto e me tranco lá, me rendendo ao que estava tentando me matar. 

O garoto da frenteOnde histórias criam vida. Descubra agora