Parte II

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"É melhor estar triste com amor, do que alegre sem ele."

Johann Goethe


Depois que Laila se foi e Jorge voltou ao esconderijo entre as rochas, minha mente maquinava o que falar para ele.

O mesmo estava dobrando o coberto que estava sentado com ela muito calmamente, mas eu o conheço, apesar de por fora estar calmo por dentro o Incrível Huck queria esmagar algo, ou melhor, alguém.

Ao terminar o processo parecia que havia passado horas, o silêncio era constrangedor. As ondas quebravam nas rochas ao redor e o vento as açoitavam também, ao longe se ouvia a batida forte do Dj.

Ele guarda o cobertor entre uma fenda grande na rocha e logo está na minha frente, as mãos serradas e o maxilar trincado, exatamente como eu estava há poucos minutos atrás... Ele levanta o grande braço em minha direção e fecho os olhos, penso que vai me esmurrar como faz com os sacos de boxe na sala de musculação de sua casa, mas ele somente coloca a mão sobre meu ombro aperta um pouco e diz com a voz contida:

- Vamos lá, o que você quer?! O que de tão importante aconteceu para você vir aqui estragar tudo entre mim e Laila? – Indaga calmamente.

Penso um pouco para responder e ele me olha pacientemente dando um leve pigarro. Fecho novamente os olhos com força dessa vez e começo a falar tudo que tinha contido no meu coração:

- Jorge é o seguinte: Eu tinha Laila em minhas mãos e a deixei ir, e isso foi de longe à coisa mais idiota, egoísta, estupida, burra e inconsequente que já fiz na vida e vou me arrepender amargamente por tê-la deixado e a feito sofrer de proposito, ainda. Fui o maior covarde, eu admito e isso dói como o inferno dentro de mim... - Respiro fundo e continuo: - E estou aqui lhe avisando que vou lutar por ela com você e com quem mais aparecer! Lutarei até o fim, até o momento que ela diga que não me quer nunca mais e creio que até assim não desistirei. Eu a amo mais que tudo e o que mais dói foi perceber isso tudo tão tardiamente... Jamais me perdoarei por isso. Espero que ela me receba, não de braços abertos, porque Laila não é idiota, mas vou provar para ela que realmente sou digno do seu amor e que a farei imensamente como ela me fará se me aceitar novamente em sua vida como seu amor e não somente como um amigo ou um vizinho qualquer.

Mas em vez de dizer tudo isso, que era o que realmente queria dizer, eu apenas digo:

- Jorge eu sei que você deve ter percebido algo no meu encontro com Laila naquela hora que nos encontramos, a tensão era meio palpável...

- Sim eu percebi... Você a fez sofrer! –Constata.

- Eu sei e me arrependo por isso... Ela é minha vizinha e uma ótima amiga, mas só gosto dela assim e ela foi mais além, não consigo retribuir. Tu sabes como sou! – Digo dando de ombros forçadamente e sentindo um gosto amargo na boca, é péssimo ter que me desfazer em voz alta de Laila. – Mas apesar do que fiz eu quero pedir a você que realmente cuide dela e não a engane, ela aparenta ser frágil, mas é bem forte, contudo ela já tem coisas demais a se preocupar... Não coloque mais um fardo pesado demais sobre ela. Eu gosto dela, é minha amiga afinal e eu te arrebentarei se a fizer sofrer, como eu fiz, infelizmente... – Finalizo com um peso sobre os ombros e uma bola de golfe na garganta.

- Ah cara, relaxa! Ainda estamos nos conhecendo.Ela é diferente, não sei como você não notou... Ela é incrível. É especial ejamais magoaria uma pessoa assim. Não se preocupe se formos em frente com algumrelacionamento a última coisa que faria com ela seria feri-la. Você sabe comosou. Eu curto, mas não magoo, pelo menos não de propósito. – Ele diz mecutucando e penso que eu notei tudo isso, mas em vez de trazê-la para perto, eua afastei... E a magoei – Estou passando por um momento de transição e de certaforma aceitação, ela vai me ajudar a passar por isso, eu sinto. Mas você estáparecendo àqueles paizões (gargalhada) de onde veio isso? – Indaga mudando logode conversa antes que eu pergunte mais sobre isso e nem penso em investigar, quandoele estiver com vontade ele irá falar. 

- Oh cara – Bato com força no braço dele – Eu conheço a realidade dela, se pudesse voltar atrás eu mudaria meu jeito de dispensá-la – Não a dispensando, penso – Mas como não posso eu estou tentando empatar de isso ocorrer novamente...  

- Muito bonito isso Alê, nem parece você, mas gostei disso. E Babi? Como estão? Nem estamos nos falando muito. Vocês estão há quanto tempo juntos mesmo? – Pergunta interessado e parece ter me perdoado pelo que fiz.

Um bolo do tamanho de uma bola de golfe se formou em minha garganta novamente. Eu queria dizer tudo o que imaginei de principio, mas não pude fazer aquilo... Jorge é um galinha, não como eu, mas é. Entretanto, vi brilho em seu olhar ao falar de Laila, ele a faria feliz muito mais que eu. Então começo a responder suas perguntas que já havia ensaiado e repetido várias vezes para outras pessoas.

Eu já tive minha chance... Tenho que deixá-la ter a chance dela também, só que com outra pessoa.




O garoto da frenteOnde histórias criam vida. Descubra agora